Capítulo: 18

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A tempestade chegou, e o céu se tornou um manto negro. O vento soprava com uma força que parecia querer arrancar os telhados. A chuva torrencial, misturada com relâmpagos cortantes, se abatia sobre nós como se o próprio céu estivesse se vingando. O círculo de pedras onde Lauren, Dinah, Austin, Rose, Vero e Ally estavam reunidos parecia insignificante diante da fúria da natureza.

A superlua estava em seu auge, um evento raro que prometia um grande influxo de energia mágica. Era o momento perfeito para realizar o ritual e desbloquear o verdadeiro poder do amuleto que haviam recuperado do deserto do Atacama. As sombras dançavam ao redor dos rostos sérios dos participantes, enquanto murmuravam cânticos ancestrais, tentando canalizar a energia da lua para o amuleto.

O círculo estava decorado com runas antigas e velas acesas, seus pavios tremeluzindo ao vento cada vez mais forte. Lauren segurava o amuleto no centro do círculo, sentindo a energia pulsar através dele. Seus olhos estavam fechados, concentrando-se nas palavras do encantamento. Podia sentir o poder crescendo ao seu redor, como uma maré prestes a quebrar.

De repente, uma rajada de vento mais forte apagou algumas das velas, e a tensão no ar aumentou. A energia mágica começou a se agitar de forma caótica, como se estivesse fora de controle. Lauren tentou estabilizar o fluxo, mas algo estava errado.

– Não está funcionando! – Vero gritou, tentando reacender as velas. – Algo está interferindo!

A primeira explosão foi um golpe ensurdecedor, e a sensação de pavor tomou conta de todos no círculo. A explosão de luz emanou do amuleto, cegando todos. Lauren sentiu um puxão violento, como se estivesse sendo arrancada do chão. Gritou, mas o som se perdeu na tempestade de energia ao seu redor.

Quando a luz finalmente se dissipou, Lauren encontrou-se sozinha em um lugar completamente diferente. O ar estava frio, e ela podia ouvir o som distante de vozes e carruagens. Lentamente, levantou-se e olhou ao redor, percebendo que não estava mais no círculo de pedras.

Estava em uma rua estreita e pavimentada, cercada por edifícios antigos de pedra. O cheiro de pão fresco e fumaça enchia o ar, e uma sensação de déjà vu a invadiu. Ao longe, podia ver a silhueta de uma catedral gótica imponente.

– Onde estou? – Lauren murmurou para si mesma, tentando entender o que havia acontecido.

Uma figura encapuzada passou apressadamente por ela, e Lauren percebeu que as pessoas ao seu redor estavam vestidas com roupas de época, típicas do final da Idade Média. A realização a atingiu como um raio: havia voltado no tempo. Estava na França, em uma época de perseguição e medo.

Conforme caminhava pelas ruas, tentava pegar fragmentos de conversas para entender mais sobre onde estava e o que estava acontecendo.

– Ouvi dizer que houve outro ataque de bruxas na vila próxima – uma mulher cochichou para outra, sua voz carregada de medo. – Estão dizendo que uma praga está a caminho.

Lauren franziu a testa. Precisava se misturar e descobrir mais sobre esses ataques e como estavam ligados ao seu destino. Mas, primeiro, precisava de roupas apropriadas.

Passou por várias casas, até encontrar uma com roupas penduradas em um varal. Olhou ao redor, certificando-se de que ninguém estava por perto, e então avançou rapidamente. O varal balançava levemente ao vento, as roupas de linho e lã absorvendo a umidade do ar. Escolheu uma calça de lã escura, uma blusa simples e um par de sapatos de couro desgastado.

O coração batia acelerado enquanto pegava as roupas, dobrando-as rapidamente e escondendo-as sob seu manto. Estava prestes a sair quando ouviu passos se aproximando. Escondeu-se atrás de um barril próximo, segurando a respiração enquanto uma mulher apareceu para pegar algumas das roupas. Após alguns momentos que pareceram uma eternidade, a mulher voltou para dentro, e Lauren soltou um suspiro aliviado.

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