Capítulo XI - O sonho

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Sentindo um peso sobre minha cintura e costas abro meus olhos rapidamente.

Sua mão estava pousada em minha cintura e sua respiração estava tranquila, arrepiando levemente os pequenos fios de cabelo perto de minha orelha.

Com o rosto já pegando fogo de vergonha me viro lentamente para o encarar. Seu rosto impecável em descanso ainda deixava claro sua rigidez. Seu maxilar perfeito e sua feição brava ainda era um motivo que me intrigava, pois apesar de tudo o que houve nada justificaria ele estar bravo dormindo. Mas a pergunta que mais me incomodava era: que raios estava fazendo na mesma cama que eu?

Seu corpo incrivelmente quente me dava um conforto ao qual nunca recebi, e então lutando contra meu próprio pensamento levei minha mão ao seu cabelo bagunçado que mesmo com seus fios escuros e rebeldes ainda dava o ar necessário de seriedade para o dono.

Descendo minha mão para seus lábios faço o caminho entre as linhas que formavam uma visão impressionante. Seus finos lábios já tinham desde cedo minha total atenção.

Não sabendo ao certo o intuito de minhas ações me afasto de leve, e notando a ruga que se formava lentamente à cima da sobrancelha de Philipe me desespero. Seus olhos aos poucos vão se abrindo, e quando me encara completamente me sinto como uma criança que fez uma das artes as quais seus pais abominam.

— Posso saber porque está incrivelmente vermelha? — Pergunta com as sobrancelhas levantadas e seu olhar de repreensão.

— Então se é para ser sincera — Digo desafiadora — Posso saber o que você está fazendo na minha cama?

— Ah! Sobre isso — Disse tranquilamente.

— Sim, sobre isso mesmo! — Me levantando puxo uma das cobertas para me enrolar, não tinha ideia do frio até sair da cama.

— Vejo que entendeu agora — Com muita preguiça me encara — Mesmo com todos os lençóis e cobertas improvisadas não era possível para seu corpo parar de tremer. Então como não tinha outra opção, decidi me deitar e te aquecer, já que eu não sinto frio — E como se estivesse se corrigindo mentalmente terminou de se explicar — Eu não sinto muito frio.

— Ah! — O olho desconfiada cruzando os braços, mas quando iria questionar de sua correção, ele muda de assunto.

— Mas a senhorita não me explicou o porquê estava com as mãos em meus lábios — Agora ferrou.

— Eu achei que... — Desviando o olhar do seu acabo me atrapalhando em minhas próprias palavras — Bem, achei que tinha sujado.

Me aproximo dele e olhando em seus olhos limpo a "sujeira" em seus lábios. E sem mais delongas solto o ar que nem mesmo sabia que estava prendendo. O campo de visão ficando vermelho, seus lábios sendo alvo de meu olhar.

— Eu não faço a mínima ideia do porque eles me atraem tanto — Digo em meus pensamentos.

Ora Liane, sabes muito bem porque, não vai me dizer que se sente ameaçada perto dele?! Pelo contrário, tudo te puxa, nem mesmo os erros se fazem presente. Até porque é um erro você querer que ele desonre seu compromisso.

E foi como um golpe de vista, quando estava prestes a me aproximar mais ainda para sanar minhas dúvidas e exigir uma explicação de meus sentimentos, me lembrei.

Ele tem compromisso, eu seria quem atrapalharia sua vida, uma mera camponesa.

Meu olhar voltou ao normal e me senti sozinha novamente, voltando para trás lentamente parei e encarei o chão absorta em meus pensamentos.

— O que houve? — Ele se aproxima de mim com a confusão estampada em seus olhos — foi uma brincadeira, fiz algo de errado?

— Sim você fez — Digo dura — Você não devia ter dormido comigo, mesmo que fosse para me ajudar. Honre sua palavra.

A CamponesaOnde histórias criam vida. Descubra agora