|Capítulo 7 | V

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PLAYLIST

V.

SAMWEL

Eu não sei como vim parar aqui.

Não faço ideia de como a linha temporal pulou tanto de um instante para o outro.

Em um momento, eu estava no estúdio, filmando a última parte do comercial, e no outro eu estava dentro de um táxi a caminho do seu prédio.

Tudo aconteceu distraidamente, meu cérebro só se perguntava se vir seria sensato.

Eu passei toda a gravação me perguntando se ela realmente estava bem, se ainda estava em choque ou se estava sozinha. Não seria prudente deixá-la sozinha depois de um ataque de pânico como aquele.

Não foi preciso pensar muito para entender o motivo de tudo aquilo. O afogamento na Alemanha mexeu com ela, o que não é de se estranhar. Chegar perto da morte é uma experiência traumatizante para qualquer um. Eu entendo o apelo do medo. Mas pensando bem, esse assunto sempre me intrigou. Ela dizia saber nadar como um peixe, dizia que cresceu brincando em cachoeiras e lagos de sua cidade natal. Por que Tatiana se afogou naquele dia?

O porteiro libera a minha entrada depois que telefona para o apartamento. Eu caminho até o hall, antes de chamar o elevador. Minhas mãos pinicam porque eu me sinto inquieto. Acho que é porque não sei o que estou fazendo ou o que sentir com toda essa merda.

Impaciente, procuro a entrada da escada e logo meus pés estão subindo. Eu trepo nos degraus com firmeza, dois de casa vez, por oito andares até o apartamento dela. Os lances desaparecem rapidamente atrás de mim, enquanto as luzes automáticas estalam com a minha presença.


Então, eu ouço vozes perto do sexto andar.


As palavras vêm abafadas pelas paredes.


— Eu posso pedir para um dos meus irmãos... — um homem diz ao longe.


— Eu estou bem — uma voz feminina sobrepõe.


A voz é suavemente rouca e eu a reconheço de imediato.


É ela.


Tatiana.


A conversa está vindo de dois andares acima.


— Eu realmente preciso ficar com a minha mãe, mas não quero te deixar sozinha com ele.


Eu vou ficar bem, Flavio.


Ouço uma respiração frustrada.


— Me ligue se precisar de qualquer coisa. Eu vou te chamar nas próximas horas.


Eu não entendo a resposta dela, mas seu tom é suave.


Depois disso, silêncio.

Por Trás das Aparências (RETIRADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora