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- O que aconteceu aqui? - Marcos se aproxima.
- Não foi nada, pai.

Observamos ela dizer e correr pra dentro da casa em seguida. Todo mundo se aproximou e eu expliquei meio por alto o que tinha acontecido, mais não prolonguei, precisava ir até ela e ver como ela estava. Fui pra dentro da casa, em direção ao quarto, mas quando tentei abrir a porta, estava trancada.

- Abre aqui dois mil - Sem resposta - Por favor, quero ver como cê tá.
- Eu tô bem - Diz com a voz de choro.
- Não tá não, abre aqui pra mim, na moral.
- Não, vai embora João Paulo.
- Não vou.
- Eu não vou abrir a porta.
- Então eu vou ficar aqui - Digo me sentando com as costas na porta.
- Vai ficar aí pra sempre.
- Tá bom ué, aqui do lado de fora tem comida e banheiro - Ri - Aí só tem a cama.
- É só o que eu preciso.
- Vamos ver por quanto tempo.
- Vai embora, sério.
- Não vou, já falei.
- Se eu abrir só pra você me ver, depois cê vai embora?
- Aham.

Ouvi ela dar alguns passos, então me levantei. A chave foi girando bem devagar e vi a maçaneta se mover, então dei um passo pra frente.

- Pronto, tô bem, viu? - Abre a porta rapidamente e tenta fechar.
- Deixa eu ver direito - Coloco o pé pra segurar porta.
- Você já viu, agora vai embora.
- Não vou não - Abro mais a porta.

Ela para de forçar e vira as costas, indo em direção a cama, então deita e coloca o travesseiro no rosto. Passei pra dentro e fechei a porta, então fui até lá e sentei no chão, perto de onde estava o rosto dela, mas fiquei de costas.

- Ele nunca mais vai querer falar comigo.
- E você tinha que dar graças a Deus por isso.
- Eu amo ele João.
- Eu sei, mais você viu como ele falou contigo? Aquilo não se faz com ninguém - Encaro meus pés - Lívia, ele disse que queria te enforcar, te matar e ainda te empurrou longe mano, você acha mesmo que o sentimento de amor é recíproco?
- Não - Diz baixinho - Mais o que eu vou fazer agora?
- Chorar - Digo rindo.
- Que? - Percebi que ela sentou na cama.
- É - Olho pra trás - Chora tudo que tiver pra chorar, reclama, xinga, quebra tudo e quando aliviar tudo, você vai se sentir bem e vai conseguir esquecer ele.
- E se eu não esquecer?
- Lógico que esquece.
- Mais se eu não esquecer? - Me encara com os olhinhos ainda vermelhos e molhados.
- Você vai esquecer, eu tenho certeza disso.
- Aí João - Ela volta a chorar - Que saco mano, eu sou uma idiota.

Me levantei e sentei ao lado dela, então a puxei pra encostar no meu peito e aí ela chorou mais. Pousei uma das mãos sobre a dela e fiz carinho ali, enquanto a outra usava pra abraçar ela.

- Vai ficar tudo bem, pode chorar o tanto que cê quiser, depois a gente vê o que faz.
- Isso não vai passar - Diz em meio ao choro.
- Lógico que vai, vou ficar do seu lado, todos nós vamos - Beijo a cabeça dela - Porque você não tenta dormir um pouquinho?
- Acho que é uma boa.
- Então deita direito, se o galo cantar e você tiver deitada toda torta, vai ficar torta pra sempre.
- Credo nove nove - Ela ri enquanto se ajeita na cama - Cê vai ficar aqui?
- Aham - Me levanto e sento no chão, ao lado da cama.
- Eu nunca vou conseguir te agradecer o suficiente, obrigada nove nove - Diz deitada, me olhando.
- Não tem que agradecer - Sorri - Sou seu amigo, tô sempre com você.
- Obrigada - Diz fechando os olhos.

Estiquei um dos braços e comecei a fazer carinho nela, até que se passaram alguns minutos e eu percebi que ela tinha dormido, então sai sem fazer barulho e fui até a área onde nossos amigos estavam

insônia 💭• noventa mcOnde histórias criam vida. Descubra agora