Assim que eu passei pela fronteira começou a chover. E muito. Eu não entendi como havia tanta chuva se há menos de vinte minutos o céu estava limpo.
Meu celular vibrava no banco do lado, com mensagens frenéticas e eu apertei o volante.
A rua estava deserta, não havia um carro passando, então eu peguei o celular rapidamente.
Nikki: Cadê você?
Nikki: Estamos te esperando na entrada.
Nikki: Responde.
Nikki: Me diz que você não morreu.Eu revirei os olhos e então ouvi o som do meu desespero, um latido de dor vindo de debaixo do carro. Eu freei bruscamente já em estado de completa instabilidade e desci do carro na chuva, sentindo o vestido leve grudar no meu corpo.
— Oh, meu Deus. - eu disse em lágrimas indo até o cachorro - Me desculpa.
Eu olhei para a perna quebrada dele e agradeci por não ter sido alvo pior.
— Vamos encontrar um veterinário. - eu disse tocando em seu pelo.
Ele parou de chorar e se mexeu hesitante, e então ele se levantou e correu para a floresta.
Eu me levantei completamente confusa e fui andando lentamente até o carro, ainda chocada pelo cachorro.
Eu entrei no carro e voltei a liga-lo. Ou tentei.
Ele não ligava de jeito nenhum.
— Vamos, Harold, não me abandona agora. - eu disse tentando mais uma vez.
Nada.
Eu suspirei e peguei o celular, mas ele estava desligado. A bateria tinha acabado? Mas ele estava carregado quando eu saí. Não estava?
Eu deixei a minha cabeça tombar no volante, sentindo a derrota correr o meu corpo enquanto eu me lamentava por não ter ficado em casa.
Então eu me sobressalto com alguém batendo no vidro.
— Está perdida, milagre? - perguntou Brutus do outro lado do vidro, embaixo da chuva.
— O que faz aqui? - eu perguntei.
Ele riu.
— Acho que eu deveria fazer essa pergunta, afinal esse é o meu lado da fronteira. - ele disse.
Eu suspirei cruzando os braços.
— Eu estava tentando chegar em um lugar que eu provavelmente ia odiar, mas agora eu só quero voltar para casa. - eu disse ainda sem descer o vidro.
Ele deu de ombros.
— Não vai acontecer tão cedo, as ruas foram bloqueadas por conta da tempestade. - ele disse - Não tem como voltar.
Eu o olhei incrédula.
— O quê!? - eu exclamei.
Ele riu.
— Pelo visto você está presa aqui. - ele disse.
Eu deixei a minha cabeça tombar no volante novamente, agora mais pesadamente fazendo com que a buzina soasse.
— Pode vir comigo e se secar, esperar a tempestade passar em um lugar quente. - ele disse.
Eu me voltei para ele.
— O quê? - eu perguntei.
Ele sorriu de lado.
— Não vou oferecer de novo, tenho uma reputação a zelar. - ele disse.
Eu suspirei analisando minhas opções e percebendo o quão escassas elas eram.
— Tudo bem. - eu disse pegando o meu celular e a minha chave - Ligo pro reboque vir te buscar assim que estiver de volta em casa, Harold.
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Supertitious
FantasyGabrielle D'Angelo é uma boa aluna do ensino médio, tem uma boa relação com o pai, mesmo que um pouco ausente, e tem amigos incríveis, uma vida normal. Até que tudo parece ficar bem estranho depois de conhecer o menino novo da escola, Brutus Fallen...