CAPÍTULO 25 - ZOEY
Eu estava nervosa com a primeira aula e com o que Thanatos ia dizer sobre perder um dos pais -
mais especificamente, minha mãe -, mas o dia estava começando bem de verdade. Pela primeira vez
depois de bastante tempo, Stark levantou antes de mim e, portanto, eu acordei com beijos e com ele
me chamando de Bela Adormecida. Ele então devorou a cumbuca de Cap'n Crunch .( Cap'n Crunch é
uma marca de cereal matinal de milho e aveia. (NT))
mais gigantesca que eu já vi na vida. Depois, no estacionamento da estação, ele ficou brincando
de lutar boxe com Darius, enquanto os garotos entravam no micro-ônibus escolar. Eu já estava dentro
do ônibus, observando- o pela janela com um sorriso idiota no rosto, quando Aphrodite saiu da
estação. Fiquei surpresa ao vê-la, pois eu imaginava que estaria com tanta ressaca e tão exausta que
definitivamente não iria à escola hoje. Ela franziu os olhos e então colocou seus óculos escuros, apesar
de ser h e de não ter sol nenhum. - Ela não tá bem - Kramisha disse do seu assento atrás de mim. -
Como você pode dizer isso dessa distância? - Ela tá sem salto e com um rabo-de-cavalo. Essa garota
sempre usa salto e o cabelo dela normalmente parece o da Barbie - Kramisha explicou. - Quero dizer a
Barbie normal e não aquelas bonecas estranhas tipo Barbie tenista ou Barbie na academia. - Todo
mundo sabe que a Barbie não precisa malhar para manter aquele seu maldito corpinho - Shaunee
comentou. - É uma droga, mas é verdade - Stevie Rae concordou.
- Ahn? - perguntei confusa. - Apenas confie em nós. Aphrodite não tá bem - Kramisha repetiu. -
Ela não está nem usando gloss. Maus sinais - Erin falou. - Se ela não está com nenhuma maquiagem
nos olhos, então o inferno está oficialmente congelado - Shaunee afirmou, o que foi interessante, pois
isso foi o mais perto que ela chegou de um comentário e gêmeas, que não fazia a dias. Dei uma olhada
para Shaunee, que estava sentada no banco da frente, o mais longe possível do assento de Erin, que
ficava no funcho do ônibus. Ela estava fuçando a sua bolsa como se não estivesse encontrado um
daqueles batons da MAC com edição limitada, que as garotas compram e se apaixonam por eles e
depois eles tiram de linha porque odeiam a gente e querem nos deixar loucas. Enfim, eu tive certeza de
que as bochechas de Shaunee estavam rosadas. Então, será que ela estava envergonhada do seu
comentário acidental de gêmea ou estava excitada com isso? Não tive muito tempo para pensar nisso,
pois Aphrodite subiu no ônibus e se sentou pesadamente no primeiro assento atrás do banco do
motorista, o que era bem na minha frente. - Café - ela falou com uma voz baixa e rouca. - Eu falei para
Darius que a gente tem que passar com o ônibus pelo Starbucks da Utica no caminho. Eu vou morrer se
não tomar um expresso duplo super doce caramelizado e um pedaço enorme daquela torta de café
blueberry deles. - Isso aí tem um monte de calorias - Kramisha avisou. - Se tentar me impedir, eu mato
você - Aphrodite rebateu. - Acho que o seu cabelo fica bem assim - Shaunee disse. - Que merda, eu não
preciso da pena de metade das compartilhadoras de cérebro. Não estou tão mal assim. Shaunee a
fuzilou com os olhos. - Eu não sou metade de nada e não estou com pena nenhuma de você. Eu só
disse que gostei do seu cabelo porque você normalmente não o usa assim, mas, se você for vaca
demais para aceitar um elogio, então vai se foder. O ônibus inteiro prendeu o fôlego. O silencio era
total e ameaçador. Eu não sabia ao certo se devia invocar os elementos ou sair correndo. Então
Aphrodite puxou seus óculos para a ponta do nariz e olhou por sobre a armação para Shaunee. Os
olhos dela estavam rosados, inchados e totalmente horríveis, mas estavam brilhando com humor.Acho que eu gosto quando você usa o seu próprio cérebro. - É, bem, eu ainda não resolvi de gosto de
você, mas o seu cabelo ainda está bonito. - Hum - Aphrodite murmurou. - Hum - Shaunee ecoou. Todos
nós demos um longo suspiro de alivio. E foi assim que o dia continuou. Stark estava de volta à sua velha
forma: charmoso, sexy e totalmente fabuloso. Quando perguntei o que tinha acontecido, ele
respondeu: - Z., eu dormi profundamente e hoje estou me sentindo como o Superman. Sem
brincadeira. Superman. E aparentemente ele acreditava mesmo nisso, pois estava andando de um lado
para o outro, rindo e sendo um cara completo. Ele era a coisa mais fofa que eu já tinha visto desde
aquele vídeo do Trololo Cat no Youtube. Enfim, antes da escola estava tudo legal. O caminho até a
escola também foi tranquilo. Bem, Aphrodite estava de mau humor, mas isso era quase normal. Além
disso, ela estava conservando com Shaunee, o que era bacana, pois era obvio que Shaunee não sabia
muito bem quem ela era agora que ela não era mais metade do time das gêmeas. E a gente realmente
parou no Starbucks no caminho. Eu sei que novatos supostamente não deveriam mais sentir os efeitos
da cafeína, mas definitivamente parecia que nós todos estávamos excitados quando paramos na
Morada da Noite. É claro que, quando chegamos na escola, todo o resto estava tão sob controle
quanto um rebanho de gatos, como Stevie Rae. Tudo começou na primeira aula. Eu realmente não
tinha esquecido que Thanatos ia me usar como exemplo da sua aula sobre como lidar com a perda de
um dos pais. Eu só tinha meio que deixado de lado essa lembrança, o que provavelmente tinha a ver
com o fato de Stark estar tão adorável e de eu estar tão feliz por ele estar agindo como ele mesmo de
novo. E talvez eu não quisesse lembrar. Talvez eu simplesmente não quisesse ser uma órfã de mãe
assassinada por um tempinho.
Enfim, minha amnésia seletiva não durou mais do que uns dois segundos e meio depois que eu
pisei na sala da primeira aula e segui Stevie Rae e Rephaim até as carteiras da frente. Aurox estava lá,
exatamente no mesmo lugar onde ele havia sentado ontem. Nossos olhos se encontraram por um
instante antes de ele se virar para outro lado. Então eu me lembrei do que estava rolando: eu não ia
ficar entretida ou sonhando acordada durante aquela aula. Afinal, a aula ia se sobre mim. Isso fez meu
estomago se contrair, e de repente eu estava nervosa, ansiosa e querendo ter permissão para ir ao
banheiro, à enfermaria ou para qualquer lugar longe da sala de aula. Foi só mais tarde que eu percebi
que a minha pedra da vidência, pela primeira vez, não havia ficado quente quando o vi. Na hora não
pensei nisso, pois Thanatos começou a falar e me distrair totalmente, colocando a cereja no topo do
meu sanduiche de ansiedade. - Eu li as perguntas de vocês e encontrei um tema comum em muitas
delas. - ela disse. - Muitos de vocês expressam o desejo de discutir sobre como lidar com a perda de
seus pais. A verdade é que, se vocês completarem a Transformação e se tornarem vampiros, vão
inevitavelmente perder não apenas os seus pais, mas todos os seus contemporâneos mortais porque,
como vocês já sabem, apesar de vampiros não serem imortais, nós definitivamente vivemos mais do
que os humanos. Então, para nós ajudar a abordar esse assunto com mais profundidade, eu solicitei o
auxilio da única colega de vocês que perdeu um dos pais e um companheiro para a morte: Zoey
Redbird. Eu queria morrer. Todo mundo estava quieto e prestando atenção, até a fileira de trás dos
novatos vermelhos idiotas que cercavam Dallas. - Primeiro, deixem-me começar com uma palavra de
alento - Thanatos falou. - Como vocês sabem, minha afinidade é com a morte. Eu frequentemente guio
espíritos na sua passagem deste mundo para o Mundo do Além, portanto posso dizer a cada um de
vocês com certeza absoluta que há um Mundo do Além esperando por nós. Eu nunca estive lá, mas
Zoey esteve - ela sorriu para me encorajar. - Acho que você viu tanto a sua mãe quanto o seu
companheiro serem bem recebidos no reino de Nyx. - Sim - percebi que minha voz estava muito baixa,então limpei a garganta e tentei de novo. - Sim, eu vi minha mãe receber as boas-vindas de Nyx e, na
verdade, passei algum tempo lá com Heath. - E é um lugar bonito?
Senti o enjoou no meu estomago diminuir um pouco enquanto eu me lembrava da parte boa. -
Sim, é incrível. Mesmo quando a minha alma estava despedaçada e eu estava super confusa, eu
conseguia perceber a paz e a felicidade no Bosque da Deusa - eu só não conseguia sentir isso,
acrescentei silenciosamente. Stevie Rae levantou a mão. - Tudo bem se a gente fizer perguntas? -
Zoey? - o olhar sábio de Thanatos se voltou para mim. - Sim, claro, eu acho. - Então vá em frente e faça
a sua pergunta, Grande Sacerdotisa Vermelha - o olhar intenso de Thanatos abarcou toda a classe. -
Mas vamos nos lembrar das regras da civilidade que sempre estão em vigor durante a minha aula. -
Ahn, antão o Mundo do Além é um grande bosque? Fiquei surpresa com a questão dela e com a sua
obvia curiosidade, e então eu me dei conta de que ela nunca tinha me perguntado muita coisa sobre o
Mundo do Além. Na verdade, com exceção de Sgiach e de uma breve menção ao Mundo do Além
quando liderei o ritual para Jack, eu quase não tinha falado sobre isso com ninguém. - Bem, sim, mas
eu sei que há um monte de partes diferentes no Mundo do Além. Tipo, quando eu encontrei Heath
pela primeira vez, ele estava pescando em um deque que ficava em um lago realmente bonito - apesar
de eu ficar triste e com saudade dele, aquela lembrança me fez sorrir. - Heath amava pescar. Amava
mesmo. Então, foi alo que eu o encontrei pela primeira vez, mas, quando né tivemos que ficar em
segurança, fomos para o Bosque da Deusa, que ficava em outra parte do Mundo do Além. Damien
levantou a mão e Thanatos o chamou. - Sei que você não viu Jack lá em cima, mas você esta dizendo
que acredita que existem lugares específicos para cada um no Mondo do Além? Pensei nisso por um
segundo e então assenti - Sim, acho que esse é um bom jeito de descrever as coisa. Jack
provavelmente está na seção de artes e decoração. Damien sorriu entre lágrimas.
- Ele queria ser estilista. Ele está na seção Project Runway . - Aaah! Que bela seção! -alguém
atrás de mim falou e alguns garotos riram baixo. Com hesitação, Aurox levantou a mão. Depois que
Thanatos chamou o seu nome, ele se virou para encontrar o meu olhar. - Você disse que existem
partes diferentes no Mundo do Além. Você acha que existe uma parte que é um lugar de punição?
Seus estranhos olhos cor de lua estavam cheios de uma angustia inconfessa, e eu soube que a sua
pergunta vinha de um lugar mais profundo do que a curiosidade e que a minha resposta ia significar
mais do que apenas informação escolar aleatória. Por favor, Nyx, forneça-me as palavras; permita que
a minha resposta seja verdadeira. Respirei fundo e encontrei o espirito dentro de mim. Eu me segurei
no elemento que estava perto do meu coração e confiei que, através dele, a Deusa ia guiar minhas
palavras. Quando comecei a falar, percebi como a sala havia ficado silenciosa e praticamente pude
sentir os garotos da fileira de trás prendendo a respiração. - Eu vi coisas assustadoras e nada
agradáveis no Mundo do Além, mas eram forças exteriores e não da Deusa. Se eu vi um lugar de
punição? Não, mas o que eu vi foi Heath seguindo em frente para outro reino do Mundo do Além. Ele
acreditava que ia reencarnar nessa outra parte do reino. Quando estava partindo, ele me disse que,
apesar de estar seguindo em frente, o nosso amor continuaria com ele - fiz uma pausa e tive que piscar
com força para não chorar e enxugar uma única lágrima que de algum modo tinha escapado. - O que os
meus instintos me dizem é que Nyx não é uma Deusa que pune, mas eu não ficaria surpresa se pessoas
realmente detestáveis renascessem de um jeito que faça com que elas se redimam de todas as
atrocidades das suas vidas passadas ou que as ensine algo que elas não aprenderam antes. - Você quer
dizer, tipo, alguém que espancava a esposa renasce como uma mulher? - Shaunee quis saber. - Que tal
uma mulher de burca no Afeganistão? - Aphrodite acrescentou, levantando uma sobrancelhasarcasticamente. - Sim, é mais ou menos isso o que eu quero dizer - eu afirmei. - Mas acho que o como,
o onde e o quem ficam a cargo da Deusa.
. Project Runway (projeto passarela, em tradução livre), é um reality show com estilistas, que
competem entre si para criar a melhor coleção. (NT)
- Você acha que sempre depende da pessoa? - Aurox me perguntou. - Espero que sim - eu
respondi sinceramente, pensando em Heath e na minha mãe. - Então, o fato de sabermos sem sombra
de duvida que há um Mundo do Além e que as pessoas que amamos podem encontrar seu caminho
até lá, mesmo se não forem vampiros ou mesmo novatos, é um conforto para nós, já que vivemos mais
do que os mortais da nossa infância. Mas isso não significa que perder um dos pais seja fácil. Zoey sei
que é doloroso, mas será que você poderia dividir conosco o que é mais difícil para você em relação à
morte de sua mãe? Eu assenti e abri minha boca para dizer que agora ela não poderia mais compensar
modo como ela havia deixado de ser minha mãe nos últimos três anos, mas as palavras me faltaram.
Leve o tempo que precisar - Thanatos me encorajou. Stevie Rae estendeu o braço, pegou minha mãe e
a apertou. Então ela sussurrou: - Está tudo bem, apenas finja que não tem mais ninguém aqui além de
nós duas. Você pode me contar. Olhei para a minha melhor amiga e soltei sem pensar: - É tão terrível
que eu não sei o que realmente aconteceu com ela. - Por que você acha que isso é o que mais a
entristece? Thanatos fez a pergunta da parte elevada da frente da sala, mas eu continuei olhando para
Stevie Rae, que sorriu e falou: - Por que seria melhor se você soubesse o que aconteceu com a sua
mãe? - Porque alguém tem que pagar pelo que foi feito a ela - eu disse. - Vingança? - Thanatos
perguntou. Então eu olhei para ela. - Não. Justiça - respondi com firmeza. - É admirável e
compreensível que você deseje justiça. Que isso seja uma lição para todos vocês: há uma grande
diferença entre se vingar ou conseguir uma revanche e querer a verdade para que a justiça brilhe para
todos - Thanatos encontrou o meu olhar. - Acredito que posso ajudar a mostrar a verdade a você, para
que você seja capaz de fazer justiça por sua mãe e consiga superar e seguir em frente. - O que você
quer dizer? - Eu falei com a sua avó. Hoje é a quinta noite depois da morte de sua mãe. Eu expliquei a
ela que cinco é um número importante no nosso sistema de crenças, ele representa os elementos e a
nossa proximidade a eles. Ela concordou em fazer uma pausa na sua purificação tradicional hoje, na
quinta noite. Não é uma certeza absoluta, mas, com o poder dos elementos contido no seu circulo e
com a sua conexão com a pessoa cuja morte queremos desvendar, acho que posso iluminar a verdade
sobre o assassinato de sua mãe, se você quiser traçar o circulo e testemunhar o que ele revelar. - Eu
quero - senti um enjoo na boca do estômago, mas eu sabia que tinha que enfrentar isso. - Há mais uma
coisa - Thanatos desviou os olhos de mim e se voltou para Stevie Rae. - Zoey vai traçar o circulo. Eu
estarei lá para invocar a presença da morte, mas o feitiço que invoca a morte depende de você. - De
mim? - Stevie Rae perguntou com medo. - Foi no seu elemento que esse malfeito ficou marcado. É
através do seu elemento que a verdade será revelada - o olhar intenso de Thanatos procurou cada
membro do meu grupo enquanto continuava a explicar: - Esse feitiço não será agradável. A mãe de
Zoey fio assassinada. Se nós tivemos sucesso, vamos testemunhar esse ato terrível. Vocês precisam
querer participar, além de ficarem focados e cientes de como vão ser as coisas com as quais então
concordando. - Eu quero - Stevie Rae disse imediatamente. - Eu também... Sim, estou dentro... Eu
quero - as frases vieram de Shaunee, Damien e Erin. - Então está decidido. Nós partimos assim que aprimeira aula acabar. Se eu chamar o seu nome, você deve ir até o estacionamento e se preparar para
o ritual e o feitiço. Se eu não chamar o seu nome, por favor, compareça a segunda aula normalmente.
A lição de casa de vocês vai ser uma redação sobre a perda, e essa lição vai ser para aqueles que vão se
participar do ritual assim como para quem não vai. Os estudantes que vão se juntar a mim são: Zoey,
Stevie Rae, Damien, Shaunee, Erin e Aphrodite. Os outros podem começar a trabalhar nas suas
redações. Bom dia e que vocês sejam abençoados - Thanatos se curvou formalmente para a sua classe
e então foi se sentar atrás da mesa.
Fiquei de queixo caído. Como vovó diria essa coisa toda me desconcertou. Aphrodite se sentou
pesadamente na carteira ao lado da minha e sussurrou: - Fale com Thanatos para que ela não deixe
Dragon ir com a gente - ela fez uma pausa, inclinou a cabeça para o lado e olhou para Stevie Rae e
Rephaim, que estavam com as cabeças coladas e falando super-rápido. - A menos que eu esteja errada,
e eu nunca estou, ela vai insistir para o menino-pássaro ir com a gente, o que não é nenhuma surpresa,
pois eu aposto que Darius não vai me deixar ir sem ele. Mas, se Rephaim estiver com a gente, isso
significa que Dragon não pode ir ou, de acordo com a minha visão, Rephaim vai ser partido ao meio. -
Que inferno! - eu disse. - Praguejando? - Aphrodite perguntou. - Não. Inferno é um lugar. Eu não
mandei ninguém para lá - respondi. - Cresça - ela rebateu. - Vai se ferrar - falei sucintamente.
Aphrodite riu alto, o que fez com que ela recebesse a quase praga da Garota Crescida. Suspirei e,
quando o sino soou, levantei da minha carteira e andei devagar, mas decididamente, até Thanatos. Da
carteira atrás de sua mesa, Thanatos ergueu o rosto, mas seus olhos não vieram na minha direção. Em
vez disso, ela olhou do meu lado e chamou: - Aurox, um momento, por favor. Aurox estava saindo da
sala, mas ele parou e voltou. - Você quer falar comigo, Sacerdotisa? - Quero dar uma resposta a sua
pergunta. - Ahn, eu vou esperar lá fora para que vocês dois... - Você não precisa sair - Thanatos me
cortou. - Minha resposta á a mesma para quem quer que faça a pergunta. - Eu não entendo - Aurox
disse. Na verdade, eu também não entendia. A questão dele era: "O que eu sou?". Como poderia haver
só uma resposta para essa pergunta?
- Acho que você vai entender depois de me ouvir. A questão sobre o que nós somos só pode ser
respondida por nós mesmos. Cada um de nós decide o que é através das escolhas que fazemos na vida.
Como nós fomos feitos, quem são os nossos pais, de onde nós somos, qual a cor da nossa pele, quem
nós escolhemos para amar, todas essas coisas não nos definem. Só as nossas ações nos definem e vão
continuar nos definindo até depois da morte. Eu vi a surpresa na expressão de Aurox. - O passado não
importa? - O passado importa muito, principalmente se nós não aprendemos com ele. Mas o futuro
não precisa ser ditado pelo passado. - Eu decido o que eu sou? - ele falou devagar, como se estivesse
tentando decifrar uma charada. - Sim. - Obrigado, Sacerdotisa. - De nada. Pode ir agora. Ele cruzou seu
punho fechado sobre o coração e se curvou profundamente antes de deixar a sala de aula. Eu estava
olhando ele se afastar, ainda pensando na surpresa que tinha visto em Aurox, quando Thanatos falou
comigo. - Zoey, eu sei que esse ritual e o feitiço vão ser difíceis para você, mas acredito que isso vai
permitir que você supere a morte de sua mãe. - Sim, eu também acho - falei rápido, sentindo-me como
uma criança apanhada com a mão no pote de cookies, e voltei meu olhar para Thanatos. - Quero dizer,
eu não quero fazer isso. Eu não quero ver o que aconteceu com mamãe, mas eu fico imaginado o que
aconteceu com ela o tempo todo. Pelo menos a verdade vai me fazer parar de imaginar coisas. - Sim,
vai fazer - ela confirmou. - Então, esse ritual... Quem mais vai estar lá? - Aqueles a quem eu chamei.
Imagino que o seu Guardião vai acompanha-la, assim como Darius deve acompanhar Aphrodite. E eu
vou estar lá. Siga os seus instintos, Zoey. Você gostaria de requisitar que mais alguém fosse? Parecia que a presença de Aurox ainda permanecia na sala conosco, então balancei a cabeça. -
Não, eu não gostaria de requisitar mais ninguém. O meu circulo e os nossos guerreiros são tudo de que
eu preciso, mas há alguém que eu não quero não quero que vá ate lá - eu afirmei e ela levantou as
sobrancelhas. Então continuei: - Dragon Lankford. Ele odeia Rephaim, que está atuando como uma
espécie de guerreiro de Stevie Rae, portanto ele deve estar com ela - tomei uma decisão rápida.
Thanatos deve saber. Acrescentei: - Além disso, ontem Aphrodite teve uma visão que mostrou Dragon
totalmente envolvido com a morte de Rephaim, atravessado por uma espada. Eu preferia que isso não
acontecesse durante o ritual que vai revelar como foi a morte de minha mãe. - Dragon tem a missão de
proteger esta escola e seus estudantes. Se ele permitir ou tomar parte em qualquer ação que deixe
Rephaim machucado, uma grande injustiça terá sigo cometida e ele deverá ser repreendido
imediatamente e... - Ei, espere - eu a interrompi. - Eu não quero que esse feitiço seja nenhum tipo de
plano para que Dragon entre em apuros. Não quero que nada desse drama afete o que aconteceu com
minha mãe. O assassinato dela já é dramático o suficiente. Você não pode simplesmente me ajudar a
ter certeza de que Dragon não vai estar lá? Nós podemos lidar com os problemas dele depois.
Thanatos abaixou sua cabeça levemente. - Você tem razão e está certa por me lembrar disso. O local
da morte de sua mãe não é apropriado para testar Dragon ou iluminar suas falhas. Posso me certificar
de que ele não vai nos acompanhar. - Obrigada - eu disse. - Agradeça-me depois que o ritual e o feitiço
tiverem acabado. Eu tenho descoberto com bastante frequência que os mortos revelam coisas que
deveriam ser mantidas escondidas dos vivos. E depois daquela observação agourenta, saí da sala de
aula sobre a morte e segui o meu caminho para o estacionamento e para um futuro que nenhum de
nós seria capaz de prever.
Fingindo estar se despedindo dos alunos que sobraram na sua aula depois que Thanatos dividiu
a turma para formar a sua própria aula especial, Neferet se posicionou de modo que podia observar os
alunos da vampira membro do Conselho Supremo enquanto eles iam embora. Dallas, agora seria um
ótimo momento para orquestrar uma confusão. Logo depois que o pensamento se formou na sua
mente, o jovem vampiro vermelho em pessoa apareceu no seu campo de visão. Ele não estava fazendo
pose nem provocando ninguém. Neferet franziu a testa. Ele e o seu grupo horroroso estavam saindo da
aula de Thanatos devagar e cabisbaixos, como se fossem cachorros com os rabinhos entre as pernas.
Então Neferet percebeu o grupo de Zoey, menos ela, saiu apressado da aula, todos seguindo na mesma
direção. Na mesma direção? A maioria deles tinha horários diferentes na segunda aula. O fato de todos
serem como ovelhinhas não importava, eles não deveriam estar andando juntos aquela hora. Aurox
apareceu e Neferet sorriu. O Receptáculo olhou na sua direção, como se tivesse sentido o olhar intenso
dela. - Venha até mim - ela falou para ele sem som, apenas movendo os lábios, e indicou o seu
escritório. Neferet não esperou para ver se o Receptáculo obedecia. Ela sabia que ele faria o que ela
havia ordenado. - Sim, Sacerdotisa - ele disse, em pé diante de sua mesa. - Você me chamou? - Algo
incomum aconteceu durante a primeira aula? - Incomum, Sacerdotisa?
NEFERET
Quando o sino soou anunciando o final da primeira aula, Neferet caminhou de modo
indiferente até a porta da sua classe.Neferet mal conseguiu conter a sua irritação. Ele precisava ser tão burro? - Sim, incomum!
Reparei que Dallas e o seu grupo estavam surpreendentemente quietos, e muitos dos outros
estudantes, aqueles mais próximos de Zoey, saíram juntos, como se eles tivessem que ir para algum
lugar que não fosse a segunda aula deles. - Sua observação está correta, Sacerdotisa. Thanatos
pretende supervisionar Zoey e seu circulo em um ritual, para que assim ela possa fazer um feitiço
invocando a morte. O objetivo dela é que Zoey testemunhe a verdade sobre a morte de sua mãe e
desse modo conseguir supera-la. - O que? - Neferet sentiu que sua cabeça ia explodir. - Sim,
Sacerdotisa. Thanatos está usando Zoey como um exemplo de como todos os novatos e vampiros
podem superar a perda de um dos pais. Neferet levantou as mãos com a palma voltada para fora e os
filamentos de Travas se aglomeraram como um enxame em volta dela. Aurox deu um passo para trás,
obviamente desconfortável com as emoções tumultuadas da Sacerdotisa. Neferet fez um esforço
consciente para se controlar, e as gavinhas pegajosas se aquietaram. - Onde esse feitiço vai ser
invocado? - No local do assassinato da mãe de Zoey. Entre dentes, Neferet conseguiu dizer: - Quando?
Quando isso vai acontecer? - Eles estão se reunindo para partir agora, Sacerdotisa. - E você tem certeza
de que Thanatos vai acompanha-las? - Sim, Sacerdotisa. - Malditos sejam os imortais! - Neferet quase
cuspiu a maldição. Um ritual de revelação. Ele precisa ser acompanhado da inovação de um feitiço
especifico... - ela tamborilou sobre a mesa, pensando. - Tem que ser baseado na terra, pois é dentro de
um determinado ponto da terra que a morte deve ter ficado marcada. Portanto é Stevie Rae, e não
Zoey, quem tem que ser impedida. - ela voltou sua atenção para Aurox. - Esta é a minha ordem: você
vai obstruir esse ritual e a invocação do feitiço de morte. Faça o que tiver que ser feito para impedir
isso, mesmo se você tiver que matar, mas eu não quero a morte de nenhuma Sacerdotisa. - ela fez uma
cara de irritação. - Infelizmente, o preço de da morte de uma Sacerdotisa é muito alto, principalmente
porque eu não tenho nenhum sacrifício equivalente para oferecer - ele murmurou quase para si
mesmo. Então ela encontrou o olhar de pedra da lua do Receptáculo. - Não mate nenhuma
Sacerdotisa. Eu prefiro que ninguém perceba que você está lá, mas, se você não puder impedir o feitiço
sem se mostrar, faça o que tiver que fazer. A minha ordem é que você estrague o ritual e o feitiço, de
modo que Thanatos não possa revelar a maneira com que a mãe de Zoey foi morta. Você me
entendeu? - Sim, Sacerdotisa. - Então saia daqui e faça o que eu ordenei. Se você for descoberto, não
espere que eu o salve, mas sim que eu esqueça que nós tivemos essa conversa. Como ele
simplesmente ficou parado ali, encarando-a, ela disse: - O que foi? Por que você ainda não está
seguindo as minhas ordens? - Não sei aonde ir, Sacerdotisa. Como eu chego no local do ritual? Neferet
conteve a ânsia de derruba-lo de joelhos usando as Trevas. Em vez disso, ela rabiscou um endereço
num bloco de notas, arrancou a folha e a entregou a ele. - Use o GPS como eu o ensinei antes. Este é o
endereço. É tão fácil quanto se eu o enviar até lá num passe de mágica. Aurox se curvou, segurando o
papel. - Como ordenar, Sacerdotisa - ele disse, saindo da sala. - E tome cuidado para que eles não
vejam você chegando! - Sim, Sacerdotisa - ele falou antes de fechar a porta atrás de si. Neferet ficou
observando Aurox ir embora. - Queria que ele fosse mais esperto - ela sussurrou para as gavinhas
escuras que arrastavam pelos seus braços e acariciavam seus pulsos. - Ah, mas vocês são espertas, não
são? Vão com ele. Fortaleçam-no. Observem-no. Certifiquem de que ele não vai falar ao obedecer
minhas simples ordens. Então voltem e me contem tudo - as gavinhas hesitaram. Neferet suspirou e,
com um rápido movimento seu dedo indicador, ela arranhou com força a parte interna do seu bíceps e
cerrou os dentes quando as Trevas se alimentavam dela. Pouco depois, ela afastou as gavinhas e
lambeu a ferida superficial para fecha-la. - Agora vão. Vocês já tiveram o seu pagamento. Façam o que
eu ordenei.As sombras deslizaram dela e Neferet, satisfeita, chamou o seu assistente para pedir uma taça
de vinho com um pouco de sangue. - Encontre o sangue de uma virgem dessa vez - ela falou
rapidamente quando o jovem vampiro apareceu. - O outro sangue é muito comum e eu estou
pressentindo de que em breve vai haver uma celebração. - Sim, Sacerdotisa, como ordenar - o
assistente se curvou e saiu apressado. - Está certo - Neferet falou em voz alta para as sombras que a
escutavam. - Tudo vai ser como eu ordenar. E em breve eles não vão mais me chamar de Sacerdotisa,
mas de Deusa. Algum dia muito em breve... Neferet gargalhou.
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Destinada the house of nigth
VampirHá novas forças trabalhando na Morada da Noite. Algumas delas ameaçam sua estabilidade. Zoey está finalmente em casa, segura, ao lado do guerreiro Stark, se preparando para enfrentar Neferet. Kalona lançou seu poder sobre Rephain. E, após terem sido...