capítulo 1

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*Skyller p.o.v.*

...Acordei com o som do meu despertador com a música Warriow da Demi Lovato, sim eu conseguia acordar com essa música por muito calma que fosse...Era a única forma de ter forças para me levantar da cama, acreditar que era uma "guerreira" para poder sobreviver ao dia terrível que ia ser na escola... Eu até gosto de aprender e até nem sou má aluna mas gostava de ser melhor! Mas é claro que para isso precisava de força, dedicação, vontade e confiança em mim e como é óbvio eu não tenho NADA disso.

Eram 6h da manhã e ainda estava escuro aqui em Sidney, Austrália.

Levantei me, escolhi a roupa que ia vestir, e optei por uma t-shirt dos Nirvana branca, umas skinny jeans pretas com alguna rasgões que parciam cortes, um casaco preto com capucha, um casaco de cabedal perto com tachas nos ombros e as minhas converse pretas. Apesar de fazer calor em Sidney, usava sempre roupas que tapassem o meu corpo porque...bem não há necessidade das pessoas verem como sou fraca.

...

Depois de meia hora na casa-de-banho a tomar duche, a lavar os dentes, a secar os meus longos cabelos loiros e a insultar me ao espelho, sai e vesti-me. Maquilhei os meus olhos fortemente azuis com lápis, eyeliner, sombra e rímel preto e de seguida dei uma cor arrosada as minhas bochechas pálidas.  Escondi a escuridão das minhas olheiras com corretor, por passar as noites em branco a chorar por ser fraca e pus um pouco de bálsamo hidratante nos lábios com sabor a cereja.

Depois de tudo isto, o ritual das manhãs para ocultar quem realmente sou, arrumei tudo o que precisava na minha mochila preta e já eram 7h e 30min.

Fui acordar o Ashton como faço todas as manhãs porque com despertador ele nunca acordaria! Só tinha-mos aulas às 8h e 30min e como o Ash era rápido *e rapaz* só precisava de meia hora, para tomar banho, vestir-se e a comer, por isso acordava tão "tarde". Vivíamos a 20 minutos da escola, por isso íamos para lá a pé, de bicicleta ou de skate. Em dias de mais atraso íamos de mota mas raramente isso acontecia.

Entrei no quarto do Ash, que era mesmo ao lado do meu, devagarinho, porque o meu irmão ODEIA ser acordado à bruta e sentei me ao seu lado na cama. Comecei por abaná-lo levemente e murmurava muito baixinho "Ash" várias vezes até que ele abriu os olhos lentamente e sorriu. Sorri ao vê lo sorrir porque ele parcia um verdadeiro anjo...Eu amava mesmo o meu irmão, era o meu pai e a minha mãe ao mesmo tempo já que os meus tinham morrido antes de sequer ter 2 anos. Morreram num acidente de carro por estarem bêbados...nunca foram grandes exemplos de vida por andarem metidos em gangs, drogas e crimes de toda a espécie mas não deixavam de ser meus pais!

Admiro muito o meu irmão por ter sido tão forte, aguentou a morte dos meus pais com apenas 6 anos e nunca desistiu de lutar por mim, por si, por nós, mesmo estando a sofrer, por ser criança e ter perdido os pais.Ele é tudo para mim, para além de mãe, pai e irmão, é o meu melhor amigo. Falamos de tudo, estamos quase sempre juntos e somos inseparáveis. Descutimos como todos os irmãos mas acabamos por ficar sempre bem. A nossa vida não é própriamente fácil mas ele tem uma resistência anormal no bom sentido. Após a morte dos meus pais, estivemos num orfanato durante 10 anos. Foram horríveis pois éramos mal tratados, não comiamos bem, éramos espancados ao mínimo deslize e éramos escravos de limpeza. Talvez tenha sido bom porque deu força de vontade ao Ash para nos tirar de lá porque como irmã mais nova dele, ele detestava ver-me sofrer e consegui tirar-nos dali. Claro que eu também detestava ver o meu maninho mais velho a sofrer mas como é que uma criança tem força para mudar a autoridade de um adulto? É por isso que admiro tanto o meu irmão, ele cresceu demasiado depressa para nos tirar de lá, tornou-se adulto e superou tudo sozinho. Com 16 anos arranjou emprego num bar, fugia do orfanato durante a noite para trabalhar e ao fim de 3 ou 4 meses fugimos do orfanato, eu com 12 anos e ele com 16, ficamos a viver numa pequena casa abandonada na floresta que ficava a 20 minutos da escola e com o tempo fomos restaurando a casinha até hoje, que agora é o local mais perfeito para se viver. Não é grande nem pequena, não é pobre nem rica, é...normal e confortante.

SkyllerOnde histórias criam vida. Descubra agora