CAPÍTULO 8 - ZOEY

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CAPÍTULO 8 – ZOEY
Meu estomago se contraiu e eu me senti como se fosse vomitar.
- É sobre a sua mãe? Stark olhou para mim e eu concordei de novo com a cabeça. Então ele
explicou: - A mãe de Zoey está morta. - Oh, não! - Damien exclamou, com lágrimas instantaneamente
nos seus olhos. - Não, ok? - eu disse rápido. - Não vamos fazer isso aqui. Não quero todo Damien
apertou os lábios, piscou forte e assentiu. -Vamos lá Z. Vamos todos ver a sua avó - Stevie Rae veio
para o meu outro lado e me deu o seu braço. Aphrodite segurou a mão de Damien e eles nos seguiram.
Durante todo o caminho, tentei me preparar para o que vovó ia me contar. Acho que eu estava
tentando me preparar para isso desde que acordei do meu sonho em que visitei o Mundo do Além e
testemunhei Nyx dando boas vindas para o espírito de minha mãe. Mas, na verdade, e eu somente
percebi isso quando entrei no prédio principal da escola e me aproximei do saguão da frente, é que eu
nunca estaria preparada para receber essas noticias. Um pouco antes de atravessarmos a ultima porta,
Stark apertou minha mão. - Eu estou aqui. Te amo - Eu também te amo, Z. - Stevie Rae afirmou. -Eu
também - Damien falou e deu um pequeno soluço. - Você pode pegar emprestado o meu brinco de
diamantes de dois quilates - Aphrodite disse. Eu parei e me virei para ela. - Hã?Ela deu de ombros. -
Isso é o mais próximo de uma declaração de amor que você vai ouvir de mim. Ouvi Stevie Rae soltar
um suspiro enorme e vi a testa de Damien ficar úmida quando ele se virou para ela sem acreditar. Mas
eu simplesmente respondi. - Obrigada. Vou aceitar.
Isso fez Aphrodite franzi as sobrancelhas e resmungar: -Deusa, eu odeio ser gentil. Eu me soltei
de Stark e Stevie Rae e abri a porta dupla. Vovó estava sozinha no salão, sentada em uma espaçosa
poltrona de couro. Damien estava certo, vovó andara chorando. Ela parecia velha e muito, muito triste.
Assim que ela me viu, ficou em pé. Nós nos encontramos no meio do salão e nos abraçamos. Quando
ela finalmente parou de me abraçar, deu um passo para trás apenas o suficiente para olhar no meu
rosto. Ela manteve suas mãos nos meus ombros. As mãos dela eram quentes, sólidas e familiares, e de
algum modo aquele toque fez que o nó no meu estômago fosse suportável. - Mamãe está morta - eu
tive que dizer isso antes que ela o fizesse. Vovó não pareceu surpresa por eu já saber. Ela
simplesmente concordou e falou: - Sim, u-we-tsi-a-ge-ya. Sua mãe está morta. O espírito dela veio até
você? - De certo modo. Na noite passada, enquanto eu estava dormindo, Nyx me mostrou mamãe
entrando no Mundo do Além. Pelas suas mãos, senti o tremor que atravessou o corpo de vovó. Ela
fechou os olhos e cambaleou. Por um segundo, tive medo de que ela fosse desmaiar, então cobri suas
mãos com as minhas. Espírito, venha até mim! Ajude vovó! O elemento com o qual eu tinha a conexão
mais forte respondeu imediatamente. Eu o senti girar como um redemoinho através de mim e entrar
na vovó, que arfou e parou de cambalear, mas não abriu os olhos. - Ar, venha para mim. Por favor,
envolva vovó Redbird e deixe-a respirar fundo - Damien deu um passo para o meu lado e tocou o braço
de vovó suavemente, enquanto uam brisa impossível rodopiou em volta de nós. - Fogo, venha para
mim. Por favor, aqueça a avó de Zoey para que, mesmo que ela esteja triste, não sinta frio. Pisquei
surpresa quando Shaunee se juntou a Damien. Ela também tocou o braço de vovó por um segundo,
então sorriu com os olhos e falou: - Kramisga disse que você precisava de nós. - Água, venha para mim.Banhe a avó de Z. e, por favor, leve embora um pouco da tristeza dela com você - Erin tomou seu lugar
ao lado de Shaunee, tocando as costas de vovó;. Então, exatamente como sua gê-
mea, ela sorriu através de lagrimas para mim. - É, e a gente nem teve que ler o poema dela. Ela
só disse para a gente vir para cá. Os olhos de vovó ainda estavam fechados, mas eu vi seus lábios se
curvarem levemente para cima. - Mas o meu poema era bom - a voz de Kramisha veio de algum lugar
atrás de mim. Depois da bufada de Aphrodite, ouvi Stevie Rae dizer:- Terra, por favor, venha para mim
- ela veio para o meu outro lado e colocou seu braço em volta de vovó. - Deixe a vovó de Z. pegar um
pouco do seu poder emprestado para que ela possa ficar bem de novo logo. Vovó inspirou
profundamente três vezes. Quando ela soltou a respiração pela ultima vez, abriu os olhos e, apesar de
ainda haver tristeza neles, seu rosto não estava mais com a aparência assustadora e desolada de uma
pessoa velha que ela tinha na hora em que eu a vira. - Explique a ele o que eu vou fazer, u-we-tsi-a-ge-
ya. Eu não estava certa sobre o que vovó estava aprontando, mas concordei. Eu sabia que ela ia me
fazer entender, e eu estava certa. Ela foi até cada um dos meus quatro amigos. Começando por
Damien, ela tocou seu rosto e disse: -Wa-do, Inole. Você me fortaleceu. Enquanto ela ia até Shaunee,
eu expliquei para meus amigos: - Vovó está agradecendo vocês nomeando-os com a palavra Cherokee
para cada um dos seus elementos. - Wa-do, Egela. Você me fortaleceu - vovó tocou as bochechas de
Shaunee e se voltou para Erin. - Wa-do, Ama. Você me fortaleceu - por último, ela tocou o rosto de
Stevie Rae, ainda molhado de lágrimas. - Wa-do, Elohine. Você me fortaleceu. -Obrigado, vovó Redbird
- cada um dos quatro murmurou: - Gv-li-e-le-ga - vovó disse, repetiu em inglês: - Obrigada - então ela
olhou para mim. - Agora eu consigo suportar contar para você - ela parou na minha frente e pegou
minhas duas mãos. - Sua mãe foi assassinada na minha plantação de lavanda. - O quê? - senti um
choque me atravessar. - Eu não entendo. Como? Por quê?
- O xerife disse que foi um roubo e que ela estava no caminho dos bandidos. Ele acha que, como
levaram meu computador, minha televisão e minhas câmeras, e por causa da violência gratuita do
crime, provavelmente foram viciados que roubaram para comprar drogas - vovó apertou minhas mãos.
- Ela tinha deixado o marido, Zoey Passarinha, e vindo me procurar. Eu estava no powwow·. Eu não
estava lá para acolhe-la - a voz de vovó ficou estável, mas lágrimas se empoçaram nos seus olhos e
então começaram a cair. - Não, vovó, não se culpe. Não foi culpa sua e, se você estivesse lá, eu teria
perdido vocês duas e não conseguiria suportar isso! - Eu sei, u-we-tsi-a-ge-ya, mas a morte de uma
filha, mesmo uma que havia se perdido da mãe, é um fardo muito pesado. - Foi muito... ela... mamãe
sofreu? - minha voz era um pouco mais que um sussurro. -Não. Ela morreu rápido - vovó respondeu
sem hesitar, mas eu pensei ter visto algo passar pelos seus olhos. - Você a encontrou? Vovó concordou,
com lágrimas descendo cada vez mais rápido pelo seu rosto. - Sim. Ela estava no campo bem ao lado de
casa. Linda estava deitada ali e parecia tão em paz que no começo achei que ela estava dormindo - a
voz de vovó foi interrompida por um soluço. - Mas ela não estava. Segurei firme nas mãos de vovó e
disse as palavras que eu sabia que ela precisava ouvir: - Ela está feliz, vovó. Eu a vi. Nyx tirou a tristeza
dela. Ela está esperando por nós no Mundo do Além e ela tem a benção da Deusa. - Wa-do, u-we-tsi-a-
ge-ya. Você me fortaleceu - vovó sussurrou para mim enquanto me abraçava de novo. - Vovó - eu falei
contra sua bochecha. - Por favor, fique comigo, pelo menos por um tempinho. - Não posso u-we-tsi-a-
ge-ya- ela deu um passo para trás, mas continuou segurando a minha mãe. - Você sabe que eu vou
seguir as tradições do nosso povo e vou prantear por sete dias inteiros, e este não é o lugar certo para
fazer isso.. Powwow é uma cerimonia dos índios norte-americanos conduzida por uma xamã. (N.T.)
- A gente não está ficando aqui, vovó - Stevie Rae disse, enxugando o rosto com a manga. - Zoey
e todo o nosso grupo nos mudaram para os túneis embaixo da estação de Tulsa. Eu sou a Grande
Sacerdotisa oficial de lá e adoraria se você viesse ficar com a gente, por sete dias sete meses ou pelo
tempo que quiser. Vovó sorriu para Stevie Rae. - É uma oferta generosa, Elohine, mas a sua estação
também não é o lugar certo para eu ficar durante o período de luto - os olhos dela encontraram os
meus e eu sabia o que ela ia dizer antes que começasse a falar. - Preciso ficar na minha terra, na minha
fazenda. Tenho que passar a próxima semana comendo e dormindo bem pouco. Preciso me concentrar
em purificar a minha casa e a minha terra desse horrível malfeito. - Sozinha, vovó - Stark estava ali ao
meu lado, com sua presença forte e afetuosa. - É seguro depois do que aconteceu? - Tsi-ta-ga-a-sh-ya,
não se iluda com a minha aparência - ela chamou Stark de galo, o nome do animal que ela o batizou. -
Eu posso ser muitas coisas, mas não sou uma mulher velha e indefesa. - Nunca achei que você fosse
indefesa - Stark emendou. - Mas talvez não seja uma boa idéia você ficar sozinha. - É vovó. O que Stark
diz faz sentido - eu falei. - U-we-tsi-a-ge-ya, eu preciso purificar minha casa, minha terra e a mim
mesma durante meu pranto e meu luto. Não posso fazer isso a menos que eu esteja em paz com a
terra, e eu não vou ficar dentro de casa até que ela esteja totalmente purificada e os sete dias tenham
passado. Vou acampar no jardim de trás, na clareira perto do riacho - vovó sorriu para Stark, Stevie Rae
e o resto dos meus amigos. - Acho que você não ia passar muito bem exposto à luz do sol por tanto
tempo. - Bem, vovó, eu... - comecei, mas ela me interrompeu. - Isso é algo que eu tenho que fazer
sozinha, u-we-tsi-a-ge-ya. Mas há algo que eu preciso pedir a você. - Qualquer coisa - eu falei. - Daqui a
sete dias, você pode ir a minha fazenda com seus amigos? Você pode traçar um circulo e conduzir o
seu próprio ritual de limpeza?
- Eu vou - concordei e meu olhar se voltou para os meus amigos que me rodeavam. - Nós vamos
- Stevie Rae acrescentou. Suas palavras foram ecoadas pelos garotos que estavam de pé ao meu lado e
à minha volta. - Então é assim que vai ser - vovó disse com firmeza. - A tradição Cherokee de luto e
purificação vai ser acoplada ao ritual vampiro. É bom que seja assim, já que minha família se expandiu
para incluir tantos vampiros e novatos - ela olhou ao redor para o meu grupo. - Eu peço mais uma
coisa. Que cada um de vocês tenham pensamentos de luz sobre mim e a mãe de Zoey pelos próximos
sete dias. Não importa que Linda tenha vacilado durante sua vida. O que importa é que ela seja
lembrada com amor e pensamentos bondosos. As frases "pode deixar" e "ok, vovó" soaram em volta
de mim. - Agora eu vou embora, u-we-tsi-a-ge-ya. O sol não vai demorar a nascer, e eu vou saudá-lo na
minha terra - ainda de mãos dadas, vovó e eu caminhamos até a porta. Quando passamos pelos meus
amigos, cada um deles tocou e disse "até logo, vovó", o que a fez sorrir entre lágrimas. Ao
atravessarmos a porta, tivemos uma pequena bolha de privacidade, e eu a abracei de novo, dizendo: -
Eu entendo por que você tem que ir, mas eu realmente preferia que você não fosse. - Eu sei, mas daqui
a sete dias... Então a porta foi aberta e de repente Neferet estava lá, parecendo sombria e
ilusoriamente bonita. - Sylvia, eu soube da sua perda. Por favor, aceite meu sincero pesar por ter sido a
sua filha quem morreu. Vovó ficou tensa ao som da voz de Neferet e se soltou do meu abraço. Ela
respirou fundo e encontrou o olhar da vampira. - Eu aceito os seus pêsames, Neferet. Realmente sinto
a sinceridade nas suas palavras. - Existe algo que a Morada da Noite possa fazer por você? Há alguma
coisa de que você precise? - Os elementos já me fortaleceram e a Deusa já deu boas-vindas para minha
filha no Mundo do Além. Neferet assentiu.Zoey e seus amigos são gentis e a Deusa é generosa.- Eu não acredito que seja gentileza ou
generosidade o que estava por trás das ações de Zoey, seus amigos e a Deusa. Acho que foi amor. Você
não acha, Grande Sacerdotisa? Neferet fez uma pausa, como se ela realmente estivesse pensando na
pergunta de vovó, e então respondeu: - O que acho é que você pode estar certa. - Sim, eu posso. E há
uma coisa que eu preciso da Morada da Noite. - Nós ficaremos honrados em ajudar uma Sábia
Cherokee em um momento de necessidade - Neferet afirmou. - Obrigada. Gostaria de pedir que Zoey e
o seu círculo tenham permissão para ir até minha fazenda daqui a sete dias para realizar um ritual de
purificação. Isso vai complementar o meu luto e limpar minha casa de qualquer mal que ainda possa
ter restado. Eu vi algo passar dentro dos olhos intensos de Neferet - algo que pelo menos por um
momento, pode ter sido medo. Mas, quando ela falou, sua expressão e sua voz refletiam apenas um
interesse educado. - É claro. Eu dou permissão para esse ritual de bom grado. - Obrigada, Neferet -
vovó disse e então me abraçou mais uma vez e me beijou suavemente. - Daqui a sete dias, u-we-sti-a-
ge-ya, eu vou vê-la de novo. Pisquei com força para evitar que minhas lágrimas caíssem. Não queria
que a última visão que a vovó tivesse de mim fosse relacionada a choro e meleca de nariz. - Sete dias.
Eu a amo muito, vovó. Nunca se esqueça disso. - Eu não posso esquecer isso assim como não me
esqueço de respirar. Eu também te amo, filha. Então vovó se virou e foi embora. Eu fiquei paradas na
entrada da escola, observando suas costas fortes e eretas até que a noite a encobriu totalmente. -
Vamos, Z. - Stark colocou seu braço em volta do meu ombro. - Acho que já chega de escola por hoje.
Vamos para casa. - É, Z. Vamos para casa - Stevie Rae concordou. Eu estava assentindo e me
preparando para dizer "tudo certo" quando senti um calor súbito queimando o meu peito. No começo
fiquei confusa.
Ergui minha mão para esfregar o local de ardência e toquei o circulo duro que estava irradiando
o calor. De repente, Aurox deu um passo e entrou no meu campo de visão. Ele estava com Dragon
Lankford. - Zoey, eu ouvi os noticias sobre sua mãe. Sinto muito - Dragon disse. - O-obrigada -
murmurei. Não olhei para Aurox. Lembrei das palavras de Lenobia, de que eu precisava fazer cara de
pôquer perto dele, mas eu me sentia tão machucada e ferida que não consegui fazer nada além de
falar sem pensar para Stark: - Quero ir para casa, mas primeiro preciso de um momento comigo mesma
- antes mesmo que ele pudesse dizer "tudo bem", eu me desvencilhei do seu braço e passei rápido por
Dragon e Aurox. - Zoey? - Stark me chamou. Aonde você... - Vou estar no chafariz do jardim perto do
estacionamento - eu disse por sobre o ombro para ele. Pude ver que ele estava franzindo a testa
preocupado, mas eu não consegui evitar. Eu precisava sair dali naquela hora. - Venha me chamar
quando todos já estiverem dentro do ônibus e a gente puder partir. Não esperei pela sua resposta.
Abaixei a cabeça e andei apressada pela calçada que ladeava o prédio principal da escola. Quase
correndo, virei à direita e fui direto para o banco de ferro que ficava abaixo de uma as árvores em
círculo que emolduravam o chafariz e o pequeno jardim, que os novatos chamavam de jardim dos
professores, pois era perto da parte da escola que eles moravam. Eu sabia que se alguém olhasse pelas
janelas amplas e ornamentadas eu seria vista, mas eu também sabia que todos os professores
deveriam estar terminando a sexta aula nas suas classes, o que significava que este era o único lugar do
campus em que eu podia quase com certeza ficar sozinha a esta hora. Então eu me sentei ali, na
sombra de um grande ulmeiro, tentando controlar meus pensamentos. A presença de Aurox tinha
confundido meus pensamentos. Agora, neste segundo, eu não me importo nem um pouco. Mamãe
está morta. Seja o que for que Neferet e o Mal estejam preparando para mim, eles podem tirar o
cavalo da chuva. Todo mundo pode tirar o cavalo da chuva. Meus pensamentos pareceram maldosos e
duros, mas a lágrima que estava deslizando pelo meu rosto contava uma história diferente. Mamãe não esta mais neste mundo. Ela não está mais em casa esperando pelo padrastro-perdedor e cuidando
da cozinha. Eu não posso ligar para ela e deixá-la brava comigo e ouvi-la me dar um sermão por eu ser
uma filha horrível. Era uma sensação estranha ser órfã. Quero dizer, eu e ela não fomos próximas por
mais de três anos, mas mesmo assim sempre continuava no fundo da minha mente a esperança de que
um dia ela ia recobrar a razão, abandonar aquele idiota com quem ela tinha se casado e voltar a ser a
Mamãe. - Ela o tinha abandonado - eu falei. - Tenho que lembrar disso - minha voz deu um nó, mas
limpei a garganta e falei em voz alta novamente para a noite. - Mamãe, sinto muito que nós não
pudemos nos despedir. Eu amo você. Sempre amei. Sempre vou amar - então coloquei meu rosto entre
minhas mãos, cedi a terrível tempestade de tristeza que estava dentro de mim e comecei a chorar
convulsivamente.

Destinada the house of nigth Onde histórias criam vida. Descubra agora