Órbita do Destino - 2043 [COMPLETO]

Prólogo

"Deixem que o futuro diga a verdade

e avalie cada um de acordo com o seu trabalho e realizações.

O presente pertence a eles

mas o futuro pelo qual eu sempre trabalhei

pertence a mim."

Nikola Tesla

     Largado no chão de sua sala, o senhor agonizava de dor ao som da respiração sufocante e lábios expelindo o que seu corpo necessitava para se manter vivo. Espasmos vibravam sua perna amputada, os quais também atacaram os ombros e o único pé. Ele não tinha energia para erguer a cabeça e encarar uma última vez, o rosto do seu carrasco, restando-lhe apenas enxergar entre borrões em uma visão turva, perdendo gradativamente a nitidez, o líquido vermelho pingando dos dedos enluvados do rapaz; sangue. O mesmo que invadia as fibras do tapete sob seu corpo, feito um tsunami furioso, ofuscando os desenhos triangulares com a mancha avermelhada.

     — Maldito seja o dia... que você... pisou em Irazal! — Com muito esforço, o senhor conseguiu soar audível entre tosses em voz afogada.

     O ruído a seguir soou imperceptível ao dono da casa. E, do lado do mais velho, o objeto pontiagudo foi solto no chão; este de cor amarela, porém, lavado em vermelho, o que liberou o som característico de plástico chocado na madeira e respingou algumas gotas de sangue na muleta metálica. Momento em que a mão enrugada, a qual tentava instintivamente proteger os profundos ferimentos em seu abdômen, perdeu a força, e, tomado pela escuridão via íris quase sem vida, pôde ouvir ao longe, passos distantes, indo embora. Antes de enfim deixar aquela casa, palavras foram ditas pelo jovem de semblante satisfeito, apesar das lágrimas; contudo, não havia mais ninguém ali para ouvi-lo.