Supertitious

Chapter Eight

Eu acordei com o meu despertador tocando e rolei na cama para desliga-lo.

E então me sentei alarmada. Como eu cheguei em casa!? O que houve ontem a noite?

Eu pensava e pensava mas nada parecia fazer sentido. Eu olhei ao redor do quarto e o meu vestido azul estava na poltrona, que se encontrava novamente virada para a minha cama.

Eu me levantei e olhei pela janela, vendo o meu carro estacionado no quintal. Eu passei a mão pelo meu pijama e pelo meu cabelo que estava trançado.

Não me lembro de ter ido dormir na noite passada. Não me lembro nem de como voltei para casa! Eu saí de casa para ir para o Inferno e então...

Branco. Nada. Horas de memórias simplesmente sumiram da minha mente.

Eu peguei o meu celular e vi que eu havia mandado mensagem para Nikki dizendo que eu não tinha conseguido encontrar o lugar, e que estava voltando para casa.

Não me lembro de ter mandado isso.

Eu desci as escadas confusa, mas algo em minha mente me dizia que Brutus saberia o que aconteceu.

Mas eu não encontrei com Brutus na noite passada, encontrei?

Pensar em Brutus fez o que eu chamo de memória fantasma me corroer. Senti os seus dedos tocando a pele das minhas pernas de maneira lenta e carinhosa, e quase errei o degrau da escada.

Eu estive com Brutus na noite passada, consegui sentir o meu corpo se lembrando de ele segurar o meu pulso, de tocar a minha testa, mas como eu não me lembro!?

Eu entrei na cozinha e notei que estava sem óculos quando tentei ver qual era o meu cereal e qual era o do meu pai. Eu tirei a lente antes de dormir?

Eu bufei e corri escada acima, pegando o meu óculos em cima da minha mesa, me inclinando por cima da poltrona e sentindo o intenso cheiro de fumaça e menta.

Eu coloquei os óculos e respirei fundo aquele aroma antes de voltar a descer.

Eu comi meu cereal enquanto fazia café e minha cabeça ficava dolorida.

Eu peguei o bloco de notas da cozinha e anotei as sensações que tinha e que deveria perguntar sobre a noite passada a Brutus.

Como se ele respondesse alguma pergunta.

Eu suspirei e a cafeteira apitou, anunciando que o café estava pronto. Eu enchi a minha caneca e ouvi a campainha soar.

Eu fui até a porta a abrindo para Gia. Ela tem uma chave, mas prefere não usar quando saber que eu estarei em casa.

— Não a vi chegando ontem, deve ter voltado tarde. - ela disse antes de qualquer coisa.

— Bom dia, Gia. - eu disse - E sim, talvez eu tenha chegado tarde.

Ela olhou para mim com os olhos semicerrados.

— Não deixe que os libertinos dos seus amigos te levem a ruína, Gabrielle. - ela disse.

Eu mexi nos óculos.

— Eu sei, Gia. - eu disse - Está tudo bem.

Ela fez um ruído de desaprovação passando por mim em direção a cozinha.

— Tudo sempre está bem até não estar mais. - ela disse- Tempos obscuros estão a caminho.

Eu ri a seguindo. Íamos entrar em outubro, o mês das bruxas, e Gia pensa que coisas ruins acontecem nesse mês.

— Não seja dramática, Gia. - eu disse - Não precisa se preocupar tanto comigo.

Ela suspirou.

— Só não se meta em confusão. - ela disse.

Eu ri indo para a sala com o meu café e liguei a TV em um canal qualquer. Ouvi a porta da frente se abrir novamente e Nikki se jogou no sofá ao meu lado.

— O que houve com você na noite passada? - ela perguntou passando o braço pelos meus ombros.

Eu suspirei bebericando meu café.

— Eu não tenho certeza, mas acho que choveu. - eu disse.

Ela riu.

— Não choveu ontem a noite, na verdade não chove há um bom tempo. - ela disse.

Eu mexi nos óculos.

— Acho que eu atropelei um cachorro. - eu disse ainda confusa.

Ela olhou em meus olhos.

— Você se drogou? Não parece muito certa do que fez. - ela disse.

Eu suspirei.

— Eu não achei o lugar, atropelei um cachorro e resolvi voltar para casa para chorar. - eu disse tentando não deixá-la alarmada.

Ela riu.

— O meu anjinho é muito sensível. - ela disse- Mas ontem a noite foi irado! Nós encontramos com a Anstice, ela ficou puta, nós discutimos e então nós brigamos.

Ela esticou o pescoço mostrando um grande arranhado.

— Meu Deus. - eu disse alarmada.

Ela riu.

— Eu sei! Legal, não? - ela disse- Nick gravou a briga, esta na internet.

Eu balancei a cabeça.

— Isso é o que acontece quando eu não estou por perto. - eu disse tocando o seu pescoço.

Ela sorriu.

— Eu estou legal! - ela disse - Na verdade estou ótima! Espero pela chance de bater em Anstice há anos!

Eu revirei os olhos.

— Não deveria ter feito isso, mas já que fez espero que ela tenha um olho roxo. - eu disse.

Ela sorriu.

— E ela tem! - ela disse e suspirou - Eu sou demais.

Eu ri.

— Vai passar o dia aqui? - eu perguntei.

Ela respirou fundo.

— Na verdade hoje eu vou ficar de babá, só vim ver se estava viva. - ela disse se levantando.

Eu me levantei também.

— Precisa de ajuda? - eu perguntei.

Ela balançou a cabeça.

— Depois do seu desmaio ontem e agora você está todo confusa, eu acho melhor você descansar. - ela disse e beijou o meu rosto - Te mando mensagem se eu mudar de ideia.

Eu ri.

— Tenho certeza de que vai acontecer. - eu disse.

Ela riu se afastando e saindo. Eu acabei de beber o meu café e desliguei a TV, descidindo ir desenhar um pouco.

Quando entrei no quarto eu notei algo que eu não tinha visto antes. Eu sempre abraçava o meu cobertor, sentindo o cheiro de rosas do amaciante, mas ao lado do cobertor estava um pano verde escuro.

Eu o peguei e vi que era uma camisa, a camisa que Brutus usava na noite em que nos conhecemos. Eu a trouxe até o rosto, inalando o cheiro de menta, sem a fumaça.

O que aconteceu ontem a noite?

Eu me sentei na minha poltrona com a camisa em mãos, pensando no que eu estava perdendo, e como as minhas lembranças poderiam simplesmente sumir da minha mente.

Eu observei as folhas das árvores balançando com a brisa de verão por um tempo e então comecei a desenhar. Não sabia o que estava desenhando até já estar pronto.

Era o Brutus, sem camisa, e com duas grandes cicatrizes cortando suas costas musculosas.