Março havia chegado e com ele a não tão bem-vinda primavera.Frank estivera fazendo algo que ele nunca pensou que faria. Terapia. O pensamento de que um dia voltaria para Gerard e de que quando esse dia chegasse ele estaria completamente resolvido sobre si mesmo o consumiu e o impulsionou. Era por si, mas também era por ele. O sentimento de que não o merecia ainda estava lá, mas como todo bom ser humano, Iero era egoísta e não importava o quanto estivesse claro para si mesmo que jamais seria o que Gerard precisava, ele tinha uma pontada de esperança de que se pelo menos tentasse... se pelos menos corresse atrás...
A dor, a intensa dor, havia aumentado, junto do amor e da saudade. Ele não sabia o que Gerard estava fazendo agora, mas como gostaria de saber. Ele havia contado tudo para o terapeuta, tudo ( sim, ele havia saído do armário com o médico, o que fora, estranhamente, bom demais ) e a primeira coisa que o homem o perguntou foi o que tinha de errado então, o que faltava para fazê-lo correr atrás do vizinho. Frank tentou explicar, a voz rouca por todas as noites de choro, que o que o impedia era o orgulho, o medo da rejeição pública e o médico sugeriu o mais óbvio, se ele estava sofrendo tanto sobre aquilo, se desejava tanto o outro homem, deveria então jogar tudo para o alto e ir até ele. Parecia uma solução simples quando dita por outra pessoa. Mas simplesmente ir atrás de Gerard não parecia lá a coisa mais fácil do mundo naquele momento. Frank estava com vergonha de encarar o rosto dele depois de todo esse tempo.
Orgulho e vergonha. Era isso.
Então o terapeuta veio com outro método, após três seções e a certeza de que aquele amor era incurável, pediu que o paciente tentasse uma coisa de cada vez. Que primeiro cortasse suas amarras, se resolvesse com seu interior para então se permitir amar o outro completamente. Pequenas coisas aqui, pequenas coisas ali que o ajudariam a sair daquele personagem, daquela camuflagem.
E ele tentou.
Começou em sua casa, com o computador na mão, escrevendo a seguinte nota em seu blog:
"Eu já vinha pensando no que dizer aqui há muito tempo mas nunca encontrei as palavras certas.
Eu estou abandonando esse blog e todas as ideologias esdrúxulas que eu seguia. Este vai ser o único post que vai permanecer, todos os outros já foram apagados.
Passar bem."
Dizer adeus, um adeus definitivo não foi um problema para Frank. Ele não tinha nenhum tipo de ligação emocional com aquele blog. Não era como se tivesse investido todo o seu ser para escrever os textos. Diferente de Gerard, ele não havia falado com pessoas, se inserido em diversos espaços para entender a realidade de cada indivíduo e suas necessidades. Ele não precisou. Cada palavra naquele blog, cada frase, vinha de uma ignorância sem tamanho, uma ignorância que fazia seu estômago revirar agora, tudo vinha de sua antiga mentalidade. De textos pró-arma á pró-vida. Recheados de sentimentalismo e exageros. Ele enxergava agora e não conseguia mais concordar com seu 'eu' de meses atrás. Perceber a influência de seu tio sobre si o fez começar a questionar muitas coisas. Ele sentiu o Frank adolescente de volta, o garoto rebelde porém bom, livre de pensamentos estúpidos, ainda coberto de traumas, mas medicado. Ele estava lá e apesar da maré de escuridão, Frank estava feliz por finalmente estar se livrando daquela maldição.
O bombardeio online não tardou a chegar, no entanto. Os contatos ( erroneamente classificados como amigos anteriormente ) bloquearam o número de Frank. Não demorou muito para o número de seguidores baixar também, duzentos e quatro pessoas restaram no Twitter. Provavelmente os que estavam debaixo de uma caverna. Ray havia bloqueado seu user, assim como todos os outros caras no meio extremista. Não precisava de muito para ser considerado oposição, ele percebeu, bastava dizer a verdade.
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Loaded Gun † Frerard
RomansaGerard é esquerdista pró-lgbt e Frank direitista pró-armas. Durante uma reunião pública do senado que discutia a legalização do aborto, os dois quase saem no tapa. A ideia é da @AUFrerard no Twitter.