"Nikola retornou ao experimento que nada mais era que um transformador ressonante o qual produzia altas voltagens através de correntes elétricas alternadas. Mais conhecido como: Bobina de Tesla.
Puxou a alavanca, distanciando-se enquanto deixava a energia correr pelo dispositivo.
Um gradativo som elétrico passou a surgir dentro do laboratório junto aos primeiros relâmpagos jorrados do pico da bobina. Entretanto, algo lhe pareceu no mínimo enigmático. Todos os raios, ainda fracos, acertavam o mesmo ponto no chão, ignorando o cilindro para-raios e deixando parecer que algo os sugavam para ali. Porém, o mais estranho veio em seguida. Novos feixes de raios surgiram no laboratório; estes não vieram da bobina como antes, saíram do próprio para-raios. Tesla não teve tempo de entender o que via, pois no instante seguinte, esses ditos raios atingiram no alto, a mesma área, repetidas vezes, como se houvesse um campo os atraindo.
Consumindo-os.
O que seria plausível caso a área em questão não estivesse vazia. Nikola analisou de longe por um momento; nada encontrou. Faíscas espirravam, simulando um impacto no ar e dando a impressão de que todos aqueles raios estavam atingindo uma placa invisível.
"Por que está acontecendo isso?!" Só então, pôde ver o alvo daqueles relâmpagos: um círculo escuro como o Universo.
Expandia-se feito um redemoinho, revelando no percurso, tons mais claros, indo do preto ao azul; do azul ao branco. "Um, dois, três...", contava seus passos conforme avançava, pouco se importando com a perceptível força de atração lhe puxando justamente para o redemoinho já em tamanho dobrado; tudo em meio aos olhos petrificados na abertura luminosa e... quente. Havia uma alta temperatura escapando pela fenda.
Mas, não apenas isso.
— Aquilo são... rodas?"
-
Embora não houvesse mais fogo, alguns tocos de lenha em brasas, rodeados de cinzas, ainda eram capazes de aquecer a cama abrigando duas pessoas. Fabrício havia se oferecido para dormir nas poltronas, contudo, devido ao baixo alcance da lareira, acabou indo fazer companhia a Saulo ao lado das chamas, após o estudante pegar no sono. Ele não confiava no rapaz. De qualquer forma, sua arma estava carregada caso o jovem tentasse alguma coisa.
Não tardou para que os cantos dos pássaros, mais explícitos ali devido à proximidade com a mata, acordasse o delegado. Enfim desperto, moveu-se entre os cobertores grossos, percebendo que Saulo, de costas para ele e com o rosto apontado para a lareira, ainda dormia. "... ele falou que alguém do passado tinha voltado", relembrou as palavras de Ferrugem, respirando fundo em seguida.
Notando a jaqueta de fora daquele braço castanho, não conseguiu deixar a cama; a curiosidade lhe segurou ali. Fabrício precisava ver; confirmar com os próprios olhos. Talvez assim, ficaria um pouco mais tranquilo em relação àquela semelhança. Ou não. Portanto, juntou-se mais ao outro, concentrado na área do ombro, a qual estava coberta apenas pela malha fina da camiseta. "Só preciso levantar a manga devagar." Primeiro, deu uma rápida conferida na face de Saulo, comprovando por meio da respiração pesada, que o sono se encontrava profundo. E, lentamente, centímetro a centímetro...
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Órbita do Destino - 2043 [COMPLETO]
Mystery / ThrillerLivro vencedor do prêmio The Wattys 2020 em Mistério e Suspense 💡 O ano é de 2043 e despertar misteriosamente em uma cidade desconhecida é o menor dos problemas de Saulo. Primeiro, esse estudante de Física precisa saber o que os números e a pomba b...