Vinte e sete era um número estranho. Significava tantas coisas. Uma transição para um outro estágio da vida, amadurecimento e até mesmo morte física. Ter vinte e sete assemelhava-se um tanto a ter dezessete. A sensação de estar concluindo algo e passando para uma próxima etapa. Gerard almejou por essa idade. Para ele, sobreviver aos primeiros vinte e sete em um mundo tão violento significava que seria bravo o suficiente para repetir aquele número. Vinte e sete significava também que ele definitivamente não era mais um jovem adulto, mas também não estava na meia-idade. Vinte e sete era algo ali no meio, alguma coisa estranha entre todos aqueles números. Nada mudava aos olhares de pessoas não atentas, mas para Gerard, que estava sentindo a idade naquele momento, tudo soava diferente. Ter vinte e sete, para ele, naquele instante, significou agir com impulso. Fazer antes de se arrepender. Sem medo, sem gaguejar, apenas fazer.Ele havia demorado alguns dias para aceitar os conselhos de Lindsey e fazer alguma coisa a respeito da sua situação toda com Iero. Sabendo que se não fizesse nada, nada ia mudar, e ele definitivamente não queria isso. Podia ter em sua mente que Frank não o queria, mas ainda desejava não carregar mágoa dele para toda a eternidade pois o que ele havia experimentado e sentido com o vizinho... aquilo não deveria ser jogado fora. Eles tiveram uma história, mesmo que curta, e Way gostaria que aquilo fosse preservado como algo bom em suas vidas, não como uma má memória que deveria ser apagada. E portanto, com algumas poucas batidas ele aceitou um conselho e levantou os dedos do meio para a hesitação. Não podia e não queria mais fugir. Naquele dia, ele estava fazendo vinte e sete anos e não tinha mais idade para picuinhas juvenis. Não tinha mais idade para ficar sofrendo, esperando que o moreno tatuado e gostoso fosse até ele, como em um romance de colegial. Se ele não agisse, nada ia acontecer, e quando se desse conta, já teriam se passado cinco anos, dez anos, vinte anos, Iero já teria ido embora e ele se arrependeria pelo resto de sua vida.
"Gerard?" Foi a primeira coisa que ele disse ao abrir a porta, o cenho franzido, os olhos esbugalhados e uma expressão desconcertante expressa em sua face marcante. "O-o que está fazendo aqui?"
Gerard havia sentido falta daquela voz. E apesar do repentino nervosismo, não deixou que as palavras fugissem de si ou fossem atropeladas pelo caminho. Ele respirou fundo, engoliu a saliva e começou:
"A gente precisa conversar, de verdade desta vez, sem estresse, ou pressão." Explicou, olhando firmemente nos olhos cansados de Iero, notando que bolsas escuras os enfeitavam. Perguntou-se o que havia causado aquilo. "Precisamos enlaçar isso de uma vez por todas, entende? De uma forma mais humanizada com os nossos sentimentos. E sinceramente, não sei se meu aniversário foi uma boa escolha para fazer isso, mas que se dane, eu não conseguiria esperar mais tempo."
Frank demorou alguns segundos para reagir, mas acabou assentindo, envergonhado, e Gerard suspirou aliviado, ao se dar conta de que Iero, apesar de aparentemente tenso, não apresentava sinais de fúria.
"Feliz aniversário."
Gerard sorriu, em agradecimento.
"E... hm, eu estive pensando em falar com você também, que bom que veio primeiro."
Os olhos de Gerard brilharam com aquela afirmação. Aquilo significava que ele também estivera pensando sobre a situação dos dois, significava que ele estava apto a conversar e dar um fim digno á história deles. Um fim que resignificasse aquela dor toda que haviam sentido nos últimos meses.
"Você esteve?" Indagou, sorrindo minimamente.
Frank sorriu de volta, corando logo em seguida.
"Eu estive, Gerard, muito." Afirmou, dando alguns passos para trás. "Entra, por favor." Pediu. Way prontamente obedeceu, apertando os lábios ao sentir a porta se fechando atrás de si.
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Loaded Gun † Frerard
RomanceGerard é esquerdista pró-lgbt e Frank direitista pró-armas. Durante uma reunião pública do senado que discutia a legalização do aborto, os dois quase saem no tapa. A ideia é da @AUFrerard no Twitter.