Capítulo 13 - Insanidade

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     Café pronto, pães e algumas frutas completavam a mesa, quando Saulo pisou na cozinha naquela manhã; o cheiro de ar puro, apesar de gelado, invadindo a área por conta do vidro entreaberto da janela e balançava a cortina clara, não lhe incomodo...

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     Café pronto, pães e algumas frutas completavam a mesa, quando Saulo pisou na cozinha naquela manhã; o cheiro de ar puro, apesar de gelado, invadindo a área por conta do vidro entreaberto da janela e balançava a cortina clara, não lhe incomodou como geralmente fazia. O sorriso bobo não sairia de seus lábios tão facilmente. "Acho que conquistei o delegado". Encheu a caneca com o líquido quente jorrado da cafeteira e se serviu de um pão de coco. Pensou que encontraria Fabrício por ali, contudo, para variar, Saulo dormira demais.

     — Ou talvez ele que tenha me conquistado. — Coçou o rosto, seguindo com a caneca em mãos ao quarto de hóspedes, onde deixara o celular. Precisava checar o sinal de rede como de praxe, embora sem esperanças de falar com sua família. Era mais como uma rotina. — Nada de novo.

     Suspirou, deixando a caneca no chão conforme se jogava na cama; instante em que seu computador estrategicamente escondido abaixo do travesseiro, fez um ruído. "Égua!" Junto ao estalar de língua, puxou o aparelho, conferindo seu estado, no entanto, só teve olhos para o pen drive plugado nele.

     "Vou assistir mais um."

     Ver aqueles vídeos, tinha o intrigante poder de avançar o tempo; horas e horas pareciam minutos, de tão entretido que Saulo ficava ao acompanhar o dia a dia, de mãe e filha. A confusa proximidade e principalmente, o afeto surgindo por aquelas duas pessoas que nunca vira na vida, acabou criando algo novo naquele peito. Era uma sensação estranha, impressão de já as conhecer.

     — Égua! — Depressa se pôr sentado, mantendo os olhos fixos na tela enquanto aumentava o volume dos fones com a mesma urgência.

     Apertava a tecla em meio ao nervosismo, voltando a cena para rever com atenção.

     — "Quer que eu pegue a Tiana na escolinha? Tenho que buscar a Lu de qualquer forma" — ofereceu-se o homem de muleta, seguindo a mulher que adentrou o quarto da filha carregando um cesto de roupas.

     — Lu... — Saulo repetiu. — Luana.

     — "Roberto, muito obrigada por ter me ajudado com a pia, mas..." — Deixou o cesto sobre a cama infantil para se voltar ao homem. Sua posição de perfil para a câmera não deixou Saulo ver com clareza sua expressão. — "Sei o que está tentando fazer. De coração, gosto de você, gosto de verdade, só que como amigo." — Abaixou a cabeça. — "Eu estou com o Murilo."

     Mesmo longe do foco da lente, foi possível ver o quão firme o sujeito de boa aparência apertou a muleta. Enquanto isso, o semblante contorcido deixava nítido o sentimento que habitava naquele corpo.

     — "Eu sei Raquel, essa cidade é bem linguaruda, mas ao contrário do delegado, estou disposto a te assumir e..."

     — "Não é tão simples assim, Roberto." — Não esperou a conclusão. Seus braços cruzados deram ênfase na postura defensiva. — "Eu não só tenho uma filha com o Murilo como sou apaixonada por ele."

Órbita do Destino - 2043 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora