Não esqueça do voto. Thankss
A cada copo que bebia de vodka, parecia rasgar tudo que poderia haver dentro de mim. Eu não estava bêbada mas poderia me considerar um pouco "melada".
Eu não bebia, não tinha costume com isso. Era notável meu não costume com bebidas, eu só colocava no copo e tomava tudo.
– Felipe pega mais vodka para mim. – pedi virando uma garrafa dentro de um copo, fazendo com quê a última gota caísse no mesmo.
– melhor da um tempo meu anjo, você está bebendo muito. – falou Felipe e esticou seus braços em seguida como se estivesse cansado.
Mesmo querendo continuar bebendo eu sabia que tinha que me controlar, não poderia passar dos meus limites.
Eu não fazia idéia que a maioria dos adolescentes da escola estariam na festa, muito menos que os "filhinhos de papai" se drogavam às escondidas.
Os mesmos pais que batiam no peito dizendo que seus filhos estudavam na melhor escola e tinham uma boa educação. Certo que eles não tem culpa dos seus filhos serem assim, mas para quê tanta soberba.
Quando dizem que quem cala a boca dos pais são os filhos não estão errados. É triste, mas é verdade.
Era perceptível que ninguém ali estava sóbrio. Uns piores que outros. Vomitavam no chão pelo excesso de álcool ou dançavam loucamente na pista de dança.
Se eu olhasse para o meu "eu" antigo eu com certeza não me encaixaria aqui. Antes eu era apenas uma adolescente que só sabia ir para casa depois da escola.
Não que eu tivesse orgulho de estar em uma mesa enchendo a cara, mas é algo novo para mim. Um mundo totalmente diferente do que eu estava acostumada a viver.
– aumenta o som DJ – uma garota que eu não sabia o nome gritou levantando sua mão para cima e apontando seu indicador para a enorme caixa de som.
Não! Definitivamente esse não era meu lugar. Eu gostava de estar aqui mas não sabia se era o correto.
O melhor disso era saber que eu estava com Felipe, estava tendo um carinho especial por ele.
Ali com a minha cabeça sobre seu colo acolchoado, eu sentia uma paz tremenda. Um sentimento que eu já tinha sentindo antes mas não sabia explicar muito bem, na verdade não sabia definir o certo. Mas logo depois entrava em uma tristeza leve ao saber que aquilo poderia ser apenas afeto, pelo fato dele ser amoroso e cuidar tão bem de mim.
– tá dormindo – Felipe indagou com as mãos em minha cabeça fazendo carícias.
– não, ainda estou acordada. – falei com meus olhos semiaberto por causa da claridade das luzes coloridas mudando às cores com frequência.
Minha voz não era mais a mesma de quando eu entrei aqui, ela estava seca e arranhada. Talvez pelo uso das bebidas.
– vamos dançar? – perguntou Felipe já se levantando e puxando meu braço.
Eu sempre dançava em meu banheiro ou em frente ao espelho, mas era diferente quando se tava rodeada de pessoas em uma festa. Mas eu só queria curtir.
A única coisa boa que aconteceu comigo depois das bebidas foi que minha insegurança foi toda embora e eu era outra pessoa.
Era gostoso sentir a música guiar meu corpo, eu me sentia leve como um algodão. Um algodão perdido no meio de tanta gente. Eu dançava mesmo não sabendo o ritmo. Puxava seus braços passando por cima da minha cabeça como se estivéssemos dançando uma música clássica.
Já era um pouco tarde quando a música parou de tocar, uma grande maioria já tinha ido embora.
Ficou um tanto de gente curtindo e inalando o ar daquele ambiente. Um ar pesado de drogas e bebidas que não se foi junto com quem às usava.
Estávamos dançando até que a música parou e Bruno subiu em cima de uma cadeira com um microfone em sua mão. Sem ninguém entender o que estava acontecendo ele resolveu quebrar o mistério:
– amigos, convido vocês para brincarmos do jogo de desafios.
Eu via esse jogo somente nos filmes ou séries, nunca tinha jogado mas conhecia as regras e como funcionava, no final dava sempre certo e como estamos na vida real não deve ser nada de mais. Afinal, é só um jogo.
– vamos brincar? – Felipe indagou olhando para mim e seu olhar estava um pouco caído e cansado.
– se você for eu vou. – sussurrei no seu ouvido.
Resolvemos sentar todos no chão para que assim fossem realizada as partidas do jogo, estavam todos bêbados, Tinha um casal deitado no chão fazendo um o travesseiro do outro.
– Podemos começar? – Zaia falou apressada.
– Não ainda falta... – avistei uma garota saindo da cozinha vindo em nossa direção, quando levantei meu olhar era ela. Soraia.
Quê? Não acredito que no meio da multidão não tinha à visto. Não me recordava que ela era da mesma sala de Bruno e com certeza ela estaria aqui.
– bem se quiserem jogar os desafios terão que ser bem pesados, quem não quiser é só se levantar e sair. – Bruno falou virando uma garrafa em sua boca.
Todos se mantiveram no seu lugar e isso era sinal que estávamos de acordo com tudo. Ou quase tudo, ele deixou claro que ninguém era obrigado, mas também se fosse jogar teria que cumprir com os desafios, "ou joga direito ou sai" esse era seu dilema.
Eu tinha medo do final disso tudo, medo de onde eu iria me meter entrando nesse jogo tentador, era evidente que eu não estava tão bem, a bebida já tinha tomado conta de mim e de uma boa parte do meu psicológico.
Entrando para esse jogo eu poderia acabar com a minha reputação na escola de "menina indefesa". Será que o final seria trágico igual os filmes, ou eu só estou imaginando coisas enquanto sinto meu corpo abatido e frágil.
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Não foi uma escolha
Ficção AdolescenteNo auge da adolescência, Leslie se vê encurralada em vários conflitos, essa história aborda de forma explícita o amadurecimento da menina de 17 anos, diante da sua orientação sexual.