Fabrício fez que ia se aproximar, mas a palma enrugada e aberta em sua direção lhe obrigou a parar — o coração disparado já estava a ponto de paralisar sua audição.
— Geraldo, abaixa a arma! Não seja burro, caralho! Eu vou te matar se disparar essa porra!
Saulo, embora tenha se mantido quase que petrificado, não desfez nem por um momento a expressão de revolta. Sobrancelhas pesadas lhe estreitando os olhos amarelos, os quais nem piscavam, junto aos lábios comprimidos, davam-lhe um ar extremamente ameaçador. Perigoso. Em contrapartida, um sutil e quase imperceptível assobio soou dos fundos da delegacia; de soslaio, o delegado olhou para trás e de imediato assentiu, dando permissão.
— Deixe de sentimentalismo, você acabou de conhecer esse marginal! — O clique a seguir, informou que o revólver havia sido engatilhado.
— Eu não vou pedir de novo! — gritou para camuflar o ruído, pois nesse exato minuto, a peça pesada, escura e cintilando o ferrolho metálico, deslizou por debaixo da mesa, tendo sua posição como alvo.
E sob a sola da bota, foi segurada.
Enquanto isso, Geraldo dava os passos que faltavam, perdendo totalmente Fabrício de vista. Sem se segurar, Saulo fechou os olhos assim que mais uma vez, teve a infelicidade de absorver o gelado da boca de um cano mortal, na testa.
— Já passou da hora de ele deixar Iraz...
— Abaixa a porra da arma! — Fabrício soou em meio aos grunhidos e saliva espirrando de seus lábios.
Dentes postiços travaram após o círculo rígido apertar sem delicadeza, a nuca do político. Notando a pressão em sua testa diminuindo, Saulo subiu as pálpebras, encontrando com uma satisfação indescritível, Fabrício apontando sua pistola para a cabeça de Geraldo.
O senhor sorriu, apesar do explícito nervosismo.
— Não seja ridículo, Fabrício!
— Abaixa a arma, prefeito. — Dessa vez, a ordem viera de Alan, já caminhando até o trio com sua pistola devidamente empunhada. No entanto, não foi o suficiente. O sujeito de terno não estava disposto a ceder.
Deixando Fabrício sem opções.
— Você não vai querer matar o filho dos Mahin!
Do outro lado, Alan pôde ver com perfeição, o pomo de adão do prefeito se movimentar, assim como o olhar vidrado no jovem nada feliz com a revelação. E, diante da peça cedendo pouco a pouco, Saulo respirou fundo, permitindo-se seguir, um tanto bambo, à cadeira mais próxima, na qual se sentou. Tapou as orelhas com força, fechando os olhos aterrorizados na tentativa de bloquear todo o mundo à sua volta. Ele só queria desaparecer e se proteger; fugir daquele redemoinho impiedoso.
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Órbita do Destino - 2043 [COMPLETO]
Mystery / ThrillerLivro vencedor do prêmio The Wattys 2020 em Mistério e Suspense 💡 O ano é de 2043 e despertar misteriosamente em uma cidade desconhecida é o menor dos problemas de Saulo. Primeiro, esse estudante de Física precisa saber o que os números e a pomba b...