Saulo se inclinou na direção da janela, erguendo o vidro opaco trabalhado com quadriculados, para simplesmente, arrancar a xícara da mão de Fabrício e atirar o líquido escuro ao lado de fora.
— Esta xícara é minha. — Sentou-se novamente, reenchendo-a de café e logo, aqueceu a garganta.
— Não acha que é muito cedo pra começar a abrir as asinhas, Nick?! — Diante do ignorar de Saulo, o qual fingiu que não ouviu a troca de nomes, Fabrício mirou a janela aberta para fugir do contato visual, arrependendo-se do ato no mesmo segundo. — Por que escolheu este quarto?!
Enquanto terminava de engolir aquele pão adocicado, Saulo seguiu os olhos do oficial, topando apenas com uma árvore naquele gramado bem tratado. Alisou o alargador distraidamente, à procura do que possa ter feito o delegado levantar a voz daquele jeito. Nisso, pôde avistar também, que no encosto do banco de madeira, este abaixo dos galhos, havia um grupo de aves. Pombos.
Com mais atenção, linhas entre suas sobrancelhas refletiram a intensidade que o jovem mirava os animais sobre o plano de fundo composto por montanhas, pois, em meio às aves cinzentas, possuía uma olhando no sentido da janela do quarto.
A única pomba branca.
— Não vai responder?! Por que escolheu este quarto?!
— Porque... Porque é o mais caro. — "Acho que sonhei com um pombo igual àquele." — Sabia que pombos entendem matemática básica?
— Não. Escolheu este quarto só pelo preço?! — Havia muita tensão naquele tom; o qual não passou despercebido pelo estudante.
De volta, aqueles pares de olhos se encontraram.
— Só. Por quê? Não me diga que... Égua! Aquele homem morreu aqui, né?!
A fim de interromper o diálogo, dado que, Fabrício jamais diria o motivo da pergunta, dirigiu-se à cama do jovem. Ali, sobre os lençóis amassados, vasculhou a mochila de Saulo, logo encontrando o que precisava ao arrancar a última folha do caderno, com uma liberdade que fez o outro revirar os olhos; folha esta que aterrissou no compartimento da impressora. Tinha que testar de uma vez, se o aparelho funcionava.
Com os cotovelos na mesa, Saulo se servia de um morno gole de café quando Fabrício pareou seu celular ao Bluetooth da impressora. Ele poderia imprimir qualquer coisa naquela máquina, já que a intenção era apenas testar seu funcionamento, contudo...
— Olha só! E não é que o nerdzinho consertou mesmo? — Puxou o controle remoto da TV, no qual tinha sentado em cima sem notar.
De soslaio, Saulo viu, ao som do ruído nada comportado do aparelho, a folha de caderno ser cuspida com alguns textos e imagens impressos.
— Noventa reais.
Fabrício, por um triz não gargalhou, mantendo a expressão fechada de costume; ele possuía um ótimo controle em relação às exibições de suas emoções.
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Órbita do Destino - 2043 [COMPLETO]
Mystery / ThrillerLivro vencedor do prêmio The Wattys 2020 em Mistério e Suspense 💡 O ano é de 2043 e despertar misteriosamente em uma cidade desconhecida é o menor dos problemas de Saulo. Primeiro, esse estudante de Física precisa saber o que os números e a pomba b...