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- Não dá, tenho que descer com o Pedro - Ela diz - Amanhã a tarde eu venho pra ver como você tá e ai a gente conversa, pode ser?
- Tá né - Suspira - Ganho um beijo pelo menos?

Vi ela se abaixar até ele e senti que meu peito ia explodir de raiva, mas então ela segurou o rosto dele e beijou a bochecha, deu um último tchau e então veio até mim.

- Vamo? - Sorri.
- Bora - Digo pegando na mão dela, mas ela esquiva.

Descemos todos juntos e como de costume íamos passando em casa por casa até sobrar os últimos que geralmente era eu e meu irmão ou a Lívia e o Pedro, já que eram lados diferentes. Já na rua, ela estava abraçada comigo e obviamente não ia empurrar ela, mas nós precisávamos conversar.

•••

- Vou levar eles em casa - Falo pro meu irmão quando paramos em frente de casa.
- Não precisa não - Lívia diz - A gente vai de boa.
- Eu quero ir - Digo.
- Faz assim então - Pedro diz - Vão indo, mas lá por baixo enquanto eu levo a Júlia, a gente corta metade da viagem e se encontra na esquina de cima.
- E depois cê vai voltar sozinho? - Ela me olha.
- Isso é o de menos, vamos.

Pedro, Júlia e César foram por um lado e Lívia e eu pro outro. César era vizinho da Júlia, então ela poderia ter ido com ele, mas o Pedro sabia que eu queriam conversar com a Lívia e foi com eles. Peguei na mão dela e ela agarrou meu braço, já que estava um vento gelado.

- Ia pegar um moletom pra você e esqueci - Digo.
- Deixa - Ri - É rapidinho, mas eu vou pegar um do Pedro pra você, pra usar na hora de voltar.
- Ok - Sorri - Cê vai voltar no Mayke pra que amanhã?
- Pra ver como ele está.
- E você já esqueceu tudo que cê passou na mão dele?
- Não, mas... Que foi hein, João? Ficou o dia todo emburrado.
- Só não consigo entender isso, o cara foi um babaca com todo mundo, principalmente com você e cêis tão agindo como se ele fosse um santo.
- Não é isso, ele é nosso amigo, tá mal e precisa da gente... Além do mais, ele pediu desculpas e disse que vai mudar.
- E quantas outras vezes você já não ouviu isso dele? Porque só na minha frente foram umas cem vezes - Paro de andar e fico de frente pra ela - Eu só não quero que você se machuque de novo, cê não faz idéia da raiva que me dá só de lembrar o tanto que cê chorou aquele dia.
- Eu entendi... Agradeço sua preocupação, mas ele é nosso amigo e realmente precisa da gente com ele.
- Você é inacreditável, meu Deus - Ri ironicamente - Pelo amor de Deus, para de ser boa com quem não merece, para de ficar dando chance pra todo mundo, aceitando as coisas caladas... Você é muito mais que isso Lívia.
- Não precisa falar assim comigo - Diz e vejo o queixo dela tremer, indicando que ela ia chorar.
- Ei, não chora - Puxo ela pra um abraço - Eu só quero seu bem, você não vê? Eu não quero te perder... pra ele.
- Cê não vai me perder pra ele e nem pra ninguém, eu gosto de você - Me olha - Mas não fala essas coisas pra mim, ele ainda é meu amigo e isso só vai me deixar chateada com você.
- Eu só fico pensando que, se fosse eu, no lugar dele, você teria essa mesma preocupação? Você iria todos os dias no Hospital, rezaria todos os dias e ia ficar indo na minha casa pra ver como eu tô?
- Eu não acredito que você tá me perguntando isso, na boa mesmo.

Ela vira as costas e sai andando. Fui atrás dela, mas não conversamos mais. Chegamos na esquina e Pedro já estava lá, voltei dali mesmo, sem me despedir dela porque sabia que ela estava nervosa.

[ ... ]

insônia 💭• noventa mcOnde histórias criam vida. Descubra agora