6 - Dia difícil

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Não esqueça do seu voto, isso da muito incentivo para continuar!

Espero que gostem desse novo capítulo!

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Sempre que eu ficava triste, no dia seguinte era como se eu estivesse renovada. Uma outra pessoa. Pelo menos eu acreditava que seria assim.

Outras pessoas em meu lugar procurariam um psicólogo para lidar com o trauma que é sofrer racismo, só quê eu não acreditava que isso iria funcionar comigo. Não desmerecendo um profissional qualificado para nos orientar, mas eu só ficaria bem no momento das sessões, depois seria tudo igual.

Mesmo com minha insegurança toda, eu me amava e gostava do que eu via no espelho. As vezes era difícil ter sempre essa mesma percepção. Todo dia ao me levantar eu procurava me elogiar com simples elogios, isso de um tempo para cá está me tornando um ser humano melhor.

Com essa confusão toda esqueci que Zaia queria falar algo a mim e eu a ela. Decidi ligar e a convidá-la para minha casa, já que hoje não iríamos a escola.

– Zaia, vem para minha casa, tia já foi trabalhar.

– chego já aí.

Nossos últimos telefonemas estavam sendo bem objetivos, sempre estávamos uma com a outra e não havia necessidade de uma ligação.

"tlindom" era a campainha. Fui abrir já sabendo quem eu veria atrás da porta.

– entra mas sem fazer bagunça e se possível tira a sandália, não quero sujar nada.

Eu limpava toda a casa sempre que tinha tempo e com a faxina feita recentemente não queria fazer outra tão cedo.

– essa casa sempre tá limpa, e eu sempre entro com sandália não vai ser agora que vou tirar – Zaia falou bem sarcástica.

– o que você queria me contar ontem? com a confusão não nos falamos. – indaguei pegando dois copos de suco para nós duas.

– é sobre o Bruno! Estamos namorando. – disse Zaia bem entusiasmada.

– sério? Que bacana! Felicidade.

Eu não estava muito feliz, sabia que ela iria me abandonar depois de um tempo. Afinal é isso que todo mundo faz quando começa a namorar.

– obrigada. E você e o Felipe? Se encontraram depois do beijo?

Eu me sentia a vontade de falar abertamente com ela sobre esse tipo de assunto, não era como falar a minha tia. Zaia me entendia e me apoiaria em tudo, ou em quase tudo.

– Zaia, quando você beija um menino você sente o que exatamente por ele? – perguntei colocando o copo entre minhas pernas.

– ah, isso é um pouco difícil de explicar assim. É como se eu não tivesse vontade de parar aquele beijo e continuar. Básicamente Isso. Por que a pergunta?

– sendo bem sincera. Eu não sinto nada quando beijo os meninos, nunca senti. É como se eu estivesse beijando meu reflexo no espelho, entende?

– isso deve ser normal, né? – ela falou com seus olhos arregalados.

– não sei. Mas quero te falar uma coisa. – disse olhando fixamente para seus olhos enquanto ela colocava um gole de suco na sua garganta.

Eu pela primeira vez iria falar com alguém as coisas que eu sentia, e não sabia o que era exatamente. Sabia que ela não era nenhuma especialista, mas poderia me ajudar de certa forma.

Não foi uma escolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora