10 - Festa

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Por algum motivo eu resolvi ir a tal festa, eu sabia que minha curiosidade não me deixaria em paz sem saber se iria ser boa ou não.



Não posso passar minha vida toda em casa, sou jovem e posso me divertir. Assim como todos.



Eu não achava um bicho de sete cabeças ir a uma festa, o problema é que uma festa só acontece se tiver pessoas, obviamente.



E meu problema era isso. As pessoas. Quanto mais eu interagisse com elas mais eu me envolveria, esse era meu medo. Me abrir com elas e falar sobre minha vida e do que eu gostava de fazer enquanto bebíamos algo, poderia ser um caminho sem volta.



Será que eu poderia mesmo confiar em um ser desconhecido a ponto de falar sobre minha vida pessoal, e ele, terá empatia o suficiente para deixar que nossa conversa acabe em uma mesa rodeada de bebidas.



Isso eu só iria saber se pelo menos fosse a uma, não é mesmo?.



Meus olhos emploravam para ver minha tia entrar pela porta, só assim eu poderia pedir permissão a ela para ir.



Alguns adolescentes da minha idade acha incomum pedir permissão para os responsáveis para sair. Ou por medo deles não deixarem ou por quê já se sente com maturidade suficiente para sair quando lhe dar na teia.



Eu particularmente tenho uma percepção totalmente diferente dos outros, minha tia me criou com ordens e até eu morar com ela, não importa minha idade ainda assim irei obedecer suas ordens. Ela sempre fala uma frase bem clichê "enquanto comer do meu feijão vai apanhar da minha mão" mas se parar para analizar tem que ser assim, um adolescente não pode viver em um mundo sem regras.



Não somos independentes, nossa idade não significa absolutamente nada. Se quer sair sem dar satisfação é melhor alugar uma casa para morar. Pelo menos nisso ela não pode reclamar de mim, eu me sinto uma pessoa muito responsável.



Depois de um longo tempo ouço o carro da minha tia estacionando em frente a nossa casa.



Enquanto eu à olhava pela janela conseguia ver a mulher maravilhosa que ela sempre foi, não é nada fácil deixar sua juventude para cuidar de uma criança, é muita responsabilidade, principalmente quando essa criança não é sua filha.



- será que eu posso ir para uma festa na casa de um amigo essa noite? Vai ser a noite toda. - falei pegando as sacolas de supermercado que ela carregava.



- a noite toda? Obviamente você não pode. - rebateu.



Confesso que quebrei a cara ao pensar que ela deixaria, eu tinha esquecido o quanto ela se preocupava comigo.



- por favor, meu namorado vai tá lá e tudo. - falei tentado colocar Felipe no meio para ver se amolecia o coração dela.



- não posso deixar você passar a noite fora, pode está quem tiver, você não vai!



Franzi o cenho para que ela notasse minha raiva e continuei:



- eu prometo não fazer nada de errado, confia em mim. - falei implorando quase de joelhos.



- em festas sempre tem bebidas e drogas, não irei lhe deixar ir e ponto.



Subi as escadas fazendo barulhos em cada passo que eu dava, como se tivesse em uma aula de sapateado.



Depois de uns minutos deitada na minha cama eu ouço batidas na minha porta. "toc-toc-toc" como se fosse um filme de suspense.



Era ela, minha tia. Com seu olhar de arrependimento, sempre ela fazia ele quando me magoava. Era como se fosse um "desculpas" para ela.



- olha eu irei deixar você ir. - sério? - indaguei espantada.



- sim, mas você vai me prometer que não vai usar drogas e eu lhe permito beber, mas não ao ponto de cair. - me abraçou e saiu do quarto.



Ela não era do tipo de me mimar e sempre fazer minhas vontades, mas quando dava ela gostava de arrancar um sorriso do meu rosto.



Peguei o celular e mandei uma mensagem para Zaia confirmando minha ida a festa.



Com meu banho tomado e meu cabelo ajeitado, fui escolher uma roupa. Mas não uma roupa qualquer, eu tinha que ir com A ROUPA.



Abri meu closet e puxei um vestido que ainda estava com a etiqueta, como não saia muito eu tinha várias roupas que nunca usei, no final do ano eu sempre dava uma saco cheio delas porque não me servia mais.



Coloquei um vestido preto que valorizava as curvas do meu corpo, peguei um casaco branco e coloquei em minha cintura. Fiquei em dúvida em relação ao calçado, mas logo decidi usar um tênis com meias longas.



Que mulherão eu estava, nem parece que eu era cheia de inseguranças.



Desci às escadas como se estivesse em um clipe qualquer de música pop, hoje definitivamente ninguém poderia destruir minha autoestima.



- minha filha, você pode trazer minha sobrinha de volta, você está linda! - falou minha tia que estava no final da escada.



Não sei se agradecia ou dava um tapa em suas costas, ela quer dizer que não sou bonita sempre? Espero que não!



- obrigada paixão - falei bem carinhosa com a intenção de agradá-la.



- vou pegar a chave do carro e já vamos. - disse ela que estava na cozinha.



- ok, vou pedir a localização a Bruno.



Eu sempre preferia que ela fosse me deixar, a noite eu me sentia muito desconfortável para sair com motoristas de aplicativo.



A cada quarteirão que entrávamos ela não parava de falar dando seus exaustivos conselhos. Aquilo já estava cansativo e bem chato, mas não tinha que reclamar ou então ela daria meia volta e eu iria passar a noite na minha caminha.



- se eu souber que você... - tia relaxa, eu sei me cuidar - completei.



Paramos em frente a uma casa de festa quando vejo meus amigos acenando para mim.



- se cuida e amanhã venho lhe pegar, cuidado mocinha.



- pode deixar. - desci do carro e avistei ela indo vagarosamente.



Andei com passos acelerados ao encontro de onde todos estavam. Colocava a mão em meu rosto para tampar meus olhos da claridade de várias luzes que tinha no ambiente. Havia vários adolescente em frente a casa, uns conversando e outros aos beijos.



- eu estava apostando aqui com os garotos que você iria inventar uma desculpa para não vim. - Zaia disse com seus braços cruzados e um sorriso em seu rosto.



- eu não poderia perder isso aqui por nada. - rebati ajeitando meu cabelo.



Na verdade eu sabia que não era assim, não sei por quê quando estamos com nossos amigos falamos esse tipo de coisa. Se minha tia não tivesse deixado, eu não saberia nem a cor da casa.



- não liga para ela amor, eu sabia que você daria seu jeito. - falou Felipe que sem me dar conta ele me puxa para dentro da casa.



Assim que entrei me dei conta do que minha tia havia dito sobre festas. O tanto de pessoas se drogando e bebendo eram quase incontáveis.



Eu não sabia a graça que tinha em bebidas até Felipe vim com um copo em sua mão para mim. Afinal, porque deixar passar esse momento, curtir é tudo que eu preciso e que mal tem. Que mal tem ser feliz?!


Não foi uma escolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora