"Mikey, preciso de ajuda." Suas mãos tremiam, seu estômago revirava e o seu coração fervia de medo. "Acho que matei um homem."A última frase saiu chorosa, pois estava terrivelmente assustado.
"O que!?" Mikey gritou do outro lado da linha, o outro apertou os olhos. "O que quer dizer com isso?"
"Foi tudo tão rápido, tão rápido..." Olhou para o teto e chorou intensamente. "E-ele caiu, foi sem querer."
"Como assim caiu? Quem caiu? Caiu de onde? Você já checou o corpo?"
"N-não." Gaguejou, puxando os cabelos com força."Mikey, e-eu...vem pra cá agora!"
E desligou o celular, largando-o em algum ponto do chão de linóleo.
Mordeu os lábios e levou os cabelos molhados de suor para trás, o que faria agora? Queimaria o corpo e o jogaria em um mato qualquer? Canibalizaria sua carne? Sumiria com o corpo dentro do prédio?
E se alguém entrasse e o visse lá embaixo? Será que estava inteiro? Será que sua cabeça tinha explodido em pedacinhos no chão como uma melancia?
De repente imagens de sua infância vieram a cabeça, um quarto escuro e uma janela que lhe dava a sensação de falsa liberdade, o chão frio, as paredes claustrofóbicas e o ar denso.
Era para um lugar assim que voltaria, caso o pior tivesse acontecido.
Não tinha coragem de olhar, sentia que se permanecesse ali tudo ficaria bem por enquanto.
Balançou a cabeça e suspirou.
Não tinha nada que pudesse ser feito além de esperar por seu irmãozinho.
∆
Após um tempo, talvez doze minutos, pode ouvir passos apressados.
"Gerard?"
Levantou os olhos e viu as sobrancelhas de Mikey arqueadas em preocupação, desviou o olhar para a parede onde fora jogado minutos atrás, uma pequena mancha de sangue se destacando na tinta branca.
"Gerard, me conte o que aconteceu."
"Você o viu?"
Sua voz soou esganiçada, sentia-se condenado.
"Vi, eu chamei a ambulância, ele não está morto, mas está resmungando lá embaixo, confuso, disse que vai te matar."
Apertou as mãos com força e as levou para o rosto, uma culpa avassaladora dissipou-se de seu coração e assentiu, emocionado.
"Graças a Deus." Disse com a voz embargada. "A cabeça dele, como está? Ele está bem mesmo? Esta muito machucado? Sangrando? Oh Deus ele está sozinho?"
"Gerard!" O Way mais novo agachou-se e agarrou os ombros do irmão, balançando-o um pouco. "Alicia está com ele, não sei o quanto está machucado e não me interessa agora, o que quero saber é: o que aconteceu?"
"E-ele tropeçou em mim na escada, começamos a discutir e ele partiu para agressão, eu só me defendi." Disse sincero. "A cabeça dele está bem mesmo?"
Mikey franziu o cenho e afagou o ombro do irmão.
"Três lances de escada Gee, no máximo quebrou as pernas." Gerard fez uma cara de sofrimento com aquela informação e o outro revirou os olhos. "Ele não deve ficar paralisado, se está pensando nisso."
"Disse Mikey Way, o médico." O mais velho ironizou. "Está falando tudo isso só para que eu não surte."
O outro apertou os dedos com força, provocando ecos de estalo pelo ambiente.
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Loaded Gun † Frerard
RomansGerard é esquerdista pró-lgbt e Frank direitista pró-armas. Durante uma reunião pública do senado que discutia a legalização do aborto, os dois quase saem no tapa. A ideia é da @AUFrerard no Twitter.