Eu estava na sala de aula olhando para o relógio em cima do quadro, rezando para a aula passar mais depressa porque já não aguentava mais o calor insuportável em que aquela sala de aula se encontrava.
— Deveria falar com seu pai sobre esses seus sonhos, vai que tem algum significado oculto. - disse Nikki com os dentes prendendo o chiclete enquanto seus dedos puxavam o mesmo, o fazendo esticar - Ele saca dessas paradas.
Eu suspirei sentindo meus cabelos longos, presos em um rabo de cavalo, grudarem nas minhas costas por conta do suor.
— Eu não sei, meu pai realmente acredita nessas coisas. - eu disse - Se ele acreditar que algo de ruim vai acontecer vai me prender no porão.
Ela riu.
— Eu não duvido. - ela disse - É melhor ficar calada porque vai ter uma manifestação a favor do casamento gay e quero que você vá comigo.
Eu suspirei novamente. Nikki é uma verdadeira ativista, já fui arrastada para muitas manifestações por motivos diversos.
— Eu não sei, pode ser perigoso. - eu disse.
Ela revirou os olhos.
— Viver é perigoso. - ela disse - Mas quando eu estou com você as chances de algo excitante acontecer são de 0,0001%. É como se tivesse uma bolha de proteção ao seu redor que impede coisas ruins de acontecerem.
Eu dei de ombros.
— Mesmo assim, sua mãe não quer você em manifestações de novo. - eu disse.
Ela suspirou.
— Qual é! Estou lutando pelo nosso direito de nos casarmos daqui há alguns anos quando notarmos que ninguém mais vai nos suportar. - ela disse.
Eu ri.
— Não fale assim, você ainda pode casar com o Nick. - eu disse.
Ela fez uma careta. Nick é amigo nosso, investigador do jornal da escola e é o que Nikki chama de "gay extreme".
— Todo mundo legal vai. - ela disse - Incluindo eu e o Nicholas.
Eu sorri.
— Ufa, ainda bem que eu não sou legal. - eu disse secando o suor, metafórico e literal, da minha testa com as costas da mão.
Ela revirou os olhos.
— Gabrielle! Por favor....- ela implorou.
Eu encarei os seus olhos azuis e suspirei.
— Tá legal! - eu disse - Vou ver o que posso fazer.
Ela bateu palmas e ia me abraçar mas eu a impedi.
— Suor demais. - eu disse.
Ela riu se afastando. Seus cabelos ruivos quase laranja estavam presos em um coque muito mal feito, mas que parecia mante-la refrescada, e ela usava um croped branco com um arco íris no meio, usava calça jeans clara cintura alta e a barra estava dobrada até quase o meio da canela. Ela era alta e magra, bem magra, e jogava no time de futebol feminino da escola além de ajudar Nick nos artigos para o jornal.
— Você é nojenta, anjinho. - ela disse.
Eu soltei os meus cabelos para amarra-los em um coque. Eles eram escuros, de um castanho que ficavam um pouco avermelhado no sol, e eram ondulados de uma maneira que eu nunca gostei muito pelo fato de ondular em alguns pontos e em outros ele ficar liso, e eram volumosos, muito volumosos, não importa que creme eu use. Meus olhos também são escuros, quase negros, e minha pele é rosada, e no calor eu pareço imortalmente corada. Eu estava usando um short confortável de tecido maleável e uma blusa branca qualquer, tinha vindo já pronta para o treino das líderes de torcida.
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Supertitious
FantasyGabrielle D'Angelo é uma boa aluna do ensino médio, tem uma boa relação com o pai, mesmo que um pouco ausente, e tem amigos incríveis, uma vida normal. Até que tudo parece ficar bem estranho depois de conhecer o menino novo da escola, Brutus Fallen...