Chapter Six

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Assim que eu passei pela fronteira começou a chover. E muito. Eu não entendi como havia tanta chuva se há menos de vinte minutos o céu estava limpo.

Meu celular vibrava no banco do lado, com mensagens frenéticas e eu apertei o volante.

A rua estava deserta, não havia um carro passando, então eu peguei o celular rapidamente.

Nikki: Cadê você?
Nikki: Estamos te esperando na entrada.
Nikki: Responde.
Nikki: Me diz que você não morreu.

Eu revirei os olhos e então ouvi o som do meu desespero, um latido de dor vindo de debaixo do carro. Eu freei bruscamente já em estado de completa instabilidade e desci do carro na chuva, sentindo o vestido leve grudar no meu corpo.

— Oh, meu Deus. - eu disse em lágrimas indo até o cachorro - Me desculpa.

Eu olhei para a perna quebrada dele e agradeci por não ter sido alvo pior.

— Vamos encontrar um veterinário. - eu disse tocando em seu pelo.

Ele parou de chorar e se mexeu hesitante, e então ele se levantou e correu para a floresta.

Eu me levantei completamente confusa e fui andando lentamente até o carro, ainda chocada pelo cachorro.

Eu entrei no carro e voltei a liga-lo. Ou tentei.

Ele não ligava de jeito nenhum.

— Vamos, Harold, não me abandona agora. - eu disse tentando mais uma vez.

Nada.

Eu suspirei e peguei o celular, mas ele estava desligado. A bateria tinha acabado? Mas ele estava carregado quando eu saí. Não estava?

Eu deixei a minha cabeça tombar no volante, sentindo a derrota correr o meu corpo enquanto eu me lamentava por não ter ficado em casa.

Então eu me sobressalto com alguém batendo no vidro.

— Está perdida, milagre? - perguntou Brutus do outro lado do vidro, embaixo da chuva.

— O que faz aqui? - eu perguntei.

Ele riu.

— Acho que eu deveria fazer essa pergunta, afinal esse é o meu lado da fronteira. - ele disse.

Eu suspirei cruzando os braços.

— Eu estava tentando chegar em um lugar que eu provavelmente ia odiar, mas agora eu só quero voltar para casa. - eu disse ainda sem descer o vidro.

Ele deu de ombros.

— Não vai acontecer tão cedo, as ruas foram bloqueadas por conta da tempestade. - ele disse - Não tem como voltar.

Eu o olhei incrédula.

— O quê!? - eu exclamei.

Ele riu.

— Pelo visto você está presa aqui. - ele disse.

Eu deixei a minha cabeça tombar no volante novamente, agora mais pesadamente fazendo com que a buzina soasse.

— Pode vir comigo e se secar, esperar a tempestade passar em um lugar quente. - ele disse.

Eu me voltei para ele.

— O quê? - eu perguntei.

Ele sorriu de lado.

— Não vou oferecer de novo, tenho uma reputação a zelar. - ele disse.

Eu suspirei analisando minhas opções e percebendo o quão escassas elas eram.

— Tudo bem. - eu disse pegando o meu celular e a minha chave - Ligo pro reboque vir te buscar assim que estiver de volta em casa, Harold.

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