III
Três anos depois
Nós estamos de frente um para o outro na cama.
Olhos nos olhos, pernas entrelaçadas e uma nuvem de sonolência pairando sobre nós.
Minha cabeça se apoia em seu braço e meus cabelos se espalham pelo lençol.
Seu corpo está tão quente encostado assim no meu.
Eu não sei que horas são. Já devem passar das dez horas da noite. Nós dormimos e acordamos algumas vezes, entre outras coisas, mas fazem mais de dez minutos que não fazemos nenhum som. Apenas olhamos um para o outro, aproveitando o momento em silêncio.
Eu memorizo a velocidade do seu respirar e observo sua barba crescendo aos poucos, deixando a mandíbula escura e áspera.
Minha mão sobe para sentir a textura em seu queixo porque eu não preciso me conter mais, eu posso toca-lo.
Ele fecha as pálpebras por um instante e suspira, antes de me olhar novamente. Sam gosta disso também. Gosta de estar aqui aproveitando o existir um do outro, gosta de me olhar por um longo tempo.
Ele parece interessado no jeito que os meus cílios curvam a cada piscada e na suavidade da pele das minhas costelas. As pontas de seus dedos acariciam essa parte com cuidado, como se ele achasse que sua mão é muito bruta para tocar nessa área delicada.
— Por que "Tai"? — ele sussurra para não perturbar o silêncio reinante.
Eu olho para sua boca enquanto ele fala. Todos os seus movimentos parecem fascinantes diante dos meus olhos.
Ele quer saber porque escolhi "Tai" ao invés de "Tati" para o meu nome artístico.
As pessoas sempre me perguntam isso. Geralmente, eu sou evasiva e digo que é um apelido de infância, não estendo a explicação, porque é uma história que guardo com carinho. Mas, por algum motivo, eu sinto a vontade de dividir isso com ele. Talvez, seja esse sentimento de intimidade que cobre nossos corpos sobre a cama ou a sensação de saciedade que acabou deixando a minha guarda baixa.
— Foi a primeira palavra da minha irmã — sussurro.
A ponta de seus lábios sobe em um sorriso preguiçoso.
Ele parece tão relaxado.
— Sério?
Eu balanço a cabeça. Meus cabelos deslizam no travesseiro e ele estende uma mão para brincar com uma mecha.
— Sim, — pisco, lentamente — Denise demorou a se comunicar quando criança e meus pais se preocuparam. Achando que ela tinha algum problema de aprendizagem. Mas, por volta dos três anos, ela simplesmente gritou esse apelido bem no meu rosto. Eu tinha acabado de nascer.
Seu sorriso cresce.
— Ela já te amava.
Eu dou uma risada baixa.
— Sim, ela tem um jeito louco de amar as pessoas. — Sorrio. — E depois disso, ela passou um mês inteiro falando o meu nome sem parar. Acabou que todos da família se acostumaram com "Tai" e me chamam assim desde então.
— É um bom motivo para ser chamada assim.
Eu concordo com ele com um "uhum" e fecho os olhos.
Me aconchego ainda mais nele, minha mão em seu peito, e Samwel toca sua testa na minha.
— Por que você começou a fumar? — verbalizo o que vem me preocupando.
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Por Trás das Aparências (RETIRADO)
ChickLit***OBRA RETIRADA*** APENAS TRÊS CAPÍTULOS DISPONÍVEIS PARA DEGUSTAÇÃO Nós éramos jovens quando aquilo aconteceu. Ele era mais que um amigo, mas no momento que mais precisei de apoio, ele partiu sem uma palavra. Foi um golpe doloroso, mas eu aprend...