Loaded Gun † Frerard

Capítulo Vinte e Dois

Os piores dois meses se seguiram após os acontecimentos no apartamento de Frank. Os dias mais difíceis e angustiantes desde sua adolescência. Ele não conseguia, e nem teria como, pôr em palavras tudo que sentiu naquele tempo, mas definitivamente foram muitas coisas. Coisas ruins.

Passou vinte dias fora depois que Gerard dera um fim no que quer que eles tinham, permaneceu o Natal e o ano novo na casa do tio afim de tentar superar o ocorrido. Voltou para casa no meio de janeiro e não demorou muito para entrar em algum tipo de transe ou entorpecimento de alma que o levara rapidamente para o lugar mais sombrio de sua mente. Ele nunca fora do tipo de sair muito, mas os onze dias que sucederam sua chegada foram um breu completo, seu limite.

Ele decidiu sair de casa apenas em fevereiro, quando notou que estava precisando comprar mais comida. Pegou seu carro e dirigiu para o supermercado em seus pijamas pretos às dez e meia da noite. Ele tratou de comprar o necessário e voltar para o carro imediatamente. Quando entrou, jogou as coisas no banco de carona, ajustando o retrovisor em seguida. Ele tentou evitar, mas não conseguiu deixar de se olhar naquele espelho, sentindo-se desgastado com a visão que teve. Bolsas com olheiras profundas estavam evidentes no rosto pálido. As veias ressaltadas na bochecha, com se fosse um zumbi. Aquela imagem era feia e ele sabia que era tudo sua culpa.

A exaustão emocional o estava deixando doente. Era como se seu coração estivesse envolvido com um laço super fino e apertado, tão apertado que as vezes ele sentia como se os puxões fossem atravessar o órgão e cortar-lo em pedacinhos.

Era bobo, mas ele não conseguia escapar daquela sensação, toda vez que lembrava do vizinho dizendo 'eu te amo' seu coração inchava de dor e arrependimento. O fantasma da sua reciprocidade não dita o estava assombrando todas as noites. Dizer que 'estava sentindo algo' não fora o suficiente e jamais seria, Way havia aberto seu coração para Iero e fora tratado como um zero a esquerda, aquilo era imperdoável.

Quando Frank chegou na escadaria, com as compras na mão, pegou a chave para destrancar a porta e entrou apressado, com medo de dar de cara com o mais velho, algo que não havia acontecido desde o dia que ele havia saído por aquela mesma porta.

Pôs as compras na bancada da pia e as que necessitavam do frio no congelador, depois se arqueou no mármore para respirar fundo. Ele precisava fazer exercícios de respiração constantemente agora, era sua forma de evitar chorar ( coisa que acontecia regularmente quando estava sozinho naquele apartamento ) e consequentemente ficar resfriado.

Ele estava tentando manter os sentimentos guardados no fundo da gaveta, mas estava começando a ficar complicado. Seu tio o questionou sobre isso pouco depois do ano novo, ele mentiu, é claro, disse que tinha acabado de terminar com Jamia, o homem lamentou, dizendo que teriam lindos filhos se Frank não fosse tão idiota de deixar uma mulher ir embora tão facilmente. Era engraçado pensar em Jamia nesse ponto da sua vida, ele não havia persistido muito para consegui-la de volta, no máximo mandou algumas mensagens e fez muitas ligações, nada adiantou, e Frank era grato por isso, o que eles tinham já não passava mais de sexo, era uma relação fria e Iero tinha que admitir, não era muito saudável. Ele literalmente havia rasgado a carta da faculdade dela com uma desculpa esfarrapada sobre não querer que ela o traísse no campus, quando na verdade só não queria ficar sozinho como estava agora. Era tão babaca ao ponto de tentar destruir o futuro de alguém pensando no próprio umbigo.

Se Jamia não tivesse bloqueado seu número e seu perfil em todas as redes sociais, então talvez ele ainda pudesse se desculpar por todas as coisas que fez á ela.

Se ela tivesse a chance de dar algum conselho para Gerard definitivamente seria que Way merecia alguém melhor e esse alguém jamais seria Frank. O vizinho não merecia um cara que não conseguiria beija-lo sem olhar para os lados, um cara que não seguraria sua mão ao passaram por certos locais. Ele merecia alguém seguro de si mesmo.