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* Já postei hoje, então volta aí pra ver se não perdeu.

•••

• POINT OF VIEW LÍVIA •

Sabe quando cê perde o chão? Quando nada parece mais fazer sentido? Eu estava assim. Minha mãe estava bem ali, na minha frente, 15 anos depois de ter ido embora com a desculpa de "se encontrar, porque ainda não tava preparada pra ser mãe e precisava de um tempo pra ela". Eu passei a metade da minha vida me culpando por ela ter ido embora, por talvez não ser alguém que estava nos planos dela e agora ela aparece.

- Filha, fala alguma coisa - Ela diz.
- Pai, isso é verdade? - Sinto um nó se formar na minha garganta.
- É filha, ela é sua mãe - Suspira.
- Eu...

Não consegui dizer nada e corri pro meu quarto, só escutei a voz do Noventa dizendo "deixa que eu falo com ela" e os passos me seguindo. Deitei na cama com o rosto no travesseiro e deixar as lágrimas o molharem. Senti a cama afundar ao meu lado e uma mão fazer carinho no meu cabelo.

- Olha pra mim - Pede.
- Minha mãe, João Paulo, a mesma mãe que foi embora anos atrás tá ali na cozinha.
- Olha pra mim, Lívia - Pede firme e eu o encaro - Porque cê tá chorando mesmo?
- Eu... não sei - Digo e no mesmo instante ele dá uma risadinha.
- Para com isso, cê fica tão linda quando tá sorrindo - Usa um dos dedos pra limpar minhas lágrimas - Conversa com ela, vê o que ela tem pra te falar. A culpa não foi sua, quem perdeu a chance de conviver com você foi ela.
- Mas pra que voltar? Eu já tinha aceitado o fato de não ter ela na minha vida, tava tudo bem.
- Eu sei - Me puxa pra deitar no seu peito - Mas ela pode estar arrependida e querendo ou não é sua mãe, você não é obrigada a aceitar ela de volta e dar todo o amor do mundo pra ela, mas escuta ela, vê o que ela tem pra te dizer e aí você decide, a gente na verdade nem sabe o porquê de ela estar aqui, então escuta.
- Eu não sei se quero ela na minha vida.
- E você não tá errada de pensar assim, se não quiser, não tem problema nenhum nisso, mas escuta ela pelo menos - Beija minha testa - E para de chorar, odeio te ver assim.
- Obrigada - Sorrio pra ele - Por estar sempre aqui comigo, quando eu preciso e até quando não preciso - Rimos.
- Vou estar sempre aqui pra você, agora vamos lá que você me chamou aqui pra jantar - Me dá um selinho e nós rimos.

Ele se levantou e estendeu a mão pra mim e quando levantei, o celular dele começou a tocar. Ele encarou a tela por alguns segundos e soltou um suspiro fundo antes de atender.

- Oi... Bem e você? ... Na Lívia, porque? ... Não ... Não ... Sei lá ... Vou dormir aqui ... Porque sim, ué ... Uhum ... Beleza, amanhã a gente se vê ... Tchau - Encerra.
- Quem era? - Pergunto.
- Sofia - Me olha.
- Ué, cêis ainda conversam?
- Não, mas ela disse que tá precisando conversar, tá com uns problemas.
- Ah - É a única coisa que digo.
- Tá com ciúmes? - Ri.
- Não, eu não - Encaro meus pés - Vai lá jantar na casa dela.
- Para com isso, faz mó tempo que fiquei com ela.
- E você era apaixonado nela.
- Era, passado - Ri - Para de maluquice, eu quero você, porra.
- É? - O encaro.
- Sim - Me dá um selinho.

Iniciamos um beijo bem calmo, mas com muita intensidade. Ele juntou bem nossos corpos e desceu com a mão das minhas costas e apertou minha bunda. Afastei um pouco e desci beijando seu pescoço e ele soltou um risinho enquanto subiu uma das mãos por dentro da minha blusa e apertou meu peito, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.

- Melhor a gente voltar - Diz - Mais tarde nós terminamos isso.
- Então tá - Ri - Promete que não vai embora, que vai ficar comigo pra eu falar com ela?
- Prometo - Sorri - Sempre juntos.

[ ... ]

insônia 💭• noventa mcOnde histórias criam vida. Descubra agora