Capítulo Dez

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As oito semanas que se seguiram foram um completo inferno para Gerard. Este teve que desligar as notificações de todas as redes sociais e deixá-las de lado na maior parte do tempo.

Ele não era tão famoso quanto o vizinho o fez parecer ser mas agora definitivamente era, quer dizer, relativamente. E não de um jeito bom.

Sabia bem como essas coisas funcionavam. Uma semana e meia seria dedicada a threads, cancelamentos e over party's e então tudo ia ficar nebuloso. Após mais uma semana ele re-apareceria tentando soar casual e seria massacrado por milhares de pessoas. Achei que já tinham cancelado o viado escroto. Sem chance de rendição. Seria a voz do twitter contra a dele. Uma derrota covarde.

Então não disse nada. Não tinha o que dizer. Nada ia soar correto. Tudo seria distorcido e mal interpretado.

Lyn passou três dias em sua casa. Depois Mikey apareceu duas vezes para uma conversa mano a mano sobre 'tudo ficar bem' e Alicia mandou uma mensagem ' Eu vou matar aquele desgraçado'. Mas ela não o fez realmente.

E então a intimação chegou já com uma reunião marcada. Way agradeceu mentalmente por não ser em um tribunal mas sim em uma sala fechada. Não ia aguentar a pressão.

Ele não viu Frank desde aquele dia que o trouxe do hospital, mas pode ouvi-lo passar ao lado de seu apartamento aos gritos no telefone com a ex, provavelmente tentando reatar ou algo assim. Se Jamia fosse Inteligente, pediria uma ordem de restrição.

Ainda estava com muita raiva, por todas as mentiras proferidas por Iero. Muita mesmo. As vezes se pegava rangendo os dentes quando a imagem do menor cruzava sua mente. Era inevitável. O hate que estava sofrendo online intensificava tudo.

Toda aquela vontade covarde que o Way sentiu outrora, de enganar Frank e quebrar seu coração voltara com tudo. No entanto, jamais teria a chance.

Mikey providenciou um advogado. Ou melhor, uma advogada. Hayley Williams era seu nome. Loira e baixinha, mas simpática. Era cerca de cinco ou seis anos mais velha que Gerard e parecia entender do assunto que tratavam. Ela prometeu ajuda-lo.

Após duas semanas reservadas especialmente para análise do caso ela ligou, dizendo que não tinha como fugir do processo de lesão corporal, afinal, ele de fato havia machucado Iero. E mesmo que fosse provado que houve uma agressão posterior, vinda do menor, teria que pagar indenização por quebrar as pernas dele e Iero pagaria outra por arremessa-lo na parede. Gerard ficou estupefato em descobrir que a justiça agia com pressa, sem paciência com pequenos casos. Era isso ou aquilo ou nada.

Por isso teve que fazer um exame, para provar que teve a cabeça rachada ( agora curada com o tempo ).
. Teve o resultado que precisava, o positivo para confirmar que não fora o único a participar da briga.

Ele o entregou para a advogada no dia seguinte. Esta o informou que isso poderia ajudar mas que não era certeza.

"Nada é certo em um caso como esses" Disse ela, balançando a caneta nos dedos rosados. "Bem, sabemos que o Sr. não o perseguiu, mora naquele apartamento a quatro anos. Antes disso morou em Utah, com um homem chamado Bert Mccracken e antes em um orfanato, certo?" Assentiu, ela continuou. "Não tem ficha criminal, do contrário ao Sr. Iero que tem duas passagens na polícia, uma por pichação ilegal aos quinze anos e outra por furto de carro aos dezessete, o carro do próprio tio, que na época, era o responsável." Gerard pensou sobre isso, surpreso, Iero já foi um pequeno delinquente e não morou com os pais. Talvez fosse órfão como ele. "Então todo aquele discurso sobre 'o mal' que há no Sr. é subjetivo, não há sequer queixas suas na polícia, bem, do contrário ao Sr. Iero que tem desde queixa por atentado ao pudor, sexo em público, quanto por atacar um ativista "comunista" nas palavras dele, hm, Pete Wentz o nome, conhecido por falar bastante sobre a fraude do capitalismo." Ela se consertou na cadeira, olhos atentos ao cliente. "O Sr. não se dá bem com seu novo vizinho, isso é óbvio, já trocaram farpas antes na internet e no senado, acredito que fora também. São completamente o oposto um do outro." Ela comprimiu os lábios e negou algo para si mesma, parecia curiosa. "Eu gostaria de saber, porque, Sr. Way, porque o beijou? Ele entrou com um processo em cima disso também." Gerard deu de ombros, não queria responder. O que diria? Fez porquê quis, porque sentiu vontade de testar o outro. Porque mais uma pessoa beijaria outra? Não diria estas palavras a ela. Eram rudes demais. A advogada entendeu que não teria sua resposta e encostou-se na cadeira, com um suspiro."Bem, o Sr. entende que posso usar de meu conhecimento para diminuir a punição, com certeza chegaremos em um acordo. Mas quem vai sair perdendo em sua maioria é o Sr... vai pagar a indenização pelos estragos, toda a conta do hospital, e um processo moral por assédio. Ele vai pagar uma pequena indenização pela agressão feita ao Sr. e pela difamação."

Loaded Gun † Frerard Onde histórias criam vida. Descubra agora