UM| VOLTANDO PARA CASA

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Estou parada na entrada da cidade,tirando os fones de ouvido consigo escutar o ronco da minha 883 que continua ligada, a placa da cidade continua a mesma, fazem cinco anos desde que a vi pela ultima vez pelo retrovisor, voltar para casa me causa um frio na barriga.

Respiro fundo pela ultima vez, coloco meu fone de volta, jogo a primeira e acelero. O complexo fica afastado da cidade, o que me dá tempo de ver com afeto a pequena cidade que cresci, voltar para casa me trás recordações que evitei durante todo esse tempo.
Vejo o portão do complexo se abrir assim que entro na estrada velha, me pouparia trabalho de me apresentar para quem quer que estivesse na garita, um comboio de três motos sai e assim que a primeira me avista muda de faixa e vem na minha direção, quem lidera o comboio acelera e para bruscamente na frente bloqueando minha passagem, paro um pouco a frente dele, e devo dizer que é uma Shadow interessante a que ele pilota, vermelho não é a minha cor favorita, mas esse vermelho sangue de sua moto me chama atenção, ele tira o capacete me encara, não me lembro dele, seus olhos são verdes seu cabelo é comprido na altura dos ombros e levemente cacheado, consigo ver o começo de uma tatuagem no pescoço e algumas outras na mão, deve ser dois ou três anos mais velho que eu, em seus olhos consigo ver o quanto é seguro ficar longe, a única coisa familiar é seu colete  jeans preto com o patch do Sons of the Rebel's Moto Clube acima do peito, consigo ver a tarja de Sargento de armas logo abaixo, mas não vejo a tarja de identificação com o nome, o que me faz rir, quando seu olhar recai sobre meu patch, logo é transformando em confusão. Tiro meu capacete, meu coque solta e meu cabelo rosa recai sobre meu colete, tiro os fones e guardo no bolso da frente do meu colete, debruço sobre o tanque da moto enquanto as outras duas motos param atrás dele.

- O que te traz aqui Rebel's do Sul?

Sorrio.

- Não sou Rebel's do Sul. - me limito a dizer

Mas quando ele abre a boca para falar, é outra voz que chama minha atenção.

- Bella.

Meu olhar recai sobre o garoto que está ao lado direito do diretor de armas, ele está de pé e seu capacete caiu no chão, seus olhos castanhos são os mesmos que o meus, seu cabelo castanho escuro tá bagunçado como eu me lembro, seu patch Rebel's ta novo, seu colete é de couro e seu sorriso é tão debochado que me dá gosto, ele corre até mim e para na minha frente.

- Oi Mattheo. - Sorrio ainda no mesmo lugar. - Como anda as coisas por aqui?

Ele cruza os braços sorrindo.

- Quando voltou?

- Hoje, ou pelo menos é o que estou tentando fazer se o seu diretor de armas sair da minha frente.

- Mamãe vai adorar saber que voltou. Fazem cinco anos.

- É eu sei irmãozinho. - coloco uma mão no pescoço e sinto as cascas da tatuagem de rosa que fiz a alguns dias - Só não sei se a palavra certa é voltei.

Seu olhar se transforma em confusão e tristeza e de compreensão.

- Deixa ela passar Dylan, antes que ela mude de ideia. - Mattheo grita olhando nos meus olhos e então vira e pega seu
capacete e voltando para sua moto.

Então Dylan era esse o nome do primeiro sargento de armas desse moto clube, parece que em cinco anos muitas coisas mudaram por aqui, o olhar dele esta fixo em mim e depois de um suspiro ele coloca de novo o capacete, ele faz um sinal com as mãos que vejo novamente o portão do complexo se abrir, coloco o capacete no braço e acelero minha 883 passando por eles, consigo ver o olhar divertido de Mattheo quando ele volta a ligar a moto e acelera, sinto o vento passando pelo meu cabelo,fecho os olhos e entro dentro do complexo, vejo o portão se fechando atrás de mim, tudo continua igual, flashes da ultima vez que estivesse aqui passam pela minha cabeça, estaciono minha 883 na garagem, coloco o capacete no guidão, desamarro a mochila do banco de trás coloco nas costas e ando até a porta da frente, quando termino de subir os degraus a porta da frente se abre bruscamente, uma mulher, ela esta olhando para trás seus cabelos estão loiros e um pouco abaixo do ombro, sua voz é divertida e eu reconheceria em milhares de anos, seu colete e brasão estão desgastados do tempo, assim que ela vira pra frente seus olhos são transformados em confusão e ela se apoia na porta.

- Bella. -É tudo que ela consegue pronunciar.

- Oi mãe.

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