46. Uma festa de arromba

43 5 0
                                    

Quando se está em uma festa de aniversário dupla, é difícil não prestar atenção nos aniversariantes, tão sorridentes e alegres.

Mesmo que a gente diga que esta festa é também para comemorar nossa vitória, ninguém aqui deixa de lembrar quem são as estrelas da noite e fazemos questão de deixá-las brilhar.

Não há nada de extraordinário na decoração ou na forma como nos vestimos. Na realidade, estamos todos à vontade e até bem simples, da maneira como Sofia e Francis acham melhor, confortável e sem tantas extravagâncias, apesar de Francis ter uma queda por mesas de doces bastante espalhafatosas.

Francis está no buffet com titia, ajudando nossos garçons voluntários, papai e Maria, a servir as mesas. Já eu e as meninas estamos com Sofia, a ajudando a recepcionar os que chegam.

Não são muitos convidados, apenas alguns parentes, amigos e conhecidos próximos. O casal Osvaldo e Estela, donos do trailer Playground, já estão zanzando por aí, roubando alguns docinhos de cima da mesa de vez em quando.

Cecília e pipoca brincam por toda a extensão do ginásio, correndo e rindo bastante.

Não demora muito e Miguel aparece, trazendo um embrulho amarelo nas mãos.

— Feliz Aniversário! — ele cumprimenta Sofia, animado. Ela lhe dá um grande sorriso, acompanhado por um "Obrigada!", mas há uma certa diversão em seus olhos.

— É melhor eu ir guardar o presente — ela diz, se virando para mim e Giovana com um sorriso ainda maior e piscando rapidamente o olho direito. Nós entendemos o seu recado sem precisar repetir.

Assim que Sofia se afasta de nós, Giovana começa a balançar a cabeça de um lado para o outro, como se procurasse alguém.

— Escutou isso, Isadora? — ela indaga, falando um pouco alto demais. — Acho que minha mãe está me chamando.

— Então é melhor você correr, Giovana — eu respondo, entrando em sua atuação.

Ela sai correndo para uma direção qualquer, e eu apenas rio de sua evidente falta de disposição para disfarçar suas intenções.

Olho para AnaLu e Miguel, que me encaram de cenho franzido e braços cruzados. Eu sei que eles entenderam o que está acontecendo, mas ver suas poses tão parecidas, como um casal perfeitamente idêntico, não fez diminuir minha vontade de deixá-los a sós.

— Eu lembrei de uma coisa. Já volto — sinalizo, pronta para lhes dar as costas.

— Aonde vai? — interrompeu AnaLu.

— Vou procurar um... — murmurei qualquer coisa inaudível, sem muito criatividade para mentir, na esperança que eles apenas aceitassem e me deixassem sair, pois todos sabíamos do clima que rolava ali.

— Um o quê? — completa Miguel, no mesmo tom que AnaLu. Tão bonitinho.

— Um... copo — acrescentei, rapidamente os dando as costas para que não me impedissem. Escuto seus protestos, mas os ignoro.

Conheço AnaLu muito bem e, agora que começo a conhecer quem Miguel realmente é, eu super apoio os dois juntos, mesmo que ambos sejam lerdos demais para iniciar o que considero inevitável.

Flores, rabiscos e estrelas.Onde histórias criam vida. Descubra agora