A Família Park Jeon

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Assim que os pais dos dois garotos me viram, eles levantaram assustados, encheram os meninos de perguntas e até mesmo xingaram... Parece que os dois viviam aprontando.
Acontece que o homem era médico e logo tratou de falar que eu não poderia continuar toda encharcada ou poderia ficar doente... Acho que eu já estava, meus poderes não tinham efeito algum.
Só que isso desencadeou uma discussão, eu ficaria com eles ou daria um jeito de me virar? Pois uma coisa era verdade, eu não sabia como voltar para casa.

— Certo. Ela estava se afogando e você. — O senhor tocou minha orelha a examinando. — A salvou, então a trouxeram para cá.
— E ela é muda. — Jimin esclareceu.
— Você deduziu isso não é, Jimin. — Jungkook o lembrou.
— Isso não importa Seung, ela não sabe como voltar para casa, precisamos abriga-la. — A senhora me olhou gentilmente.
— Joo-In, não a conhecemos. — O senhor médico se afastou de mim. — E ela parece perfeitamente bem.
— Eu acho que ela é louca.
— Jungkook! — A senhora o repreendeu. — Ela parece uma boa menina, se ela diz que não sabe como voltar para casa, não vamos simplesmente joga-la na rua.
— Estou com a mãe. — Jimin olhou para mim... Preocupado.
— Pois bem, Joon-In, vamos colocar essa estranha em nossa casa, mas não me responsabilizo por qualquer objeto roubado.

Me segurei ao máximo para não xinga-lo e dizer que não era nenhuma ladra. Olhei para a senhora Joo-In e estendi a mão para ela.

— O que precisa querida? — Ela perguntou amavelmente. — Não entendemos a língua dos surdos mas... Sabe escrever?

Assenti sorrindo. Era a primeira vez que eu sorria desde que tinha entrado nesse mundo. Céus, eu poderia sair dessa escrevendo, não podia contar que não era surda... Eles desconfiariam de mim e eu ficaria sem lugar para ficar... E eu precisava de um, por hoje a noite, para encontrar Yoongi amanhã ao nascer do sol.
Ela me trouxe uma folha branca, parecia pergaminho... Mas era menos mágico e mais... Humano. Também trouxe um material de escrita... Era uma espécie de tubo transparente e dentro alguma coisa azul. Experimentei na folha... Tinha tinta!

— Ela parece feliz em ver uma caneta. — Jungkook riu. — Sinistro.
— Ela pode ser do interior. — Jimin me defendeu.

Ignorei a risada dos dois e até mesmo dos seus pais e escrevi rapidamente um bilhete dizendo:
"Caros adultos donos dessa casa, eu não sei como voltar para casa e gostaria de poder passar ao menos uma noite aqui, amanhã pretendo encontrar meu amigo Yoongi... Viemos para cá juntos e eu não sei como voltar, apenas ele sabe. Se aceitarem posso recompensa-los depois e o meu nome é s/n. Obrigada."
Entreguei para a senhora Joo-In, minhas mãos tremiam um pouco, tinha medo que eles dissessem não e que eu ficasse naquela rua estranha.

— Seung veja, a pobrezinha está perdida. — A senhor Joo-In lamentou e lhe entregou o bilhete. — Você sabe o número de celular do seu amigo Yoongi?

Neguei com a cabeça. Não fazia ideia do que era celular, então disse que não, de qualquer forma se Yoongi tivesse o tal celular ele teria me dito há muito tempo.
Yoongi disse uma vez que poderia me encontrar em qualquer lugar, o que o levou a sumir dessa forma? Será que ele tinha mesmo morrido?
Minha visão ficou embaçada e então algo molhou meu rosto. Eu estava chorando novamente. Duas vezes em poucos minutos, isso era um recorde.

— Até eu estou com pena, talvez ela não seja má pai, talvez só seja louca. — Jungkook me encarou. — Você é louca?
— Kook, pare de dizer essas coisas! — Jimin o repreendeu e então me olhou também. — O ignore ok? Ele só fala merda.
— Olha essa boca, Park Jimin.
— Tá mãe, desculpe. — Ele sorriu. — Podem dizer o que será da garota?
— Ela fica. — O senhor Seung falou. — Por hoje e porque vocês estão pedindo.
— Ouviu s/n? Você poderá ficar.
— Mãe, ela é surda. — Jungkook riu.
— Oh... — A senhora Joo-In me encarou. — Você pode ficar querida.

Sorri e meio que por impulso levantei e dei um grande abraço nela. Ela não pareceu se importar e me abraçou também.
Isso era bom, nem todos de Avalon gostavam de abraços, ao menos não os que ficavam perto de mim, com exceção do Hoseok, claro.
Me afastei dela quando percebi que ainda estava encharcada e acabando por encharca-la também.

— Melhor trocar essa roupa já que ficará conosco. — O senhor Seung me encarou. — E meu nome é Seung, pode me chamar assim, essa é Joo-In minha esposa, e nossos filhos Jimin e Jungkook.

Sorri para mostrar que tinha entendido. A senhora Joo-In pegou minha mão.

— Vamos, vou arrumar roupas para você —. Ela era de longe a mais gentil daquela casa, quero dizer, Jimin parecia ser legal, mas eu preferia confiar mais nela. Entramos em um quarto de casal e ela me levou até o guarda-roupa. — Não tive filha, mas acho que algo meu pode lhe servir... Apesar de eu não ser tão baixa quanto você. Espero que não se sinta desconfortável sem roupas íntimas. — Ela riu e procurou alguma roupa. Roupas íntimas... Não sabia muito bem o que ela quis dizer, mas se fosse o que eu estava pensando não teria problema, eu nunca usava as tais roupas íntimas quando usava algo longo... O que eu esperava que ela me desse. Fiquei com medo de ter que usar jeans assim como os dela, mas ela me surpreendeu com um vestido longo verde e de tecido leve. — Ganhei de uma amiga quando era mais nova... Nunca usei na verdade, é verde demais para mim, mas acho que vai gostar... Você me lembra ela de certo modo —. Acho que fiz uma cara confusa pois ela riu. — Não de fisionomia, quero dizer... O jeito, não sei explicar, só a vi poucas vezes. Vem comigo —. Eu a segui até um corredor com algumas portas, passamos por duas que estavam abertas... Pareciam quartos. Ela abriu a última porta. — Esse é o banheiro, tem toalhas limpas e você pode colocar sua fantasia na pia, temos secadora, colocarei para lavar e depois secar, estará tudo pronto hoje mesmo.
— Obri... — Parei quando a vi me olhar surpresa.
— Oh querida, você tentou dizer obrigada? Posso lhe ajudar com isso, faço trabalho comunitário com cachorrinhos e crianças —. Eu estava gostando bastante da senhora Joo-In. Assenti e sorri. Apontei para o banheiro avisando que entraria para me trocar. — À vontade!

Ela sorriu e foi embora. Entrei no banheiro e fechei a porta. Eu estava com muito frio, talvez um banho quente me fizesse bem, eu teria que pedir para aquecerem água para mim... Procurei a banheira de vidro mas não encontrei, vi uma parede frágil e a abri, encontrei um espécime como uma peneira grudado à parede. Tinha uma maçaneta também, experimentei gira-la... Magicamente começou a sair água quente de lá, nunca tinha visto nada igual.
Tirei minha roupa e entrei debaixo daquelas gotas de chuva aquecidas. Será que quem fazia isso era a energia? Céus porque não usávamos energia em Avalon!?
Na verdade eu sabia o porquê, agredia a natureza demais, e nós fadas precisamos e respeitamos a natureza mais que qualquer coisa. Mesmo há vinte anos atrás não usávamos energia, por isso muitas fadas e elfos preferiam ter duas casas, uma em Avalon e outra no Além Portal.
Queria ficar por toda a eternidade naquela água boa escorrendo pelas minhas costas, eu adorava tomar banho de chuva e nunca imaginei que conseguiria fazer isso e ainda ficar quente, mas não queria que a água da família Park acabasse então tratei de terminar e me vestir.

Um Amor Mágico - Imagine JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora