CAPÍTULO 18- ZOEY

7 2 0
                                    

CAPÍTULO 18 – ZOEY
O domingo foi tão péssimo quanto o sábado tinha sido. Tempos depois, olhando para trás, eu
percebi que foi quando Erin e Shaunee se separaram que a coisa toda começou a desandar. Foi es-
tranho que o fato de as duas não se falarem provocou no resto do pessoal. Era como se a irritação de
uma com a outra desequilibrasse todo mun-
- Eu não sei você, mas as compartilhadoras de cérebro estão me deixando louca - Aphrodite se
estatelou ao meu lado no meio-fio em que eu estava sentada, no antigo caminho de entrada da
estação. Suspirei e pensei lá se vai minha tentativa de ficar sozinha por um segundo. Eu me afastei para
abrir mais espaço para ela.
- É, eu sei. É estranho elas não estarem mais sempre juntas, e agora Shaunee parece prestes a
explodir em lágrimas a qualquer momento e Erin está toda quita e amuada. Isso tudo é muito louco
- Fogo e gelo - Aphrodite murmurou. Minhas sobrancelhas se levantaram. - Sabe, você pode
estar certa. - Não sei quando você vai se ligar e perceber que eu estou certa na maior parte do tempo -
Aphrodite pegou uma lixa enfeitada com brilhos na sua bolsa da Coach e começou a lixar as unhas. - Eu
não sei o que mais aquele poema idiota significa, mas parte dele definitivamente é sobre as
compartilhadoras de cérebro. - Por que você está lixando as unhas? Ele me olhou como se eu fosse
uma otária. - Porque esta cidade ridícula não tem spas que ficam abertos à noite inteira. Bem, sem
contar aqueles assustadores, mas eu só quero fazer as unhas, não minha vagina. Por falar nisso,
também não quero pegar o HIV. - Aphrodite, às vezes o que você diz não faz o menor sentido. - De
nada por alargar os seus horizontes. Enfim, como eu estaca dizendo, o que você vai fazer em relação a
Tweedledee e Tweedledumber? - Ahn, nada. Elas são melhores amigas. Às vezes, duas melhores
amigas ficam bravas uma com a outra. Elas vão ter que descobrir sozinhas um jeito de se perdoarem. -É
sério? Isso é tudo? - Bem, Aphrodite, o que diabos você espera que eu faça? - Você acabou de
praguejar? "Diabo" - ela colocou aspas com os dedos - não é uma palavra maldita? - Que tal você
encontrar com ele em pessoa e descobrir? - franzi meus olhos para ela. - E, pela milésima vez, não há
nada de errado em não ser boca-suja! - Gritando e praguejando. Agora só falta você me dizer que bolas
de neve estão voando porto do coisa ruim lá no inferno. - Você é detestável - eu falei.
. Tweedledee e Tweedledum são personagens que aparecem no livro Through the Looking Glass
( traduzido para o portugues como Aline no País da Maravilhas), de Lewis Carrol. Eles são irmãos,
ilustrados como gemeos; um costuma complementar o que o outro diz. Aphrodite faz aqui um
trocadinho com a palavra "dumber", que significa "mais burro". (N.T.)
- Obrigada. Mas, falando sério, o que você vai fazer em relação às gêmeas? - Deixe elas
respirarem ! - eu não tive a intenção de gritar, mas o eco do edifício de pedra me mostrou outra coisa.
Respire fundo e tentei parar de querer estrangular Aphrodite. - Eu não posso ser a responsável por
resolver tudo cada vez que um dos meus amigos tem problemas com outros amigos. Isso não faz
sentido. - Isso está em um poema idiota, mas profética - ela respondeu, lixando as unhas. - Eu ainda
não vejo com isso faz que eu... Fechei minha boca quando o grande Lincoln Town Car preto surgiu naentrada circular da estação e parou na nossa frente. Enquanto a gente observava com as bocas
ridiculamente abertas, um guerreiro Filho de Erebus saiu do assento do motorista, ignorando-nos
completamente, e abriu a porta detrás do carro. Longa, esbelta e vestida de veludo azul escuro,
Thanatos pegou a mão do guerreiro e graciosamente saiu do veículo. Ela sorriu para nós e assentiu
quando ele se curvou para ela, mas a sua atenção estava claramente voltada para o prédio da estação.
- Que exemplo adorável de arquitetura art décor dos anos - ela disse, reparando na fachada da
estação. - Eu lamento que as estradas de ferro tenham perdido importância. Quando elas finalmente
foram desenvolvidas, eram um modo maravilhoso e relaxante de se deslocar por este grande país. Na
verdade, ainda são hoje em dia. É pena que haja tão poucas rotas de trem modernas disponíveis. Vocês
deveriam ter visitado uma estação nos anos : tragédia, esperança, desespero e coragem, tudo
concentrado em um espaço vibrante e vivo - ela continuou a fitar intensamente o velho edifício. - Não
eram como os aeroportos horrendos de hoje. Eles não têm nenhum romance, alma e vida,
principalmente desde a tragédia de de Setembro. Tão triste... tão triste...
- Ahn, Thanatos, será que eu posso ajudá-la em algo? - eu finalmente perguntei depois de ficar
óbvio que ela iria ficar ali olhando a estação, tipo, para sempre. Ela fez um gesto para que o guerreiro
voltasse para o caro. - Espero por mim do outro lado da rua no estacionamento. Eu não vou demorar -
ela afirmou, e então, ele se curvou para ela e partiu com o carro. Ela encarou Aphrodite e a mim. -
Senhoritas, acho que chegou a hora de uma mudança. - Uma mudança de quê? - eu quis saber. -
Aparentemente, uma mudança na nossa entrada - Aphrodite falou ironicamente. - Kalona veio por
aqui. Thanatos está aqui. Nós precisamos colocar algum tipo de tapete de boas-vindas aqui, pois toda
aquela coisa de entrar pelo porão nojento não está dando certo. - Isso foi colocado de modo estranho,
mas verdadeiro - Thanatos disse. - E é uma das razões pelas quais, em nome do Conselho Supremo dos
Vampiros, eu comprei este edifício para vocês.
Eu pisquei surpresa e tentei formular uma resposta adequada, até que Aphrodite se
manifestou: - Espero que isso signifique uma reforma. - Significa sim - Thanatos concordou. - Espere
um pouco - eu me pronunciei. - Nós não somos uma Morada da Noite. Por que o Conselho Supremo
iria se envolver com o lugar em que estamos morando? - Porque nós somos especiais, incríveis e eles
não querem que a gente viva em um cortiço imundo - Aphrodite opinou. - Ou porque eles querem
controlar o lugar onda a gente vivi e o que nós fazemos aqui - eu afirmei. Thanatos levantou suas
sobrancelhas.
- Você fala com a autoridade de uma Grande Sacerdotisa. - Eu não sou realmente uma -
assegurei a ela. - Ainda sou uma novata. Stevie Rae á a Grande Sacerdotisa aqui. - E onde ela está? - Ela
está com Rephaim. Logo o dia vai clarear e eles gostam de ficar junto antes de ele se transformar em
um pássaro - respondi de forma direta. - E o que você é? Franzi a testa. - Você sabe o tanto o que eu
faço quanto o que eu sou. Você sabe que Stark recebeu a espada do Guardião no Mundo do Além, o
que significa, consequentemente, que sou uma rainha, pois ele é meu guerreiro e Guardião. - Por que
todas essas perguntas? Eu pensei que você estava do nosso lado - Aphrodite interveio. - Eu estou do
lado da verdade - Thanatos afirmou. - Você sabe que Neferet é uma vaca mentirosa - Aphrodite a
lembrou. - Nós contamos tudo para você na Ilha de São Clemente, quando Zoey estava em La La Land. -
Ela quis dizer no Mundo do Além - revirei os olhos para Aphrodite. - Sim, certo, no Mundo do Além.
Que seja - ela continuou. - Mas lá, nós contamos a você a verdade sobre Neferet e você agiu como seacreditasse na gente. Você até nos ajudou a desvendar a coisa de Skye com Stark. Então, o que há com
você agora?
. La La Land é uma musica da cantora norte-americana Demi Lovato que fala sobre a dificuldade
de manter a própria personalidade devido às pressões da fama. (NT)
Houve uma pausa enorme, o que me deu tempo suficiente para pensar se Aphrodite e eu
tínhamos ido longe demais. Quero dizer, Thanatos era uma vampira antiga e poderosa, membro do
Conselho Supremo e cuja afinidade concedida pela Deusa era com a morte. Provavelmente não era
uma boa ideia questiona-la, quanto mais irrita-la. - Eu acredito que o que vocês me contaram quando a
alma de Zoey estava despedaçada era o que vocês achavam que era a verdade - Thanatos finalmente
falou. - Eu estou de volta e nós não estamos na Itália, mas a verdade não mudou. Neferet não mudou -
eu afirmei. - E ainda assim ela insiste que foi perdoada pela Deusa e que ela a presenteou com Aurox
como sinal de favor divino - Thanatos disse. - Isso é cascata - eu repliquei. - Neferet não mudou e Aurox
não é um presente de Nyx. - Eu realmente acredito que Neferet está escondendo a verdade - Thanatos
comentou. - Esse é um modo de colocar as coisas - eu falei. - Mas não é o modo como nós colocamos -
Aphrodite completou. - Nós não queremos ser desrespeitosas - eu acrescentei. - Só que já estamos
enfrentando Neferet há um bom tempo e temos vistos coisas que ela cuidadosamente esconde do
Conselho Supremo e, na verdade, da maioria dos vampiros em geral. - Mas, quando tentamos
desmascara-la, ninguém acredita na gente porque somos crianças - Aphrodite se queixou. - E um grupo
de crianças ferradas e rejeitadas. Levantei minhas sobrancelhas para Aphrodite e ela consertou: - Bem,
eu não. Estou falando de vocês.
- Isso é parte da razão pela qual estou aqui - Thanatos disse. - Para ser os olhos e ouvidos do
Conselho Supremo. - Então o que significa que eu posso dar um descanso para o cartão de credito ouro
da minha mãe e que alguns de nós, tipo aqueles que não precisam se enfiar em um caixão quando o sol
nasce, vão poder ter quartos descentes aqui em cima quando este prédio for reformado - Aphrodite
sugeriu. - Significa isso sim. E também que isto aqui pode se transformar em uma legítima Morada da
Noite, sem nenhum vinculo com a Morada da Noite de Tulsa - Thanatos explicou. - O Conselho
Supremo acredita que é sábio ter uma Morada da Noite dos novatos vermelhos que permaneça, na
maior parte do tempo, separada da original. - Tudo bem, mas espere aí. Foi exatamente por isso que
não construíram duas escolas de ensino médio em Broken Arrow. Seria muita rivalidade em um só
distrito - eu falei. - O ódio entre Union e Jenks já está de bom tamanho, e Broken Arrow precisa
resolver isso com uma frente unida. - De que diabos você está falando? - Aphrodite perguntou. -
Broken Arrow... Union... Jenks - eu respondi. - Escola de ensino médio demais em uma só cidade é
péssimo. - Você era presidente do grêmio estudantil ou já teve outra posição socialmente inaceitável
assim? Tulsa tem tipo um milhão de escolas de ensino médio e o inferno ainda não chegou - Aphrodite
disse. - Ter um monte de garotos indo de ônibus para uma escola é simplesmente uma coisa de
retardado e permite que os pobretões se espalhem. Eca. Felizmente, Thanatos se colocou entre nós
duas. - Os padrões de adolescentes humanos nunca influenciaram a lei dos vampiros. Tulsa está em um
ponto central do país. Definitivamente, pode suportar uma segunda Morada da Noite. Nossos números
estão crescendo, principalmente com o fluxo de novatos vermelhos, que têm sido descobertos emoutras áreas além daqui. - Há outros novatos vermelhos? Quero dizer, além dos nossos? - perguntei. -
Sim. - Mas algum foi Marcado em vermelho ou eles morreram e desmorreram e então se tornaram
vermelhos? - Aphrodite quis saber antes que eu pudesse olhar para ela com cara de cala a boca. - A sua
é a única novata vermelha nos registros a ser Marcada em vermelho - Thanatos afirmou. - Então você
sabe sobre Shaylin? - perguntei, prendendo a respiração. - Sim. Neferet me informou que ela era cega
antes de ser Marcada e que agora ela recuperou a visão. Ela deduziu que a pobre garota já estava
destruída, portanto não precisou morrer para receber a Marca vermelha. Eu quis defender Shaylin e
dizer que ela não estava destruída, que ela era especial, mas meus instintos me disseram para
continuar de boca fechada sobre a Visão Verdadeira. - Zoey, não há motivo para esconder nada de
ninguém que está procurando a verdade, a menos que você prefira mentiras e falsidades - Thanatos
me surpreendeu ao dizer isso. Eu encontrei o seu olhar intenso. - Eu não prefiro mentiras e falsidades,
mas uma coisa importante que Neferet me ensinou é tomar cuidado e pensar bem em quem confiar -
e, como os meus instintos continuavam a falar comigo, eu disse o resto do que estava na minha
cabeça. - Ouvi dizer que Neferet tem um novo Consorte. Você ouviu algo sobre isso? - Não. Zoey, você
não está confundindo Aurox com um Consorte dela? Seja ele ou não presente de Nyx, Neferet não deu
nenhuma indicaÇão de que está romanticamente envolvida com ele. Parece que ele é simplesmente
um servo dela. - Não estou falando sobre Aurox - continuei, apesar de i meu estomago ficar
embrulhado apenas por eu falar o nome dele. - Estou falando sobre o touro branco. Thanatos pareceu
completamente chocada. - Zoey, a adoração do touro branco e do touro negro é antiga e sua
popularidade morreu há séculos. Eu só tenho uma compreensão rudimentar dessa religião e do seu
passado, mas posso dizer que nenhuma Sacerdotisa de Nyx jamais se entregou ao touro branco. O que
você está dizendo seria uma abominação e é uma grave acusação - enquanto falava, Thanatos ficava
cada vez mais pálida, até que finalmente ela ficou tão perturbada que o ar em volta dela levantou o
seu cabelo e começou a soprar com pequenas e agitadas rajadas de vento. Uma afinidade com o ar
além da afinidade com a morte; que interessante, pensei. - Não estou acusando ninguém - eu disse em
voz alta. - Só perguntei se você ouviu alguma coisa a respeito disso. - Não! O Conselho Supremo, assim
como a comunidade dos vampiros, acredita que Kalona, a criatura que Neferet diz ser Erebus
encarnado, era e continua a seu o seu Consorte, apesar de ele ter sido banido do lado dela por cem
anos. Aphrodite bufou. - Isso é mentira. Kalona estava aqui com Neferet, porque ele pensava que ela
tinha controle sob sua alma. Mas algo deu errado no Planeta dos Loucos e Neferet perdeu o controle
sobre ele - Aphrodite falou. Eu pensei que ela ia deixar escapar o resto das novidades sobre Kalona ter
aparecido querendo uma trégua coma gente para destruir Neferet, mas em vez disso ela disse algo
mais inteligente. - Ahn, você responderia uma perguntinha rápida?
Parecendo totalmente abalada, Thanatos assentiu. - Certo, digamos que Aurox não seja um
presente de Nyx e em vez disso, não sei, digamos que ele seja alguma coisa super do mal que o touro
branco e Neferet fizeram juntos porque eles estavam sendo totalmente inapropriados. O que seria
preciso para criar algo como ele? - Um grande sacrifício - Thanatos respondeu. - Você quer dizer que
Neferet teria que ter matado alguém especificamente para a criação de Aurox? - Aphrodite perguntou.
- Sim, mas eu estremeço só de pensar em um comportamento tão psicopata. - É, nós também -
Aphrodite concordou e se virou para mim com um olhar triste mas de entendimento. - Muitas pessoas
em volta de nós morreram recentemente. - É - eu ecoei, sentindo-me muito enjoada. - Pessoas demais.AUROX
A garota apareceu de surpresa. Ele estava fazendo a sua ronda noturna, conforme as ordens de
Neferet, principalmente para garantir que nenhum Raven Mocker entrasse nos limites da Morada da
Noite, quando chegou perto do prédio do dormitório feminino. Ela estava embaixo de uma das grandes
arvores e, quando ele se aproximou, ela se colocou bem no seu caminho. - Olá - o sorriso dela era
cativante. - Meu nome é Becca. Nós ainda não fomos apresentados, mas eu tenho andado de olho em
você. - Oi, Becaa - curioso, ele permitiu que ela o parasse. Ela não era bonita ou incomum como
algumas outras novatas. Como Zoey, sua mente sussurrou, mas ele se envergonhou desse
pensamento. Essa novata Becca tinha um encanto próprio, e sua linguagem corporal, o modo como ela
empinava o quadril e jogava para trás seu longo cabelo loiro, mostrava que ela a agradava. - Meu nome
é Aurox. Ela riu e lambeu seus lábios cor-de-rosa brilhantes. - Sim, eu sei quem você é. Como eu disse,
estou de olho em você. - E o que você percebeu depois de estar de olho em mim? - ele repetiu as
palavras dela. - Que você garante em uma briga, o que é uma boa coisa hoje em dia. Então ela o tocou,
deslizando uma unha pintada de rosa pelo seu peito, e foi nessa hora que as emoções dela o agitaram.
Ele podia sentir o desejo da garota, misturado com atrevimento e um pouco de malicia também. Aurox
inspirou profundamente, inalando o perfume intoxicante da luxuria salpicada de maldade. Um tremor
de ansiedade o atravessou enquanto o poder dentro dele começava a crescer. - Aaaah, você é duro -
Becca sorriu suavemente, chagando ainda mais perto. - Quero dizer, os seus músculos - o desejo dela
aumentou enquanto seus seios roçavam o peito dele. Ela se inclinou em direção a ele, lambeu o seu
pescoço e o mordeu, não forte o bastante para sair sangue, mas também não estava suave para
significar apenas uma brincadeira. Aquilo deu prazer ao touro dentro dele, e a criatura se excitou. -
Você gosta de dor? - Aurox perguntou enquanto descia suas mãos bruscamente pelas costas dela.
Então ele abaixou a cabeça de modo que os seus dentes encontraram a curva macia do pescoço dela.
Ele mordeu, intencionalmente fazendo-a sangrar, apesar de ele não gostar nem um pouco do gosto
dela. - Você gosta de dor? - ele repetiu a pergunta com o sangue dela na boca, apesar de poder sentir a
resposta na onda de luxuria que a fez estremecer. - Eu adoro - Becca gemeu. - Venha cá. Deixe-me
experimentar um pouco do seu gosto. Seja o meu Consorte, o meu homem.
Aurox não pensou em impedi-la. Ele não pensou em nada. Ele apenas sentiu a luxuria
intensificada por um espírito maldoso e afoito. Aurox se deixou levar. Ele se deitou sobre a garota,
fechou os olhos e se entregou a ela dizendo palavras que vieram do fundo do seu subconsciente, que
eram tão instintivas e automáticas que pensar e entender não tinham nada a ver com elas: - Sim, Zo.
Morda-me. - Seu idiota! Zoey? Eu vou dar a você algo que vai fazer Zoey Redbird parecer mansinha -
Becca o mordeu. Com força. Ele sentiu a dor aguda e o calor do seu sangue empoçando. Então ela
pressionou a boca contra a ferida fresca no seu pescoço, mas só por um instante. Ele sentiu a mudança
nela assim que ela provou o seu sangue. A raiva e o desejo dela se dissiparam e foram substituídos por
puro medo. - Ah, Deusa! Não, tem algo errado! - Becca tentou se afastar dele, mas Aurox a levantou,
deu dois passos decididos e a encostou contra a arvore. - Espere, não! - Becca insistiu, tentando
manter a voz calma, apesar de o seu medo invadir Aurox, alimentando-o e transformando-o - Pare!
Tem alguma coisa errada com o seu gosto! A criatura dentro dele pulsava e arqueava, procurando se
libertar e dilacerar. Ele bufou e o touro dentro dele se refletiu no som. - É serio, pare! Não quero ficar
com alguém que está a fim de Zoey! Zoey... O nome ecoou dentro dele, extinguindo o touro como água
no fogo. - O que está acontecendo aqui? Ao som da voz de Dragon, Aurox deu um passo para trás,soltando Becca. A garota desabou contra a árvore e olhou cheia de medo para Aurox. - Aurox? Becca?
Há algum problema entre vocês? - Dragon perguntou. - Não, só um pequeno mal-entendido. Eu pensei
que a novata sabia o que queria - Aurox respondeu, encarando o Mestre da Espada e ignorando Becca.-
Eu estava errado. Ela se afastou da arvore e apressadamente se colocou atrás de Dragon. O medo dela
rapidamente foi substituído por autoconfiança e raiva. - Eu sei o que eu não quero, ou seja, outro cara
que está com Zoey na cabeça. E eu espero que você goste de ficar na fila, pois tem uma longa lista de
outros caras que chegaram lá antes de você.
- Becca, não há motivos para ser rude. Você sabe que vampiros acreditam em liberdade de
escolha e desejo mútuo. Se o desejo não é correspondido, então prefira ir embora com elegância -
Dragon disse com firmeza. - Parece ótimo para mim - Becca falou para Dragon e então olhou com
desprezo na direção de Aurox. - Boa noite, idiota - ela saiu batendo os pés. - Aurox - Dragon começou
devagar. - A sociedade dos vampiros está aberta para os diferentes caminhos que levavam ao desejo e
à satisfação da paixão, mas você precisa saber que alguns desses caminhos entre todos os envolvidos e
um nível de experiência profundo e evidente - o suspiro de Dragon o fez parecer velho e cansado. -
Você entende o que eu estou tentando explicar? - Sim - Aurox respondeu. - A novata Becca tem um
espírito maldoso. - Ela tem? Eu não havia percebido. - Eu acredito que Zoey não tem um espírito
maldoso - ele afirmou. A sobrancelha de Dragon se levantou. - Sim, eu também acho que ela não tem.
Você sabe que Neferet e Zoey não se dão bem, certo? Aurox encontrou o olhar dele. - Elas são
inimigas. O olhar intenso de Dragon não vacilou. - Sim, você pode descrevê-las dessa forma, apesar de
eu preferir que as circunstancias fossem diferentes. - Você não é um seguidos de Neferet - Aurox disse.
A expressão do Mestre da Espada se congelou e o seu semblante cansado, mas aberto, se
fechou. - Eu sigo a mim mesmo e a ninguém mais. - Nem Nyx? - Eu não vou me levantar contra a
Deusa, mas também não vou me levantar por ninguém exceto por mim mesmo. O caminho do dragão
é o único que me sobrou. Aurox o observou. As emoções dele estavam encobertas. O vampiro não
deixava transparecer nada - nem raiva, nem desespero, nem medo. Era intrigante. Talvez tenha sido
esse enigma que o fez falar sobre o mistério dentro de si mesmo. - Eu disse o nome de Zoey em vez do
de Becca. Dragon levantou as sobrancelhas de novo e sua expressão mostrou que ele achou um pouco
de graça. - Bem, Aurox, as mulheres, de espírito maldoso ou não, não gostam quando você está com
uma delas e fala o nome de outra. - Mas eu não sei por que fiz isso. Dragon deu de ombros. - Zoey
devia estar na sua cabeça. - Eu não percebi. -Às vezes, não percebemos. - Então, isso é normal? - Aurox
relaxou. - Em mais de cem anos, a única coisa que eu descobri que não muda nunca é que realmente
não existe nada normal quando se trata de mulheres - Dragon afirmou. - Mestre da Espada, posso
pedir um favor a você?
- Pode - ele falou. - Não conte nada do que aconteceu aqui hoje à noite para Neferet. - Eu
guardo meus pensamentos para mim mesmo, garoto. Você deveria se lembrar de guardar os seus
também - o Mestre da Espada deu um tapinha no ombro dele e foi embora, deixando Aurox confuso,
preocupado e, como sempre, sozinho.

Destinada the house of nigth Onde histórias criam vida. Descubra agora