S/n: ─ Precisa de ajuda em algo?
Mifune: ─ Não, já estou bem, a médica disse que eu já posso voltar ao trabalho semana que vem.
S/n: ─ Tudo bem, então eu vou treinar.
Mifune: ─ Não está cansada? Você acabou de chegar.
S/n: ─ Eu preciso fazer isso, daqui a pouco estou voltando. ─ Coloquei uma roupa mais quente, peguei a espada que meu pai usava no escritório do Mifune e saí para treinar.
Só fiquei uma hora longe daqueles três e eu já estava sentindo uma tremenda falta. Para não pensar neles, tive que ocupar minha mente.
O lugar que eu treinava ainda estava intacto, continuava deserto e ninguém iria me incomodar, só assim eu poderia colocar para fora tudo o que eu estava sentindo.
A tentativa de não pensar neles tinha falhado, para qualquer lugar que eu olhasse ou para qualquer coisa que eu fizesse, lembrava cada um deles. Tirei a espada da bainha e comecei a golpear algumas árvores.
Como vai ser a minha vida sem as cantadas do Madara, sem o jeito rígido do Tobirama ou sem as brincadeiras ou os momentos constrangedores que eu e o Hashi passava? Vou sentir tanta falta disso, mas eles só vem daqui a três meses, e eu não posso ir para Konoha, quatro dias para ir e para voltar é muito tempo, e ainda é sem contar os perigos que pode haver no caminho. Eu só quero saber o que eu faço?
Minhas lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto gelado, um vento passou e senti um arrepio, senti muito mais frio mesmo estando agasalhada. Será que já me desacostumei com o clima daqui?
Não vou voltar para casa para chorar pelos cantos, não quero ficar assim e não quero que Mifune perceba a minha situação. Já que não posso ter o Shodaime-sama, eu quero ter pelo menos o meu sonho realizado. Vou trabalhar muito mais, não vou ficar perdendo tempo, tenho que melhorar bastante para conseguir o que quero.
Depois de algumas horas voltei para casa, tomei um banho e guardei a espada no escritório, mas, antes de sair, um livro que eu nunca tinha reparado me chamou atenção, e como não sou nada curiosa, comecei a folhear o livro. Um papel caiu, o peguei e comecei a ler. Era uma carta, uma carta do meu pai… para mim?
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S/n,
Eu queria muito poder ver como você está agora. Você ainda está com aquele sonho bobo na cabeça? Pelo que te conheço, tenho certeza que está.
Eu tenho pouco tempo, lutei com Hanzō e ele me feriu, o veneno já tem bastante tempo que está no meu corpo, mas fico aliviado de poder dar tempo de chegar em Tetsu e escrever esta carta para você. Um dia, você vai descobrir que foi ele que me matou, eu só quero que você não faça besteira quando souber, ainda mais quando souber disto…
Hanzō já teve uma paixão muito forte pela sua mãe, pode não parecer, mas eu o conheço há algum tempo. Ele descobriu bem tarde, mas quando descobriu que sua mãe havia falecido, veio tirar satisfações comigo. Por que tão tarde? Ele decidiu sair de perto da gente, ele não queria atrapalhar o nosso relacionamento, já que ele só queria vê-la feliz, sim, ele era o melhor amigo dela.
O ódio tomou conta do seu corpo e ele queria me fazer pagar por deixá-la morrer, mas eu não tive culpa, ela só morreu para salvar duas crianças que tinha encontrado na beirada da estrada, elas estavam fugindo de um vilarejo que estava vivendo um conflito, as crianças precisavam de encontrar um abrigo, ou o gelo iria matá-las. Dizem que ela voltou a esse vilarejo para ver se tinha mais crianças precisando de ajuda, mas ele já tinha sido completamente destruído e os inimigos a mataram.
Eu nunca te contei como ela morreu porque não faria bem uma criança saber disso, por isso que desejo que você encontre essa carta com forças suficientes para aguentar.
Voltando ao que eu estava falando sobre Hanzō, ele perdeu a cabeça e decidiu me fazer pagar por deixá-la sozinha numa hora daquelas, eu não pude fazer nada, ela sempre foi teimosa que nem você, s/n, ela insistiu em sair naquele dia e me fez ficar com você, eu só confiei porque ela era uma ninja muito habilidosa, mas ela não voltou.
Fui descuidado, eu não sabia que Hanzō colocava veneno nas suas armas, ele me arranhou e saiu, estava tão estranho, e agora entendo perfeitamente o porquê daquilo. Ele sentia raiva por eu ter "roubado" a mulher que ele amava, e queria que eu pagasse da pior forma, e essa forma é o veneno que circula nas minhas veias. O ódio era tanto que, antes sair, ele jurou matar todos os samurais só por causa da sua decepção. Isso me preocupa bastante, mas os samurais vão dar um jeito, todo mundo já nos reconhece como guerreiros muito fortes e ninguém seria louco de nos atacar, mas, mesmo assim, espero que o meu melhor amigo seja sucessor do meu cargo e que saiba resolver isso com a enorme sabedoria que ele tem.
Agora vamos falar de você… mesmo que você continue com esse sonho de ser samurai, desejo muito que consiga, você puxou a personalidade da sua mãe, você deve se lembrar pois vocês concordavam com tudo, eu é que tinha que conter vocês duas. Vá atrás dos seu sonhos, mas se algo te fazer desviar do caminho, não tenha pressa, um dia você vai conseguir, somente faça aquilo que o seu coração clama mais alto. Não deixe as oportunidades para trás, agarre-as toda vez que puder, sempre siga em frente e dê o máximo de si.
E falando de amor, não faça que nem Hanzō, mesmo se perder alguém que ame muito, não se vingue, essa seria o pior caminho para seguir, mas caso dê tempo de confessar o que sente, não perca tempo e faça, não tenha medo de ser recusada, pois a vida é assim: cheia de altos e baixos, vá atrás de quem ama para não se arrepender depois.
Bom, isso é o que eu queria te dizer, agradeça ao Mifune por mim, agradeça por ele ter cuidado de você, fique bem e siga os últimos conselhos do seu pai. Te amo muito, filha.
______________________________________Eu já estava muito sensível, e ao encontrar essa carta, chorei muito mais. De repente, Mifune apareceu na porta do escritório.
Mifune: ─ O que foi, s/n? Escutei seu choro lá da sala ─ Estendi o papel para ele pegar ─ O que é?
S/n: ─ Uma carta do meu pai.
Mifune: ─ Quê?! ─ Falou espantado.
S/n: ─ Então você também não sabia da existência dela?
Mifune: ─ Não.
S/n: ─ Leia. ─ Depois de ler, ele me abraçou.
Mifune: ─ Agora tudo faz sentido, Hanzō queria acabar com todos nós, os samurais, por uma decepção amorosa. Seu pai foi um grande homem e meu melhor amigo, tenha orgulho dele, s/n.
S/n: ─ Eu tenho. Só vou tomar um banho e já volto.
Mifune: ─ Quando terminar, vá até a sala, quero falar com você.
S/n: ─ Tudo bem.
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Um Amor Quase Inatingível 《Hashirama》
FanficA vida de Hashirama e de s/n vai mudar depois da segunda reunião dos cinco Kages. Porém, os dois pertencem a países diferentes, e s/n tem um sonho utópico. Será que eles vão deixar essas duas coisas atrapalhar? Ou o destino vai caçar um meio de junt...