|Capítulo 9 | VII

1.2K 245 94
                                    

VII.

Acho que eu acabei de tomar o banho mais necessitado da minha vida.

A água saiu colorida do meu corpo para o chão do chuveiro e meus cabelos desgrudaram uns dos outros sem mais parecer dreadlocks mal feitos.

Eu me seco e visto rapidamente o vestido preto que Sarah me emprestou, me olhando no espelho durante o processo. Meu rosto, agora sem maquiagem, reflete pálido na luz suave e parece até um pouco infantil sem algo para realçar meus olhos. Meus cabelos molhados me fazem ter uma aparência ainda mais inocente, mas a roupa escolhida pela amiga de Samwel desfaz um pouco isso.

O vestido preto é feito com um tecido fino e com um forro de seda roxo que tem bolsos escondidos, perfeitos para guardar o meu celular. Suas mangas são curtas e ele se cola no meu corpo até a cintura, mas uma linda saia rodada dá um acabamento jovial a peça. Ele alcança até o meio de minhas coxas e me faz lembrar que eu preciso vestir a calcinha.

Rapidamente, acabo de me vestir e saio do banheiro.

Assim como quando entrei, eu encontro os três, porém, agora, eles estão sentados.

— A minha avó jogou a panela nele. Literalmente — ouço Sarah dizer e, ela e Sam começam a rir com divertimento.

Eu olho para os dois e depois para Thomas que está sentado em sua cadeira de chefe atrás da mesa.

Thomas olha para Sarah de uma maneira suave. Talvez, o olhar seja até doce, o que é um pouco estranho para um homem do tipo dele. Ele não é um cara que aparenta ser do tipo suave. Ele parece ser brutal, afiado como uma navalha. Isso é o que aparenta quando você olha para ele pela primeira vez. Ele parece pronto para um confronto, mas esse brilho caloroso em seus olhos, esse vislumbre de carinho quando ele olha para ela é um pouco desconexo. Um lobo selvagem apaixonado.

Tão estranho, mas tão... Tão... Bonito.

Aquece um pouco o coração de quem está em volta.

E sabe o que esse olhar nos passa? Que ela é o mundo dele de todas as formas que o amor permite. E, talvez, nas formas que o amor não permite também.

Desvio o olhar, porque isso me deixa tímida por algum motivo.

— Vocês não podem imaginar. Todo aquele feijão voou pelo ar até a cabeça do pobre homem. Foi épico — ela termina e ri mais um pouco.

Samwel gargalha feliz e fecha os olhos por um instante, mas ele deve perceber a minha presença, porque logo abre os dois na minha direção.

Ele pisca e sorri quando me vê.

— Você foi rápida — diz com suavidade.

Sarah e Thomas trazem suas atenções para mim.

Eu me aproximo calmamente do grupo e paro ao lado de Sam.

— Não tinha tanta gosma sobre mim. Mas você... Você vai precisar de um tempo para tirar tudo isso — aponto.

Sua mão pega a minha e a aperta.

— Eu posso precisar de ajuda, então — ele pisca para mim e minhas bochechas esquentam porque nós temos uma plateia.

— Jesus Cristo — murmuro baixinho.

— Eca. Essa é a nossa deixa. Vamos deixá-los sozinhos, marido — Sarah brinca e se levanta.

Thomas funga e eu interpreto como sendo uma risada. Ele guarda alguns papéis em uma gaveta e levanta com elegância, alcançando sua esposa depois de alguns passos calmos.

Por Trás das Aparências (RETIRADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora