Capítulo 14 - Sequelas

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     "Olhos claros contornados por rugas encararam o estudante com um brilho confuso

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     "Olhos claros contornados por rugas encararam o estudante com um brilho confuso. Qual seria o propósito de ter a visão de um carro do futuro? Inventar algo já criado? Não fazia sentido. Geralmente, os inventos vinham crus em sua cabeça para que ele de fato os criassem, mas, por que daquela vez estava vendo, além de uma pessoa, o que nunca ocorrera antes, uma máquina pronta?

     'Ou talvez...', coçou a sobrancelha, fixado no rádio ao lado da cadeira, se recordando de um ocorrido de anos atrás. 'Não! O rádio nem ao menos está ligado! Isso é só uma visão... diferente!'

     — Viera de 2043? Afirmação curiosa, eu diria. — Sendo assim, hesitante, seguiu ao rapaz do futuro sem esquecer da contagem de passos. — O que faz aqui?

     — Então... não faço a mínima ideia. — Deu de ombros, agarrado às barras de ferro para não cair. Era estranho todas aquelas máquinas imóveis enquanto seu chão parecia movido a trator. — Acho que isso é um sonho. Meu sonho, no caso, até porque é fisicamente impossível você sonhar comigo. — Sorriu de leve antes de tornar a admirar cada pedaço daquele lugar.

     Era tudo tão magnífico e inspirador. Poderia morar ali se tivesse a oportunidade. Discretos raios ainda faiscavam do cilindro de cobre, e do piso, a impressão era que ocorreria o mesmo a qualquer momento. O solo literalmente tremia. 'Espere aí... Aquilo é um rádio?!' Saulo voltou depressa a atenção à bobina graças ao estalo em sua mente.

     — Do que é feita aquela passagem, Saulo?

     — Também não sei... A bobina estava ligada quando o portal abriu? — Ele realmente não sabia por qual outro nome chamar a abertura luminosa no ar. E, após a confirmação do mais velho, Saulo mirou o tal portal, e depois novamente o cilindro de para-raios. — Quais as chances de aquilo ser um buraco de minhoca magnético criado pela bobina?

     — Creio que nenhuma. Precisaria de uma concentração imensa de energia gravitacional e ainda assim...

     — Eu sei, mas... — cortou-o. — E se a bobina gerou um novo campo magnético? Distorções no espaço-tempo? Em sonhos tudo é possível, não é mesmo? Aliás, deixa eu te dar um abraço? — Seu sorriso foi desfeito ao encontrar o semblante sério do outro. — Quer dizer... ficarei muito satisfeito com um autógrafo.

     Por um instante, se esqueceu de que o inventor possuía misofobia; medo patológico de germes.

     — Se isso for um sonho, a passagem pode simplesmente ter se aberto sem precisar da Física... No entanto, presumo que não seja um sonho."

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     Olhos cinza miraram mais uma vez o relógio no visor do celular, convencendo-se de que Saulo não sairia do quarto para comer; se não fosse pela chapa aquecedora embutida na mesa, o alimento já estaria frio. "Deve estar dormindo ou fazendo birra!" Sem disfarçar a ansiedade, finalizou a taça, virando-a de uma vez e deixou a sala de jantar rumo ao quarto de hóspedes, rapidamente dando início às batidas impacientes na madeira.

Órbita do Destino - 2043 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora