O relógio de pulso marcava seis e quarenta quando pôs o celular no bolso de trás e saiu do apartamento. Felizmente não encontrou Gerard no meio do caminho, a última coisa que precisava agora era dar de cara com o vizinho.Ele sabia que tinha que dar uma resposta ao outro e esse era o grande problema que enfrentava desde o dia anterior: ele não tinha uma.
O que Way pedira... era demais da conta.
Nem mesmo o único homem com quem esteve antes o pediu algo assim, na verdade, ele fora completamente indiferente com relação ao menor, nem mesmo se deu ao trabalho de insistir que tentassem alguma coisa, eles só... tiveram alguma coisa, Iero simplesmente caiu nele como floco de neve e tentava a todo custo enterrar a coisa deles no fundo de sua mente assim como esperava que seu tio e o próprio ex alguma coisa tivessem feito.
Era estranho pensar neles agora, em tudo que aconteceu quando tinha apenas dezessete anos.
Sete anos haviam se passado desde o ocorrido e ele ainda não havia superado, não o cara em si, aquele lá ele queria bem longe dele, mas o jeito como a merda toda foi jogada no ventilador e espalhada em sua vida. Aquilo foi aterrador e o maior motivo para ter se mudado para longe do tio. Ele queria esquecer, seguir a vida. No entanto, ironicamente, seguiu os mesmos caminhos daquele que o criou e foi além.
Sua vida foi... difícil.
Era inacreditável como tudo tinha mudado. Qualquer amigo que ele tenha tido na oitava série diria que o velho amigo foi abduzido e substituído por um clone estúpido chamado Maria vai com as outras.
Mas voltando para Gerard e o pedido...
Era insano.
E se alguma coisa acontecesse enquanto o 'experimento' fosse posto em plano? E se seu tio resolvesse o visitar subitamente, e se Jamia quisesse, por algum milagre, reatar e aparecesse? E se algum vizinho ouvisse e suspeitasse?
Era extremamente perigoso, não tinham ganhos naquela proposta, era ridiculamente idiota. Em sua concepção, Way não tinha mais neurônios. Como poderia ter, achando que algo como Frank Iero e Gerard Way funcionariam bem entre quatro paredes? Será que ele pensava que magicamente ia ganhar o coração do vizinho deixando que o mesmo metesse nele todo dia? E o que ele pretendia com todo esse circo? Que o menor no final se descobrisse gay e caísse em seus pés como uma vadia? Iero, de fato, não queria isso.
Mas tinha aquele enorme 'e se'.
E se fosse bom? Em todos os sentidos da palavra.
E se fosse algo útil em sua vida? Como algum tipo de aprendizado que ele com certeza não contaria aos netos, no entanto escreveria em um diário, em seu leito de morte, para que todos rissem com suas histórias de avô em um futuro não muito próximo, quando toda sua árvore genealógica estivesse bem enterrada sete covas abaixo da terra. Uma bagunça, seria o que a pessoa ainda não nascida pensaria ao ler seus segredos.
Bem, não parecia tão ruim vendo por esse lado fútil.
Mas o grande 'e se' ficava no e se começasse a gostar demais do vizinho? Porque ele sabia que era capaz. Mesmo sendo Gerard, o cara que ele deveria odiar até a morte, o cara que representava tudo que ele tinha que odiar na sociedade. O cara que... ele não conseguia mais desejar destruição, morte, sofrimento ou qualquer outra maldade. Claro que na sua cabeça o motivo era o seguinte: Way o deu dois orgasmos em menos de uma semana, o que o deixava com duas estrelas brilhantes da felicidade no poço do subconsciente de Iero.
Ou seja, Way estava fora da lista negra. A bunda dele o tirou de lá, na verdade. A grande e gostosa bundinha corada.
E apesar de ainda se considerar um heterosexual, Iero admitiu em seu âmago, ao que entrava no carro, que sim, gostava de transar com Gerard, era uma sensação nova e diferente.
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Loaded Gun † Frerard
Roman d'amourGerard é esquerdista pró-lgbt e Frank direitista pró-armas. Durante uma reunião pública do senado que discutia a legalização do aborto, os dois quase saem no tapa. A ideia é da @AUFrerard no Twitter.