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{ ALGUMAS SEMANAS DEPOIS }
{ POINT OF VIEW NOVENTA }

Era sexta-feira a noite e nós estávamos na caminho da faculdade da Lívia, para a festa junina que teria lá. Nenhum de nós estávamos "a caráter", porque ninguém quis usar. 

— Ela disse que já tem bastante gente - Yara fala olhando o celular.
— Ela tá em qual barraca? - Melissa pergunta.
— Correio elegante - Responde - Aliás, cêis tudo pode mandar pra mim, viu?
— Eu não tô afim de você pra te mandar - Pedro fala e ela mostra o dedo.
— Como que eu vou mandar pra ela, se ela que tá na barraca? - Pergunto e todos riem.
— E aí, quando cê vai pedir ela em namoro? Faz quase dois meses que cêis tão nessa enrolação - Júlia pergunta.
— Ela não quer nada sério - Digo.
— Quem disse isso?
— Ela, ué - Falo - Quando terminou com o Mayke, ela falou que não queria namorar nem tão cedo.
— Tá, mas já fazem dois meses, eu hein.
— Deixa do jeito que tá, tá bom pra ela e pra mim também, não quero estragar.
— Homens - Yara, Júlia e Mel falam juntas e riem.

Depois de mais alguns minutos nós chegamos e procuramos a barraca onde ela estava, o que não foi difícil já que era uma das primeiras. Um a um fomos cumprimentando ela e assim que me viu, ela sorriu.

— Oi meu amor - Me abraça.
— Oi princesa - Beijo a cabeça dela - Tudo bem?
— Aham e você? - Me olha.
— Bem - Sorri - Como tá as coisas aqui?
— Tirando as cantadas toscas que a galera manda, tá tudo de boa - Ri.
— Nem vou mandar a que eu queria então, cê vai rir.
— E cê ia mandar pra quem? - Me olha.
— Ah, pra uma mina aí - Digo e nós rimos.
— Lívia, tem mais uns - Uma garota que está pro lado de dentro da barraca fala.
— Preciso entregar - Me olham - Vão dar uma volta, comer alguma coisa... Já eu tiro uma pausa pra ficar com vocês.
— Tá bom.

Ela pegou uma cestinha com alguns chocolates, os papéis com as mensagens e saiu pelo meio da galera procurando as pessoas pra entregar. Nós seguimos até onde estavam as barracas de comida e cada um comprou o que queria comer.

— Esse bolo tá ótimo - Minha mãe diz.
— Tá mesmo - Júlia diz - Eu amo essa época do ano.
— Eu também, mas... - Dudu para de falar - É o Mayke ali?
— O próprio - Digo ao ver que ele se aproxima de nós.
— Eai amigos - Diz sorridente.
— Eai Mayke - César diz - Que bom que tá melhor.
— Pois é - Sorri - Graças a Deus, não aguentava mais ficar o dia todo dentro de casa.
— Que bom, né? - Minha mãe diz - Agora tem que tomar mais cuidado.
— Vou tomar, tia - Ri - Em, vocês viram a Lívia?
— É... Ela tá trabalhando em alguma barraca - Melissa diz - Mas não sei em qual não.
— Queria falar com ela.
— Sobre o que? - Pergunto.
— Ah irmão, cêis sabem que eu quero voltar com ela, né? Então tô aqui pra tentar mais uma vez.
— Ela não vai voltar com você - Yara diz - Desiste Mayke, ela não quer mais.
— Cêis sabem se ela tá ficando com alguém?
— Tá, comigo - Digo.
— Toda vez cê faz essa piada irmão, já deu, né? - Diz rindo - Mas sério, será que ela tá com alguém? Já fazem dois meses que a gente terminou.
— Ela tá comigo cara - Digo como se fosse uma coisa óbvia.
— Para Noventa, mano - Diz rindo.
— Mayke, eu tô falando sério.
— Claro que não tá, cê é meu amigo, nada a ver isso, ela não ficaria com você - Diz rindo.
— Pois é, pra você ver - Dou risada.
— Cê é bobo demais - Diz por fim - Vou dar uma volta por aí, depois encontro vocês.

Observamos ele se afastar e Dudu começa a dar risada me olhando, então todos começam a rir também, exceto pelo César que só balança a cabeça em sinal de negação.

— Porque ninguém me leva a sério? - Pergunto.
— Porque será, né? - Yara diz rindo.
— Coitada da Lívia, esse menino é uma cruz na vida dela - Minha mãe fala.
— Né? - Júlia diz - Mas ela é trouxa, fica sendo boazinha com todo mundo, é isso que dá.
— Licença - Uma das garotas que estava na barraca com a Lívia, se aproxima - Qual de vocês é o Noventa?
— Ele - César diz e todos apontam pra mim.
— Aqui, é pra você - Me entrega um bilhetinho - E esse aqui é pro Pedro.
— Hum, legal - Júlia diz ao ver Pedro pegar o bilhete.
— Só tá falando que eu sou lindo - Diz enquanto lê - Quem mandou, moça?
— A gente não pode contar - Diz rindo e sai no meio das pessoas.
— E o seu, filho? - Minha mãe pergunta.

Entreguei o chocolate que vinha junto pra minha mãe e abri o bilhete: "Se você estiver solteiro, me dá uma chance? E se não estiver, termina com ela e fica comigo?". Balancei a cabeça negativamente e guardei o papel no bolso.

— Não fez sentido - Digo rindo - Mas deve ser a Lívia me zoando.
— O que tem eu? - Vejo ela se aproximando de mim.
— Que me mandou isso - Tiro o papel do bolso.
— Mandei nada não - Pega da minha mão pra ler - Caralho em, cê tá desejado.
— Para de graça, eu sei que foi você.
— Não foi não, te juro - Olha nos meus olhos.
— Ué, então quem foi?

[ ... ]

insônia 💭• noventa mcOnde histórias criam vida. Descubra agora