CAPÍTULO 26 - DRAGON
Um Mestre da Espada percebe tudo. Em parte, é isso que o faz obter sucesso - e se manter vivo.
Mas suas habilidades sobrenaturais não foram necessárias para que Dragon Lankford percebesse que
estava acontecendo algo com o grupo mais próximo de Zoey. Só foi preciso que ele seguisse seus
instintos e respondesse a um a pergunta simples. Um pouco depois da segunda aula começar, Dragon
instruiu seus estudantes para que eles fizessem seus exercícios de aquecimento e disse que ele voltaria
logo. O seu instinto o estava incomodando, incitando, preocupando. Darius e Stark eram guerreiros
talentosos - ambos mais do que capazes nas suas áreas especificas de armamento. Darius era
provavelmente o melhor atirador de facas que Dragon já tinha conhecido, e a infalibilidade de Stark
com seu arco e flecha era, de fato, incrivelmente inspiradora. Mas nenhuma dessas habilidades
significava que eles deveriam ser responsáveis pelo treinamento de novatos jovens e impressionáveis.
Ensinar era um dom a parte, e Dragon duvidava muito que os dois vampiros tão jovens tivessem a
experiência e a sabedoria necessária para serem verdadeiros professores. Ela era jovem, muito jovem
quando se tornou professora. Foi assim que ele a havia conhecido... sua companheira... sua vida. Ele
sabia o que Anastasia diria se estivesse ali. Ela iria sorrir de um jeito amável e lembralo de que ele não
deveria julgar os outros tão severamente por causa da juventude deles, e que ele um dia já sentiu
como era ser julgado assim. Ela iria lembra-lo de que ele estava na posição perfeita para ser o mentor
dos jovens, para se certificar de que ele se desenvolveriam e se tornariam guerreiros valorosos e
professores excepcionais.
Mas Anastasia estava morta assim como o passado, e por causa disso a sua vida estava
completamente mudada. Dragon não queria supervisionar nem ser mentor de jovens professores,
especialmente â luz do fato de que eles haviam começado essa turma extra para que ele não tivesse
que suportar a presença do Raven Mocker transformado em garoto. Mas Dragon estava descobrindo
que o dever era uma coisa estranha. Mesmo que ele tivesse se afastado do caminho que trilhava com
sua companheira e sua Deusa, parecia que ele não estava completamente livre dos laços que o atavam
à honra e à responsabilidade. Portanto, a contragosto, Dragon cedeu aos instintos que estavam lhe
dizendo para conferir a aula dos jovens guerreiros e fez o curto caminho do ginásio até a arena do
estábulo de Lenobia, onde Stark e Darius ministravam o seu treinamento de guerreiros. Assim que ele
colocou os pés na serragem da arena, Dragon percebeu que estava certo por ter se preocupado. Os
dois vampiros não estavam conduzindo o treinamento, mas sim o humano do estábulo. Lenobia não
estava em nenhum lugar à vista, e os dois guerreiros estavam seguindo Aphrodite para fora do
estábulo. Dragon balançou a cabeça de desgosto. - Darius! - ele chamou. O jovem vampiro fez uma
pausa, gesticulou para que Stark e Afrodite fossem em frente e então veio apressado na direção de
Dragon. - Por que um humano está dando o treinamento na sua aula? - Não há outro jeito - Darius
respondeu. - Stark e eu precisamos escoltar Aphrodite e Zoey. - Escolta-las? Para onde? Dragon
reparou que Darius não estava confortável por discutir esse assunto com ele, mas o jovem guerreiro
realmente não tinha muita escolha. Não importava que eles tivessem opiniões diferentes sobre
Rephaim, Neferet e alguns novatos vermelhos, Dragon ainda era superior de Darius na hierarquia dos
guerreiro e ele devia uma resposta ao Mestre da Espada. - Thanatos vai liderar Zoey e o seu circulo em
um ritual na fazenda da avó dela. O feitiço envolvido deve revelar a maneira com que a mãe de Zoey
foi morta. Dragon ficou chocado - esse era um feitiço muito sério, que acarretava certa dose de perigo,apesar de a ameaça ser mais emocional do que física. Eu deveria ter sido informado. Eu devia ter sido
incluído. Dragon disfarçou seus sentimentos e apenas perguntou:
- Por que esse ritual vai acontecer agora, durante o horário de aula? - Esta é a quinta noite após
o assassinato dela. Dragon assentiu, compreendendo. - Uma noite para cada um dos elementos. Na
quarta noite, ficaria incompleto. Na sexta, seria tarde demais. Tem que ser hoje. - Exato, foi isso o que
Thanatos explicou também - Darius acrescentou obviamente desconfortável. - Tenho permissão para
ir, Mestre da Espada? Minha Profetisa me aguarda. - Sim, pode ir. Darius se curvou e Dragon o observe
enquanto ele se afastava. Então, com uma expressão severa em seu bonito, Dragon Lankford mudou
de direção e foi rapidamente para a sala de que Thanatos havia tomado para si. Ele ficou aliviado ao
ver que a Grande Sacerdotisa ainda estava lá, mexendo dentro de um armário no fundo da sala.
Thanatos estava recolhendo velas e ervas e colocando-as cuidadosamente em uma cesta favorita de
Anastasia. Essa visão o fez sentir-se ferido e exposto. Entretanto, ele limpou a garganta e perguntou: -
Sacerdotisa, posso ter uma palavra com você? Thanatos se virou ao ouvir o som da voz dele. -
Certamente, Mestre da Espada. - Darius me contou que você vai liderar o circulo de Zoey em um ritual
de revelação com algum feitiço importante na fazenda da avó de dela. Apesar de ele não haver
formulado a questão como uma pergunta, Thanatos respondeu. - Sim. - Sacerdotisa, eu achava que
você sabia que eu sou o líder dos Filhos de Erebus nesta Morada da Noite. - Estou ciente da sua posição
aqui, Mestre da Espada - ela afirmou. - Então, apesar de eu não querer censura-la nem ser
desrespeitoso, quero perguntar as suas razões para não ter me informado nem me incluído em uma
empreitada tão importante e perigosa quanto essa.
Thanatos hesitou e então assentiu como se estivesse concordando com ele. - Você está certo,
por causa da sua posição nesta escola eu deveria tê-lo informada sobre meus planos. Eu não o fiz por
uma razão muito simples: eu entendi que a sua presença no ritual seria uma distração; portanto, eu
não o incluí e não o informei. E peço desculpas se com isso fiz parecer que não respeito sua posição.
Não tive essa intenção. - Uma distração? Por que eu seria uma distração? - Como consorte de Stevie
Rae e seu protetor, Rephaim vai comparecer ao ritual. Completamente aborrecido, Dragon replicou: -
O que Rephaim tem a ver com o fato de você achar que eu seria uma distração? - Se você ferir o
Consorte da Sacerdotisa que personifica o elemento da terra, isso com certeza vai distraí-la da parte
fundamental que ela deve desempenhar no ritual de revelação, e isso vai impedir o prosseguimento do
feitiço. - Eu estarei lá para proteger nossos estudantes. Não para feri-los - Dragon forçou as palavras
entre dentes cerrados. - Aphrodite recebeu uma visão na qual você aparenta estar ferindo Rephaim.. -
Eu não faria isso a não ser que ele estivesse colocando os outros estudantes em perigo! - Seja como
for, a sua presença seria uma distração. Dragon, outros dois guerreiros estarão presentes e o poder do
circulo de Zoey será forte. Os estudantes estão protegidos. Além disso, Mestre da Espada, deixe-me
acrescentar que eu percebi uma mudança profunda e perturbadora em você desde a morte de sua
companheira. - Eu sofro a sua perda. - Mestre da Espada, acho que a verdade é que você está perdido.
E mesmo que Rephaim não fosse ao ritual, eu não ia querer a sua presença. - Então vou deixa-la para
que eu não seja uma distração - Dragon girou sobre seus calcanhares. Porém, antes que ele saísse da
sala, as palavras de Thanatos o alcançaram:
- Por favor, deixe-me explicar. Eu não iria querer que você estivesse presente em nenhum ritual
ande vai ser feito um feitiço para revelar a verdade sobre a morte com o objetivo de trazer justiça e
alívio. Não quero insulta-lo, mas sinto que você está em conflito com a sua própria vida que a suapresença simplesmente iria contra o próprio sentido do ritual. Como se as palavras dela tivessem
formado um muro diante dele, Dragon parou. Ele não se virou para olhar para a Grande Sacerdotisa.
Com uma voz que mal reconhecia como sua, ele falou: - Minha presença iria contra o próprio sentido
do ritual. Foi isso que você acabou de falar para mim? - Eu falei a verdade como eu a compreendo. -
Isso é tudo o que você tem a dizer para mim, Sacerdotisa? - ele ainda não se virou para olhar para ela. -
Sim, exceto que eu deseje que você seja abençoado, Mestre da Espada. Dragon não se curvou para ela.
Ele não cruzou seu punho sobre o coração em sinal de respeito. Ele não podia. Se ele não fosse embora
dali para pensar, Dragon sentia que ia explodir. Ele saiu cambaleando pelo corredor e começou a andar
às cegas. Ignorando os olhares curiosos dos estudantes, ele continuou o seu caminho ate sair do prédio
principal da Morada da Noite. As memórias o bombardeavam. Palavras giravam sem parar pela sua
mente. Ele estivera presente quando outro guerreiro havia sido impedido de acompanhar outra
Sacerdotisa há muitos e muitos anos, mas ele podia ouvir a voz de Anastasia tão claramente como se
ela tivesse acabado de falar. Não quero insulta-lo, mas não posso fazer um feitiço de paz enquanto
estou sendo protegida por um guerreiro. Isso simplesmente vai contra o próprio sentido do feitiço... A
Grande Sacerdotisa da Morada da Noite de Tower Grove havia concordado com a sua jovem
professora de feitiços e rituais e ordenando que Dragon escoltasse Anastasia no lugar de um guerreiro
vampiro. Ele recebera a tarefa de protegê-la naquela noite... de zelar por Anastasia enquanto ela fazia
um feitiço de paz no centro de St. Louis. E ele havia falhado com Anastasia.
St.Louis é uma cidade do Estado de Missouri, nos EUA, onde fica o Tower Grove Park (parque do
bosque da torre). (NT)
Ah, ela tinha sobrevivido. Ela não morrera naquela noite, mas Dragon havia permitido que o
mal escapasse da sua espada. O mesmo mal que cento e setenta e sete anos depois tinha assassinado
o seu amor, a sua vida. Dragon estava ofegante. Ele estava recostado contra algo que parecia frio e que
suavizava o calor em ebulição do seu corpo. Piscando, ele levantou os olhos e percebeu aonde os seus
pés o haviam levado. Dragon estava encostado na estátua de Nyx, que ficava diante do seu templo.
Enquanto ele olhava para a face de mármore da Deusa, o vento murmurante soprou as nuvens que
cobriam a lua e uma luz prateada acariciou Nyx, iluminando seus olhos. Por um segundo, pareceu que
ela estava viva e olhando para ele com tanta tristeza que o seu coração doeu, apesar de Dragon ter
pensado que ele estava quebrado em tantos pedaços que nunca mais sentiria isso de novo. Foi então
que Dragon compreendeu o que ele precisava fazer. - Eu vou para o ritual. Vou observar sem interferir,
a menos que o Mal tente atacar de novo. Se isso acontecer, desta vez eu juro que vou acabar com ele.
ZOEY
Você tem certeza de que não devemos chamar Shaylin par vir com a gente? - Stevie Rae
perguntou. Ela estava sentada com Rephaim no seu lugar de sempre no micro-ônibus enquanto
esperávamos que Thanatos se juntasse a nós. - Eu realmente acho que não é certo ela ir - respondi. -
Ela foi Marcada há apenas alguns dias. Ela ainda nem teve tempo para se acostumar em ser umanovata, muito menos para descobrir como lidar com a Visão Verdadeira. - Além disso, nós não estamos
anunciando por aí que ela tem a Visão Verdadeira - Aphrodite acrescentou. - Quanto menos gente
souber sobre os nossos assuntos, melhor. - Mas ela era parte do poema de Kramisha - Stevie Rae
argumentou.
- Nós não temos certeza disso. O poema diz... - eu franzi os olhos, como se isso pudesse ajudar
minha memória, e então recitei quase precisamente: - O poema diz: "Vistas com a Visão Verdadeira, as
Trevas nem sempre equivalem ao mal e a Luz nem sempre traz o Bem". E se a parte da Visão
Verdadeira for como a maioria dos poemas de Kramisha, que são simbólicos e não literais? Deusa, eu
detesto poesia - Aphrodite comentou. - Kramisha também não vai? - Stevie Rae disse, soando
estranhamente choramingante. - A gente não deveria leva-la? - Não, Stevie Rae, a gente precisa se ater
ao nosso circulo, ao centro do nosso grupo - eu afirmei. - O que significa a horda dos nerds, mais os
rapazes e moi- Aphrodite explicou. - Caipira, qual é o seu problema? A gente já dominou o mundo
antes e se deu bem na maioria das vezes. Você parece assustada - Damien observou. Stevie Rae olhou
para trás de mim, onde Damien estava sentado com Erin. - Eu estou assustada - ela admitiu em voz
baixa. - Não tenha medo - Rephaim deslizou seu braço em volta dela. - A visão de Aphrodite nos
preveniu. Não vai acontecer nada comigo. - Ahn, eu não estou bem certa de que seja melhor não ter
medo - eu falei, deixando meu instinto me ajudar a raciocinar em meio aos meus pensamentos. - Eu
vou ver como minha mãe foi assassinada. Isso me deixa com medo, portanto sei que tenho que estar
pronta para algo terrível e super difícil de assistir. Aphrodite teve uma visão da morte de Rephaim,
provavelmente durante o ritual que nos estamos nos preparando para fazer. Acho que tudo bem se
Stevie Rae estiver com medo, e você também deveria estar com medo, Rephaim. Pelo menos o
suficiente para que vocês dois estejam preparados para coisas ruins se elas acontecerem. - Eu estou
assustado - Damien confessou. - A morte de Jack é ainda tão recente, tão dolorosa, e pensar em ver
outra morte me assusta. - Todos nós vamos estar com você - eu assegurei a ele. - Todos nós estamos
juntos nisso.
. Moi (pronuncia-se muá) significa eu, em francês. (NT)
- Eu estou com medo. Nunca participei de um circulo sem ser uma gêmea - Shaunee soltou.
Houve um silêncio muito desconfortável, e então Erin disse do meio do ônibus: - Eu ainda estou aqui.
Eu ainda sou água para o seu fogo. Você não vai estar sozinha. - Todos nós precisamos ter um medo
seguro, não um medo burro - falei, sentindo-me incrivelmente aliviada com o fato de as gêmeas
estarem de certa forma se falando de novo. - O medo pode ser benéfico se for temperado com
prudência e coragem - nós demos um salto quando Thanatos pareceu surgir num passe de magica na
frente do ônibus. Ela estava segurando uma cesta de feitiçaria gigante e usava um manto longo com
capuz que tinha uma bonita cor azul safira. Ela parecia poderosa, assustadora e vinda de um tempo
antigo. Então ela sorriu e sua aparência ameaçadora se alterou para de algum modo acolher a todos
nós, então eu relaxei um pouquinho. - Estamos todos aqui - eu disse depois de engolir o coração que
estava saltando pela minha boca. - Estamos prontos. - Vocês estão quase prontos. Antes que a gente
saia do campus, preciso dar uma tarefa para cada um dos cinco membros do circulo. Como é um ritual
de revelação, e o feitiço que eu farei vai permitir que os presentes vejam o que estava oculto, cada umprecisa trazer para o altar algo que revele uma verdade sobre vocês que normalmente fica escondida. -
Ai, ai - suspirei. - Pensem um pouco no que vocês precisam revelar sobre si mesmo e depois vão buscar
algo que simbolize isso. Rapidamente. Nós precisamos terminar o ritual e o feitiço esta noite, antes da
meia-noite e do começo de um novo dia. Shaunee foi a primeira de nós a se levantar. Ela pareceu
determinada quando saiu apressada do ônibus. Damien a seguiu. Depois Stevie Rae. E então Erin. Tive
uma ideia repentina e comecei a vasculhar minha bolsa. Lá no fundo, junto com lenços Kleenez usados,
um ChapStick . (ChapStick é uma marca de protetor labial vendido em diversos países do mundo. (NT))
sem tampa e alguma sujeira de bolsa, encontrei o que procurava. Satisfeita, levantei o rosto para Stark,
Darius, Rephaim e Aphrodite olhando embasbacados para mim.
- Você precisa de ajuda para entender a tarefa? - Aphrodite perguntou apenas semi-
sarcasticamente. - Zoey já tem o que precisa com ela - Thanatos afirmou. - Sim. Ela está certa. Eu tenho
- tive um desejo muito imaturo de mostrar a língua para Aphrodite, mas não fiz isso (é claro), Em vez
disso, eu me concentrei em cruzar os braços e parecer convencida. Não tivemos que esperar muito
para que meu círculo voltasse. Stevie Rae foi a primeira. Ela estava franzindo a testa de um jeito
diferente. Minha melhor amiga não estava segurando nada, mas quando se sentou percebi que ela
colocou a mão sobre um dos bolsos da sua calça jeans, como se estivesse protegendo alguma coisa lá
dentro. Damien saiu e voltou do ônibus com a sua bolsa masculina. Ele deu um sorriso animado demais
para Thanatos e disse: - Missão cumprida! Shaunee voltou em seguida. Ela não disse nada. Só voltou
para o seu assento e continuou a olhar pela janela. Erin finalmente voltou. Ela estava segurando uma
pequena sacola térmica. Do tipo que empórios sofisticados (como o Petty's na Utica Square) dão para
que você leves sorvetes e coisas geladas para sua casa. - O que é? - ela perguntou rispidamente para
nós. - Já estou de volta. Estamos prontos. Podemos ir. Thanatos reprimiu a explosão de Erin com um
único olhar duro, que fez a metade da ex-gêmea sair de fininho para o fundo do ônibus. Então ela falou
para Darius: - Leve-nos para a fazenda de lavanda da Sylvia Redbird. Darius deu a partida e saiu com o
ônibus do campus da Morada da Noite. Eu pensei que Thanatos fosse se sentar (ahn, como uma
professora normal) e sacolejar junto conosco pelo caminho. Mas, em vez disso, ela segurou firme no
corrimão para deficientes (suspiro) com uma mão e enfiou a outra na cesta de feitiçaria super
carregada. De dentro da cesta, ela pegou um maço grande de algo que parecia um monte de plantas
com cachos de florzinhas brancas, como as que eu sempre via milhares de vezes na lateral das estradas
e nos campos de Oklahoma. - Como vocês sabem, vamos conduzir um ritual de revelação e eu vou
fazer um feitiço invocando a morte que, nós esperamos, vai iluminar imagens do passado,
principalmente do assassinato da mãe de Zoey. É um ritual difícil e um feitiço complexo - Thanatos
estava se dirigindo a todos nós, mas então ela voltou sua atenção para Stevie Rae. - Como já mencionei
antes, a terra é a chave desse feitiço. O sucesso da visão reside no poder da sua conexão com a terra,
assim como o compromisso do circulo em trazer à vida imagens dos fatos do passado. - Eu estou
realmente conectada com a terra. Prometo - Stevie Rae afirmou. -Thanatos curvou os lábios em um
sorriso. - Esse é um excelente começo. - Acredito que o meu circulo está realmente comprometido com
esse ritual também - eu disse. Escutei meus amigos em volta de mim ecoando minhas palavras com
"sim" e "aham". - Qual é a dessas ervas? - Aphrodite perguntou. Thanatos chacoalhou uma planta para
soltá-la das outras e a levantou para que pudéssemos vê-las. Como eu pensava desde o começo, era só
aquela velha planta que tinha monte de flores brancas comuns, mas bonitinhas, em um cacho no final
dela, um pouco parecida com aquela flor chamada de mosquitinho. - Isto não é uma erva. É uma
maravilhosa flor selvagem chamada angélica. Suas propriedades são surpreendentemente fortes e
puras. É a flor da comunicação. Quando usada em feitiçaria, a sua essência revela o que está escondidopara o olho da consciência. Durante o ritual desta noite, você, minha jovem Sacerdotisa Vermelha, vai
usar uma coroa confeccionada pelos seus amigos com esta flor mágica. - Aaaaaaah! Isso e muito legal!
Thanatos entregou o maço de flores selvagens para Stevie Rae. - Passe para frente. Vocês devem traçar
as plantas que receberem em um circulo. Stevie Rae vai empilhar os círculos na sua cabeça antes do
ritual. - Trançar? - Stark resmungou. Stevie Rae colocou um monte e flores nos nossos colos. Levantei
as sobrancelhas para Stark. - Sim. Trançar. Ordens da morte. - Bem, nesse caso... - ele suspirou e
começou a trançar os longos caules desajeitadamente.
Enquanto todos nós trançávamos (Rephaim, que parecia ter algum dom estranha com nós,
acabou elaborando uma trança bacana e intricada e ajudou Stark com a bagunça que ele estava
fazendo), Thanatos andava para a frente e para trás no corredor do ônibus e falava com a gente. Era
tão estranho quanto estar em uma aula móvel. - No momento em que nossos pés tocarem a terra do
lugar do nosso ritual, precisamos nos concentrar no objetivo do feitiço. Tentem afastar o resto do
mundo das suas mentes. Concentrem-se apenas em uma pequena coisa: que nós vamos receber
permissão para ver a verdade sobre a morte de Linda Heffer. - Assassinato - eu ouvi dizer. - Ela não
morreu simplesmente. Ela foi assassinada. Thanatos se virou e o olhar dela encontrou o meu. Ela
concordou. - Sim, eu errei. Nós estamos buscando a verdade, e portanto devemos falar a verdade. Sua
mãe não morreu por idade avançada foi por doença. Ela foi assassinada. Nós estamos pedindo
permissão para testemunhar isso. - Obrigada - eu falei e então continuei a trançar. - É auspicioso que o
assassinato tenha ocorrido em uma fazenda de lavandas. A lavanda é uma poderosa erva mágica. Ela
tem propriedades de purificação, mas a sua característica mais pura é a personificação da
tranquilidade. Ela acalma e alivia. Ela evoca paz e sossego. - Por que isso é bom? A mãe de Z. foi
assassinada no meio de um monte de lavandas. Parece que essa coisa tranquilizadora não funcionou
muito bem - Afrodite observou. - Uma planta não pode forçar as ações de alguém que está
comprometido com o seu caminho destrutivo. As lavandas não poderiam salvar a mãe de Zoey. Mas o
fato de ela ter sido assassinada rodeada pela terra que nutre as lavandas significa que a terra está
desconfortável com a violência cometida em um espaço que deveria ser de paz. - E isso é bom para nós
por que... - eu perguntei, sentindo-me totalmente burra. - Porque a terra vai querer se ver livre da
violência produzia sobre ela. A terra deve fornecer as imagens ansiosamente, mas não facilmente. - Por
que não facilmente? - Damien quis saber. - Rituais e feitiços que lidam com grandes emoções são fáceis
Thanatos respondeu. - Feitiços de morte são particularmente traiçoeiros. A morte raramente
coopera, mesmo quando nós apenas queremos vislumbra-la e não abraça-la completamente. - Então,
quando a minha mãe dizia que as coisas boas não chegam facilmente, ela estava falando a verdade -
Stevie Rae afirmou. - Estava - Thanatos concordou. - Portanto, vamos continuar com a preparação. O
feitiço vai ter três partes. A primeira vai acontecer a partir de agora, antes de chegarmos ao lugar físico
do nosso ritual. É conhecida como Relaxamento. Para que nós tenhamos sucesso hoje à noite,
precisamos todos estar em harmonia com o nosso objetivo. Limpem suas mentes. Concentrem-se. - Na
morte? - Stevie Rae perguntou. - Não, concentrem-se na verdade. No nosso desejo compartilhado de
buscar e encontrar a verdade nesta noite. - A Visão Verdadeira. Eu não tinha percebido que havia
falado as palavras em voz alta até Thanatos concordar comigo. - Sim, de fato. A Visão Verdadeira é um
excelente modo de colocar as coisas. Hoje nós desejamos enxergar com a Visão Verdadeira. Thanatos
foi para o fundo do ônibus para conferir a trança de angélicas de Erin. Senti olhares sobre mim e
levantei o rosto, deixando minha coroa de flores selvagens um pouco de lado, para ver Aphrodite e
Stevie Rae me encarando. - Hoje, "vistas com a Visão Verdadeira" - Aphrodite citou em voz baixa. - "asTrevas nem sempre equivalem ao mal. A Luz nem sempre traz o bem." - Eu disse que a gente devia ter
trazido Kramisha - Stevie Rae sussurrou. - Acho que a gente devia ter trazido um tanque de guerra -
Stark comentou. - Limpem suas mentes! - eu praticamente rosnei, dando um olhar duro para eles.
Então continuei a trançar. Tentei limpar minha mente. Tentei pensar na verdade.
Mas eu era muito jovem... estava com muito medo... Muito preocupada. Então a verdade em
que eu acabei me concentrando era simples, mas definitivamente não era a verdade à qual Thanatos
havia se referido: A verdade é que preciso da minha mãe e que eu daria tudo para que ela estivesse
viva e do meu lado de novo.
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Destinada the house of nigth
VampireHá novas forças trabalhando na Morada da Noite. Algumas delas ameaçam sua estabilidade. Zoey está finalmente em casa, segura, ao lado do guerreiro Stark, se preparando para enfrentar Neferet. Kalona lançou seu poder sobre Rephain. E, após terem sido...