15 - Querer e conseguir

184 19 6
                                    

    Ps: adicione a história na sua biblioteca, assim nunca perde as atualizações.

                        ***

Para um relacionamento dar certo os dois tem que lutar por isso! O "amor" começa pelos detalhes e acaba pelo mesmo motivo, eu estava mantendo para ver até onde iria dar. Mas na real não tinha química entre nós, ele não era meu verdadeiro amor, por mais que o mesmo fosse uma ótima pessoa não era o que eu queria para mim.

Felipe não fez nada de tão grave, qual era o real motivo para eu querer provocar uma discussão. Não sou das que se julga pelos erros dos outros mas também sei reconhecer os meus.

Eu que pedi ele em namoro, eu que procurei esse relacionamento. Não que eu tivesse que aguentar tudo, mas e quando o "tudo" não se refere a absolutamente nada. Se parar para pensar ele só queria sair comigo.

Talvez eu só estivesse arranjando motivos para jogar tudo para cima e falar que acabou, mas não pode ser assim, não desse jeito. Ele também tem sentimentos, eu não posso chegar para ele e falar que simplemente acabou. Se eu quero terminar tenho que fazer pelo menos do jeito certo. Ele não é minhas unhas postiças que eu uso e depois jogo fora.

Possa ser que eu tenha me arrependido de ter entrado nessa, mas da mesma maneira que eu soube entrar eu terei que saber sair, sem magoar e deixar feridas. Felipe é um cara maneiro e sempre faz de tudo para me agradar, mas eu também mereço ser feliz.

Muitos dizem que não devemos desistir da luta sem nem ter começado a guerra, mas e quando você percebe que não vale a pena lutar por algo que no final você sabe que um dos dois irá sair ferido. Se é que eu poderia usar esse termo para encaixar de certa forma na minha vida amorosa.

Olhava o ponteiro do relógio girando sentindo horário e cada "tuc-tuc" que ele fazia. Eu pude perceber que o motivo pelo qual eu quis entrar nesse relacionamento foi para me sentir igual aos outros.

Eu queria ser uma pessoa que na real era impossível, e para confortar meu psicológico eu resolvi entrar em uma cilada na qual eu não sabia qual era o caminho de volta.

Será que vale a pena eu esconder minha sexualidade a vida toda para satisfazer uma sociedade opressora e preconceituosa. E eu? Quando eu irei me satisfazer? Cadê as frases feitas que eu usava para militar quando o assunto era felicidade.

Coloquei apenas uma blusa de mangas longas por cima do meu sutiã e decidi sair para raciocinar melhor. Eu sempre dizia que a natureza nos dar paz e era isso que eu precisava, paz. Desci às escadas e calcei minhas sandálias que estavam próximo do sofá.

Andava vagarosamente em uma rua não muito ensolarada pelo fato de uma nuvem cobrir todo o céu, mas não estava com clima de chover, eu diria que hoje não estava frio muito menos calor. A cada passo que eu dava mil pensamentos vinham a tona como um espiral.

Olhei para o lado e tinha uma senhora tentando atravessar a rua com uma pequena bengala de pau, e todas as pessoas que estavam a sua volta nem se quer se deram o trabalho de pergunta se ela precisava de ajuda, eles nem se quer imagina que a maioria dos idosos são abandonados pelos filhos ingratos.

– precisa de alguma ajuda? – perguntei já perto da senhora segurando seu braço.

Olhando seus olhos enrugados e seu rosto com várias marcas de expressão, era perceptível que ela estava bastante idosa para sair na rua sozinha. Sua pele era branca e com muitas manchas.

– oi. – sua voz era baixa mas audível – só queria ir ali no mercado para fazer umas pequenas compras.

– a senhora não tem ninguém para vim fazer? – indaguei enquanto ela amarrava seu cabelo grisalho com um pequeno elástico.

– sou viúva e meus filhos... – deu uma pausa e continuou – moram longe.

Era notável a tristeza em suas palavras, como se ela sentisse falta de seus filhos, é muito doloroso pensar que ela cuidou dos filhos a vida toda para na hora que ela mais precisar eles estarem longe. É nessas horas que eu mais sinto falta da minha mãe, eu só queria tê-la por perto para cuidar, e nunca, mais nunca deixar que ela passasse por tal situação.

Ficamos ali uns 5 minutos no meio da multidão e foi o tempo suficiente para ela falar sobre toda sua vida e que ela iria a igreja duas vezes na semana.

– não se preocupe eu irei fazer suas compras – falei olhando a distância que o mercado mais próximo estava.

– oh, minha filha muito obrigada, aqui o dinheiro. – falou ela indo sentar em um banco feito de pneus que estava em baixo de uma pequena cobertura.

Caminhei até o supermercado e acabei me distraindo com o letreiro de luzes que tinha na frente.

Com as sacolas extremamente pesadas em minha mão esperando a fila do mercado, eu só pensava em como que uma idosa conseguia carregar todo esse peso até sua casa.

– tenha uma boa tarde e volte sempre. – falou a balconista do supermercado.

Toda vez que ouço essa frase dos balconistas eu só consigo imaginar que eles não desejam necessariamente que tenhamos uma boa tarde e sim é só a forma deles agradecerem. As vezes o cansaço tira a criatividade e essa é a única coisa que eles conseguem dizer.

Mesmo quase sendo atropelada por um carro que estava em alta velocidade, consegui chegar até seu encontro.

– toda vez que precisar de alguma coisa no mercado é so ligar – coloquei um cartão no bolso de seu short de malha – eu pedi para eles levarem a suas compras para sua casa.

Muito obrigada minha querida. – respondeu ela e um sorriso simpático tomava conta de seu rosto; me fazendo se despedir da mesma.

A caminho de volta para minha casa eu só conseguia sentir orgulho de mim mesma, sabe quando você se sente leve e que valeu a pena ter feito o dia de outra pessoa mais feliz. Era assim que eu me sentia hoje.

A poucos passos de entrar em casa eu recordava que o motivo pelo qual eu sai foi para tentar esquecer os problemas da minha vida amorosa.

Pelo simples fato de ter ajudado a pobre idosa eu conseguia perceber que não devemos nos privar de ser feliz, mesmo com seu olhar de tristeza ela lutava pela sua vida, ela era feliz de certa forma só pelo fato de acordar todos os dias viva. Não é justo eu magoar os sentimentos dos outros mas estou fazendo isso comigo mesma. Eu irei sim quebrar espectativas de quem esperava mais de mim, mas o que mais importa é a minha felicidade, somos livres para satisfazer nossas próprias escolhas, existe uma diferença entre "querer" e "conseguir", querer é algo que você almeja e conseguir é ter aquilo que você desejou. Essas eram minhas prioridades nesse momento, pela primeira vez eu estava me colocando em primeiro lugar, sem ligar para julgamentos.

Capítulo da próxima semana é o mais esperado!!! Então não percam!  Não esqueça do seu voto e comentário, faz a história ir para o ranking e mais pessoas verem <3




Não foi uma escolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora