13 - P. 1

2.1K 185 174
                                    


UM MÊS DEPOIS

{ Sexta, 18/05/2018 }

Havia se passado um mês desde a última vez que conversei com o João. Na verdade, fazia muito tempo que não via nenhum dos meus amigos, não só por conta da correria, mas também porque eu sabia que eles só iriam falar do Mayke e tentar me fazer terminar com ele. Mas hoje era sexta-feira e coincidiu de ser aniversário do meu irmão, então ele resolveu que ia fazer um churrasco e chamar os amigos dele, que também eram os meus.

- Você já chamou o Mayke?
- Eu não vou chamar ele, Lívia.
- Pai, o Pedro não quer chamar o Mayke.
- Filha, eu não posso fazer nada, o aniversário é do seu irmão - Meu pai diz e o Pedro ri.
- Eu vou chamar então - Pego meu celular.
- Não vai não - Pedro toma ele da minha mão.
- Chega vocês dois - Meu pai diz sério - Pedro, chama logo, pela sua irmã.
- Mais...
- Pedro, chama!
- Saco - Pega o celular dele e devolve o meu.
- Obrigada paizinho - Sorri.

Os dois saem em direção a sala e eu continuo a preparar as comidas. Logo meu pai vota e vai em direção aos fundos da casa, pra ascender a churrasqueira.

•••

- Tem alguém no portão - Grito pros dois que estão na área do fundo.
- Vai abrir então - Pedro fala.
- Não vou, o aniversário é seu, os convidados são seus, você abre.
- Vai logo, tô ajudando o pai aqui.
- Inferno - Resmungo.

Parei o que estava fazendo e fui em direção ao portão. Destranquei o mesmo e o abri em seguida e lá estavam o Lucas, Cavati, Noventa, João Victor, Dudu, César, Dimas, Yara, Melissa, Júlia e a Gabrielle.

- Oi gente - Sorri.
- Oi sumida - Cavati vem me abraçar - Você tá bem?
- Tô e você?
- Ótimo - Me solta.
- Eai vacilona - Dudu e eu tocamos as mãos.
- Eai - Ri.
- Saudade sua puta safada - Melissa fala me abraçando e em seguidas todas as nossas amigas nos abraçam juntas.
- Que saudade de vocês - Digo.
- Tá nada, se tivesse não tinha sumido, né não? - Yara fala e nós rimos.
- Tá muito corrido.
- Oi filha mais bonita do tio Marcos - João Victor diz me abraçando.
- Oi filho mais bonito da Elessandra - Rimos.
- Tô ouvindo isso aí, caralho - Noventa fala - Eai dois mil.
- Eai nove nove - Sorri pra ele e ficamos nos olhando por alguns segundos.
- Tá bom, tá bom - Dimas fala - Chega disso tudo, vamo entrar que eu tô com fome.

Terminei de cumprimentar a todos e nós entramos. Os meninos foram falar com o meu pai e meu irmão e as meninas ficaram na cozinha conversando comigo enquanto terminava de organizar as coisas.

- O Mayke vem, amiga? - Yara pergunta.
- Nem sei, o Pedro chamou, mas nem falei com ele depois disso.
- E vocês estão bem?
- Estamos - Sorri - Só briguinhas normais de casal.
- Aham, tá - Melissa fala.
- Vai começar? - A encaro.
- Não tá mais aqui quem falou - Ri - Ah, cê nem sabe.
- O que?
- O Cavati...
- Cê vai falar? - Yara a encara.
- Falar o que, porra? - Pergunto.
- O Cavati tá...
- Melissa, ele pediu pra não contar.
- Não pediu não - Ri - Ele só não queria que o Mayke soubesse.
- Saber o que?
- Que o Cavati...
- O que tem eu? - Cavati entra na cozinha nesse momento com o Noventa.
- Nada - Melissa para.
- Vocês são ridículas - Volto a lavar a louça.
- O Lív, seu pai tá pedindo o molho e os limões - Cavati fala.
- Pode pegar aí na geladeira, o molho tá na bacia amarela de tampa branca e os limões na gaveta de legumes.
- Beleza - Vai em direção a geladeira.
- Posso falar com você? - Noventa para ao meu lado na pia.
- Pode - Continuo lavando a louça.
- Desculpa por aquele dia.
- Não tem que pedir desculpa - Olho pra ele - Eu entendo vocês, mas mano, é chato ficar ouvindo vocês falarem essas coisas sobre ele.
- Eu sei, a gente só quer o seu bem, mas eu entendo você e mano, não vou falar mais nada sobre isso, prometo - Sorri.
- Então tudo bem - O encaro.

Mais uma vez nós ficamos nos olhando por um tempo, sem falar nada. Ele tinha um leve sorriso no canto da boca, o que involuntariamente provocou um sorriso em mim também. Meu coração estava acelerado, parecia que todo mundo tinha ficado em silêncio. Era estranho, eu estava sentindo uma puta vontade de beijá-lo, talvez por estarmos tão próximos assim. Mais então aquele "clima" foi cortado, literalmente, porque eu senti algo cortar meu dedo. Desviei o olhar e eu tinha passado a faca nele se querer.

- Merda - Digo.
- O que foi? - Ele pergunta.
- Cortei o dedo - Mostro.
- Putz, deixa isso aí e vai fazer um curativo.
- Não foi nada, depois eu vejo.
- Vai logo Lívia, ficar mexendo com sabão e gordura aí, pode infeccionar.
- É só um corte, relaxa.

Ele fechou a cara e me encarou bem sério, aquele típico olhar das batalhas, não o debochado, mais sim aquele olhar que dá medo em qualquer um, então soltei a esponja e fechei a torneira.

- Vem cá Melissa, termina de lavar essa louça aqui - Fala com ela.
- Lava você - Ela diz.
- Não, eu vou ajudar ela com o curativo.
- É só um corte, o dedo dela não vai cair.
- Deixa que eu ajudo - Cavati se oferece.
- Gente, é só um corte, meu Deus - Ri.
- Mais eu vou te ajudar - Cavati entrega as coisas pro Noventa - Leva lá que a gente já vai.

Todos ficaram se olhando e então Cavati e eu seguimos em direção ao meu quarto. Peguei um band-aid, mais o corte era um pouco maior, então peguei o esparadrapo e sentei na cama. Cavati pegou as coisas da minha mão e começou a fazer o curativo.

- Tá doendo? - Pergunta.
- Não, só ardendo - Ri.
- Sobre o que vocês estavam falando antes de eu entrar na cozinha?
- Não sei - Ri - Elas estavam enrolando pra falar e aí vocês chegaram.
- Acho que já sei o que é - Ri sem graça.
- E o que? - Pergunto.
- É que eu - Chega perto - Lívia, eu gosto de você.
- Eu também Cavati - Sorri.
- Não como amigo... Eu sou afim de você desde quando cê chegou na cidade.
- Para com isso - Ri.
- Eu tô falando sério e mano, eu odeio o fato de você ter ficado com o Mayke ao invés de mim, odeio o jeito como ele te trata, você não merece isso mano, você é perfeita - Passa a mão no meu rosto - Termina com ele e me dá uma chance pra realmente te mostrar como você pode ser feliz de verdade, me deixa cuidar de você e te tratar como você realmente deve ser tratada.
- Cavati, eu ...

Ele chega muito perto, na verdade perto até demais. Já estava sentindo bem a respiração perto da minha e vi ele fechar os olhos.

- O que que tá acontecendo aqui? - Era o Mayke.

insônia 💭• noventa mcOnde histórias criam vida. Descubra agora