Por Trás das Aparências (RETIRADO)

|Capítulo 9 | V

V.

O evento está localizado na região costeira, bem na frente da baia de Guanabara. Ainda é dia, mas o Sol vai se despedindo devagar no horizonte e a imagem dele reluzindo laranja na água é de tirar o fôlego.

Samwel e eu passamos pelas entradas dos galpões rústicos onde os desfiles acontecem e eu posso sentir o olhar das pessoas batendo em nós conforme caminhamos pelo lugar de mãos dadas.

Samwel está um pouco à frente e sem camisa (talvez esse seja o motivo dos olhares), e liderando o caminho. Eu tento acompanhar o seu ritmo, aproveitando para sorrir para algumas pessoas que acenam para nós.

Eu gosto desse contato com os fãs. Pena que agora nós somos fugitivos da equipe do PTA e temos que sair apressados, ou eu estaria falando com alguns deles.

Na metade do caminho para fora, sinto meu celular vibrando no bolso e eu o alcanço antes de ver um alerta de nova mensagem.

"Eu estou na entrada esperando por vocês", enviou Flavio.

Mas já?

Não fazem nem dez minutos que eu pedi para ele nos encontrar com meu carro e ele já o pegou no estacionamento?

Flavio sendo Flavio.

Frio e eficiente.

Nós nos aproximamos da parte da frente do evento e Samwel me puxa para perto porque podemos ver uma pequena aglomeração de pessoas na área exterior. Algumas são apenas curiosos e outras são da mídia, mas todas estão aqui por causa da moda.

Devagar, passamos pelos grandes seguranças e saímos do local, direto para a rua. Havia um tapete vermelho aqui a poucas horas para a chegada das celebridades. Eu sei disso porque a equipe do programa me fez passar por ele para ser vista e fazer propaganda de graça para o PTA, mas acho que o tiraram porque agora eu apenas vejo a calçada.

Uma buzina de carro soa perto e eu olho para a rua, avistando Flavio dentro do meu Range Rover. Ele espera por nós com o pisca-alerta ligado e com a expressão séria de sempre. Samwel o avista também. Ele nos leva em direção ao meu assistente com as costas rígidas como vigas. Ele não está confortável e eu amo notar essas pequenas coisas nele.

Quase chegando ao carro, alguém agarra a barra da minha camisa e a puxa levemente. Eu pisco com a invasão do meu espaço pessoal e olho para trás.

Uma garotinha, que deve ter entre cinco e seis anos, olha para mim com os olhos arregalados e depois solta a minha roupa rapidamente como se o tecido pegasse fogo.

Seu olhar está fixo no meu rosto. Parece que ela não pode acreditar no que vê.

Ao nota-la, meus pés param e a mão de Sam se desprende da minha com um deslize.

Então, ela diz:

— Tai, eu posso tirar uma foto com você? — ofega a pergunta.

Há uma tiara trançada cor de rosa prendendo seus cabelos escuros e ela parece muito com uma que eu usei em um dos meus vídeos.

Que. Coisa. Fofa.

— Olá bonita. Qual é o seu nome?

Ela chia uma respiração quando escuta a minha voz.

— Ga-Gabriela.

Eu sorrio para a criança e me agacho para ficar na altura de seu rosto.

— Oi Gabi. Você está sozinha aqui?

Seus olhos se dividem entre mim e o chão, porque, além de fofa, ela também é tímida.

Deus me segure ou eu vou apertar essas bochechas.