A corrida se encerrou com Saulo saltando um tronco que abrigava alguns cogumelos, alcançando enfim o muro infestado por folhagens verdes, entres outra já mortas. Ao notar um buraco na altura de seus quadris, nem pensou; limpou-o com os pés, abrindo espaço e afastando todas aquelas raízes da passagem.
Entrou.
De primeira, achou degraus cobertos de rachaduras e ervas daninhas, tendo como corrimão, somente enormes rochas dos dois lados, as quais espalmou durante a subida em meio aos sons das raízes secas sendo pisadas. O que lhe surgiu no topo foi uma piscina redonda. Havia capim de diversas alturas e manchas esponjosas rodeadas pela água escura, o que logo deduziu ser óleo. Imensas árvores contornando as extremidades davam um ar sombrio e solitário; algo destacado pelo silêncio e mau cheiro contínuo.
Saulo passou a inspecionar tudo à sua volta à procura de números. Estava intrigado com aquelas somas; precisava provar para si mesmo que não passaram de coincidências, ou encontrar respostas. O problema era justamente a escassez de números naquele local.
Mais adiante, um chalé flutuante, não muito longe, no rio; este, pelo menos por fora, não parecia tão devastado feito o restante do parque e era conectado ao solo apenas por uma curta ponte. Contudo, o que piscou para as íris âmbar foi o que estava escrito em tinta escura na placa diante da porta.
— Nove — sussurrou.
Um estrondoso som de trovão, o qual fez parecer que a terra sob seus tênis transparentes sacudiu, ecoou por todo o parque, assustando os pássaros que descansavam nas árvores e fazendo com que Saulo olhasse para o alto, vendo nuvens carregadas. Apesar disso, ele se encontrava encantado demais com tudo aquilo para se importar com a provável chuva. Não pelo clima fúnebre pairando no ar, sua fascinação estava ligada a como a natureza mostrava seu poder e tomava de volta seu lugar; engolindo as engenhosidades humanas com as armas que tinha.
Saulo não via abandono nenhum, muito pelo contrário; a natureza sempre esteve presente.
— Você é doido?! — Ajeitando os cabelos atrás das orelhas, Luana demonstrava desconforto em estar ali, berrando ao finalmente chegar no estudante. — Esse lugar me dá medo! Vamos embora! — Fez um gesto com a mão no ar para que Saulo a acompanhasse.
Mão esta que foi puxada e ambas seladas pela grossa gota de chuva.
Luana se viu ser guiada até o tal chalé e, mesmo apreensiva com a aparência de tudo o que avistava e principalmente, com o quão suicida se deixar levar poderia ser, não mostrou resistência. Talvez gostasse do perigo. Sem contar que os trovões estavam bem mais assustadores.
— Espere aí. — Ele a soltou e enquanto se mantinha firme no guarda-corpo de corda suja, pisou com força em cima de cada tábua de madeira já molhada pela chuva e que compunham a ponte, conferindo sua segurança. — Pode vir, estão firmes. — Deu-lhe a mão, a qual logo foi aceita por Luana.
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Órbita do Destino - 2043 [COMPLETO]
Mystery / ThrillerLivro vencedor do prêmio The Wattys 2020 em Mistério e Suspense 💡 O ano é de 2043 e despertar misteriosamente em uma cidade desconhecida é o menor dos problemas de Saulo. Primeiro, esse estudante de Física precisa saber o que os números e a pomba b...