Capítulo 15 - Paralelo

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     "Nikola Tesla estava convencido de que tudo aquilo não era uma simples visão e muito menos um sonho de Saulo, no entanto, preferiu mudar o rumo da conversa

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     "Nikola Tesla estava convencido de que tudo aquilo não era uma simples visão e muito menos um sonho de Saulo, no entanto, preferiu mudar o rumo da conversa.

     — Por que não consegue se equilibrar?

     — Não sei. Sinto que estou dando saltos numa rua cheia de buracos.

     Nesse instante, a atenção de ambos se voltou à janela fechada, graças às batidas no vidro. Ali, a pomba branca movimentava suas asas brancas durante as rápidas bicadas, como se estivesse desesperada para entrar no laboratório.

     — Não se preocupe, logo ela irá embora. — Com a mão no bolso, Nikola passou a encarar o buraco iluminado. — Posso lhe fazer outra pergunta?

     — Pode fazer três, seis, nove trilhões, se quiser!

     Tesla riu; conversar com aquele menino estava sendo bem agradável.

     — Como... Como sou visto no seu futuro?

     Saulo não tinha muita coisa para falar da parte da população, até porque, aquele inventor não recebera o reconhecimento que merecia. Muitos nem o conheciam, tampouco sabiam de suas contribuições para o mundo.

     Após limpar a garganta, segurando-se melhor nas grades, virou-se para ficar de frente a um Tesla de semblante ansioso.

     — Égua, por onde eu começo? resmungou e, por mais que tentou, o outro não conseguiu entender a primeira palavra dita em português. — Uhm... Na Sérvia, o seu rosto ilustra a nota de cem dinares. Maior legal, né? Já em Nova York, tem uma placa de rua com seu nome. Quer mais?

     Chocado, no bom sentido, aquele homem só pôde assentir com a cabeça. Curiosamente, já havia se questionado sobre sua imagem no futuro. Afinal, era tratado como louco e imprudente até pelos próprios colegas de profissão; os mesmos que se pudessem, não pensariam duas vezes antes de roubar suas ideias. Ele sentia que quanto mais se esforçava em fazer seu melhor para ajudar o mundo e facilitar a vida das pessoas, mais esse esforço era desvalorizado.

     — Algumas de suas previsões já existem e são indispensáveis no meu tempo, como o WiFi, que é uma rede sem fio, e o celular, a tal da tecnologia de bolso, como você nomeou. Ah!... Está vendo o automóvel? — Indicou com o dedo. — É um carro elétrico. Agora vou te deixar adivinhar o que aquele T significa. Dica: é uma homenagem ao gênio que iluminou o mundo.

     Em silêncio, o excêntrico sérvio andou à máquina negra, agachando-se diante do para-choque onde, sem ao menos se permitir piscar, mirou o emblema com a marca da empresa. E, em meio à ausência da fala, contornou com íris atentas a letra T em vermelho, deixando escorrer do canto dos olhos em resultado, uma gota morna feito os raios faiscando da bobina.

Órbita do Destino - 2043 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora