SHAMELESS

Capítulo: 10

?

BOA LEITUREIXON

POV Austin Mahone

- Vai demorar muito? - Perguntei, a ansiedade evidente em cada palavra. Lauren estava febril e o suor misturava-se com o sangue que ainda escorria de seus ferimentos.

- Estamos quase lá. - Demi respondeu, seu tom carregado de tensão. O carro balançava nas irregularidades da estrada e a luz dos faróis lançava sombras distorcidas nas árvores ao lado. - Por enquanto cubra-a. Isso é devido às feridas. - Ela virou para uma entrada de floresta, e o ambiente ao redor parecia engolir a luz da noite.

Lauren começou a resmungar, o som abafado por sua febre alta. Olhei para Demi, que mantinha sua atenção fixa na estrada. Eu precisava aliviar a dor de Lauren sem revelar meu disfarce, então recorri à magia.

- ມະລາຍຫາຍໄປ, ເຈັບປວດ, ມະລາຍຫາຍໄປຄວາມເຈັບປວດ (Ma lai haipai chebpuad ma lai haipai khuaamchebpuad) - Sussurrei em Laosiano, segurando a mão de Lauren. Sentia o corpo dela relaxar gradualmente, um efeito calmante que eu esperava ser temporariamente eficaz.

Chegamos a uma rua cada vez mais escura e, finalmente, a uma placa sinistra que dizia “Floresta Negra – Proibido Entrar”. O ambiente se tornava mais opressor a cada metro, e a sensação de que algo estava errado era palpável.

- Venha! - Demi comandou, sua voz ecoando na quietude ameaçadora da floresta. A placa de advertência estava coberta de musgo, e o caminho se estreitava com as árvores se fechando ao nosso redor.

Andamos por um curto período, cada passo ecoando na escuridão. A floresta parecia quase viva, com os galhos e folhas sussurrando segredos antigos. Finalmente, avistamos uma pequena clareira e, além dela, uma cabana parcialmente oculta pelas árvores, com uma escada de madeira envelhecida que parecia estar à beira do colapso.

Demi abriu a porta da cabana com um rangido que cortou o silêncio, e o interior era um contraste perturbador com a escuridão externa. O cheiro de incenso denso e uma mistura de aromas estranhos preenchia o ar, tornando a atmosfera ainda mais enigmática. O espaço era iluminado por velas que lançavam sombras tremulantes nas paredes de madeira desgastadas.

- Llegamos. - Demi disse em espanhol, sua voz soando mais calma e controlada do que o ambiente ao redor sugeria.

Ao atravessar a porta, reconheci Karla Camila. Ela estava parada perto de um altar improvisado no canto da sala, adornado com cristais e velas, criando um cenário quase ritualístico. A luz das velas lançava um brilho sobrenatural em seu rosto, e sua presença era de uma autoridade inquietante.

- Austin Carter Mahone. - Karla disse, seu tom gélido. - Filho de Lucien Fimmel, o bruxo imundo. - A repulsa em sua voz era quase palpável, como se o nome de meu pai fosse uma ofensa pessoal.

Não me deixei abalar. Coloquei Lauren cuidadosamente sobre um sofá antigo, coberto com uma manta de lã que parecia ter visto dias melhores. O sofá rangia sob o peso, e o ambiente ao redor estava repleto de móveis antigos e objetos místicos. A madeira estava coberta por uma camada de poeira, e as prateleiras estavam cheias de frascos e livros antigos.

- Vejo que há certa desavença com a minha família. - Peguei a mão de Karla e a beijei com um toque calculado de respeito. - Mas não vou aceitar comparações com minha família desprezível. Afinal, eu estou aqui e não com eles. Estou vivendo a minha própria vida ajudando aqueles que precisam. - Lancei um olhar rápido para Lauren, o sofrimento dela visível mesmo em seu estado inconsciente. - Não vim para brigas. Sei que aquilo... - Apontei para os ferimentos de Lauren. - É obra de Vedoromal. - Encarei Karla, a determinação em meus olhos.