Capítulo 11 - Pai da Eletricidade

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     Dentro do ambiente iluminado, o homem descamisado se entretinha com o seriado policial e aproveitava o sabor forte da sua cerveja artesanal; cabelos ondulados soltos nos ombros deram uma nova perspectiva daquele escrivão civil

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     Dentro do ambiente iluminado, o homem descamisado se entretinha com o seriado policial e aproveitava o sabor forte da sua cerveja artesanal; cabelos ondulados soltos nos ombros deram uma nova perspectiva daquele escrivão civil. Instante em que, cismado, pausou o episódio ao ouvir as batidas na porta. Fazia tempo que não recebia visitas; no máximo, Fabrício passava ali vez ou outra, contudo, este não precisava bater.

     Após não só apanhar a pistola de baixo do sofá, como também descer a trava e acomodá-la atrás, no cós da bermuda, enfim foi atender a porta.

     Paralisação.

     Foi a primeira sensação, junto ao ar frio chocando em seu rosto e torso, que tomou seu corpo com a revelação. De todas as pessoas em Irazal, aquela era a última que esperaria em sua casa.

     Limpou a garganta, afastando a mão da pistola.

     — Luana?

     — Posso entrar?

     — Pode! Claro! Entra!

     A recepcionista não fez questão de dar muitos passos casa adentro, na qual perdera as contas de quantas vezes dormiu nos seus tempos de criança, mantendo-se a uma pequena distância da entrada. Iria ser breve. Alan, que fechou a porta sem tirar os olhos da dona dos cabelos longos, perdera momentaneamente as palavras de tanta surpresa.

     Ela só não esperava ficar tão sem jeito diante daquele policial sem camisa; culpa da evidente musculatura bem trabalhada, também daquela quantidade de pelos espalhada no centro e principalmente, das cicatrizes abaixo dos peitos. Virou o rosto, mirando a TV pausada; Alan não demorou a entender o motivo. Depressa, correu ao sofá, no qual se encontrava a regata preta; ato que deixou a pistola em sua cintura totalmente visível à Luana.

     — Foi mal por atender a porta assim. — Rapidamente, vestiu a peça durante os passos de volta. — O T me deixa com um calor desgraçado! — Riu, exibindo aquele sorriso que Luana conhecia melhor do que ninguém. Tudo estava diferente, físico, voz, andar... menos o sorriso; este era o mesmo.

     — T?

     — Testosterona — explicou.

     — Ah, sim! — Cruzou os braços, o que fez Alan recuar. Ele sabia que aquele era um comportamento defensivo. — O tratamento está... Você está muito... Parece estar bem. — Era difícil formular uma simples frase.

     Ele assentiu.

     — Sim, mas eu poderia estar melhor.

     De imediato, Luana correu seus olhos escuros ao redor. Aquela situação seguia um rumo complicado; era melhor fugir.

     — Você guardou o altar em outro lugar? — Essa fora uma das explícitas mudanças naquela casa.

     — Não, eu destruí.

Órbita do Destino - 2043 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora