Capítulo Oito

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Homicídio passou pela cabeça de Gerard regularmente durante as visitas diárias a Frank.

Ele simplesmente não acreditava que houvessem pessoas tão implicantes até passar a, de certo modo, "conviver" com aquela peste em pessoa.

Ele não lhe deu sossego um segundo sequer.

Claro que houveram momentos estranhos mas em sua maioria, foi uma desgraça sem fim.

Estaria sendo dramático demais, mais uma vez, ao narrar seus sentimentos com relação os acontecimentos ao seu redor com tamanho pesar? Como se Iero o tivesse sufocado durante a noite e tentado realizar um exorcismo para tirar toda a gayzidade dele? Talvez.

Mas era simplesmente impossível não criar um caos mental visto tudo que passou naquelas quase duas semanas.

Faltava apenas um dia para ele tirar a tala e fazer a última sessão de fisioterapia.

Parecia pouco, mas era muito do ponto de vista de Gerard.

Eram mais vinte e quatro horas de pura cólera.

"Inferno." Murmurou baixo ao que observava o céu nublado pela janela.

"Disse alguma coisa?" Perguntou Frank do sofá, com uma caixa de pizza aberta sob as pernas e uma coca na mão esquerda.

"Não."

Cerrou os dentes e olhou para o térreo, onde havia um gatinho vira-lata correndo atrás de um rato.

Por algum motivo desconhecido o rato o lembrou de Frank e sorriu de lado com a comparação boba. Se ele soubesse que aquilo passou por sua mente o jogaria daquela janela sem pestanejar.

Se virou, preguiçoso, e sentou em uma poltrona no canto da sala, Iero o seguiu com o olhar mas não disse absolutamente nada, fingiu estar concentrado em seu futebol regional meia boca.

Gerard olhou ao redor, para os quadros de bandas de rock e filmes clássicos famosos. Se pegou pensativo e fitou Frank de relance, trazendo as memórias de quando foi na cozinha dele, no que parecia ter sido um século atrás para pegar os canudos e se deparou com fotos da ex namorada dele pregados na geladeira, ele provavelmente tinha esquecido de tira-las, e algumas outras de pessoas que Way não fazia a mínima ideia de quem eram.

Notou bilhetes e mais algumas fotos coladas no mural decorativo a esquerda.

Algumas pareciam ser de comitês políticos, coisas relacionadas a arma e armar professores com calibres na sala de aula. Ridículo, pensou Way. Alguns eram sobre banir a cultura drag dos Estados Unidos, tirar direitos LGBTQI+ e acabar com instituições públicas que lidam com jovens drogados e havia uma nota ao lado "Porcos"

Gerard ainda lembrava do torpor de nojo que subiu a sua cabeça, de torcer os lábios em desgosto e pegar os canudos que estavam em um pote dentro do armário de utensílios domésticos com raiva, voltar para a sala e discutir com Iero, que agiu como se não fosse nada demais.

"Essa coisa de drag só serve para ficar aparecendo na tv e não existe mais isso de LGBTQI+fobia, se existisse você estaria queimado agora na fogueira junto a todos os outros da sua laia e essa coisa de 'direitos' para vocês é uma grande injustiça vendo que para os héteros, que são obviamente os que mais sofrem na sociedade hoje em dia, não há sequer uma lei. E o lugar de maconheiro é na prisão, não na sociedade, essa gente sempre tem uma recaída, sempre voltam para o lado errado, não vale a pena. Vão continuar roubando para comprar drogas."

Então Gerard deu um tapa na cara dele e apertou os punhos com força, controlando-se ao máximo para não voar nele de verdade.

"Existe uma longa história por trás do drag, mais velha que você seu idiota! Não é só para "aparecer na tv", existe uma arte por trás aperfeiçoada pela comunidade gay desde o século vinte, a sua falta de conhecimento não é desculpa para tanto desrespeito! E droga, me diz em que mundo heterossexuais sofrem preconceito? Vocês são a 'normalidade' da sociedade, as pessoas não te julgam quando beija a pessoa que ama em público, quando abraça ou aperta as mãos! E se você se refere as piadas, não pense que sarcasmo virtual se estende a realidade! E pelo amor de Deus, Frank! As vezes sinto que não tem empatia, como pode dizer que devemos deixar pessoas na miséria porquê elas não conseguem sair da miséria? Você acha que é fácil largar vícios que mexem com o corpo e cérebro assim do nada? Não tem vergonha de expor esse tipo de pensamento?"

Loaded Gun † Frerard Onde histórias criam vida. Descubra agora