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{ POINT OF VIEW LÍVIA }

Era muito bom estar de volta. Estava feliz por estar com os meus amigos e com a minha família. Não fiquei surpresa ao ver o Noventa com a Sofia, já que ela sempre postava fotos com ele com legendas apaixonantes. Ele merecia ser feliz e eu estava feliz por vê-lo bem.

— Essa chuva não vai passar não? - Pedro pergunta pela décima vez.
— Né? Tô exausta, quero ir pra casa dormir - Digo.
— Você já vai voltar pra Argentina? - Cavati pergunta confuso e nós rimos.
— Vou Cavati, jajá.
— Mas é sério, cê voltou pra ficar, né amiga? - Júlia me pergunta.
— Não, só pra passar o natal e o ano novo com meu pai e vocês - Digo - Vou ficar talvez até o fim de janeiro, mas se meus amigos conseguirem alugar uma casa pra gente em Valle Nevado, aí pode ser que eu volte pra lá bem antes do previsto.
— E onde é isso?
— Chile - Respondo.
— Cêis ouviram o que ela falou? - Centi diz me olhando - "Se meus amigos", que seus amigos o que Lívia, seus amigos somos nós.
— Eles também - Digo rindo - Sério, vocês precisam conhecer eles, são tão incríveis quanto vocês.
— Obrigado pelo elogio, mas não muda o fato de você ter nos trocado - Lucas cruzando os braços.
— Que amizade tóxica a de vocês - Digo e nós rimos.
— Devia ter ido com a sua mãe - Sofia fala pro Noventa.
— Eu falei pra tu ir, mas cê não quis - Ele diz.
— É porque ela tem ciu...
— Cala a boca, Scardini - Noventa diz mostrando o dedo pra ele.
— Porque a gente não joga alguma coisa? Faz tanto tempo que a gente não fica junto assim, sem brigar, na tranquilidade - Júlia sugere.
Faz um ano e meio - Dudu diz e eu ri - Mas é uma boa.
— Só que tem que ser uma coisa tranquila, porque temos muitos casais aqui - CH fala.
— Ué, quem namora, não joga - Cavati diz.
— Aí vai jogar eu, você, Lívia, Scardini, Centi e o Lucas - CH fala.
— E eu não vou jogar sendo a única menina - Falo rindo.
— Eu também não namoro - Júlia diz dando os ombros.
— Vai começar - Pedro revira os olhos.
— Esse negócio de jogo nunca dá certo entre a gente - César diz - Vamo ver um filme.
— Filme é uma boa - Sofia diz.

Nós ajudamos o Dudu com alguns colchões e espalhamos pela sala, igual fazíamos antigamente. Fomos nos espremendo, alguns no sofá e até no tapete e logo começamos a assistir. Deitamos na seguinte ordem: César, Yara, Melissa, Dudu, Cavati, Eu, Centi, Pedro e Júlia. CH estava deitado no sofá menor, Lucas e Scardini no tapete e Noventa e Sofia no sofá maior. Eu não estava muito afim de ver o filme, na real tava bem cansada da viagem, mas mesmo tentando, não consegui dormir.

•••

Já estava em mais da metade do filme e quase todo mundo já tinha dormido, exceto pelo Noventa e CH que estavam conversando baixinho enquanto eu jogava no celular.

— Né não, Lív? - CH diz e eu olho pro sofá onde ele estava.
— O que?
— Só concorda - Ri.
— Ah, então é - Sorri.
— Cê vai pra BH com a gente?
— Fazer o que? - O encaro.
— Ué... Ah, é que vai ter o Nacional no fim de semana e o Nove vai participar, né?
— Verdade, eu vi mesmo - Olho pro Noventa - Parabéns cara.
— Valeu - Diz meio ríspido.
— Mas enfim, não sei se eu vou não CH, na real eu tenho quase certeza que não.
— Devia ir, tem vaga sobrando na van, né Nove?
— Aham - Responde da mesma forma.
— Sei lá, vamos ver, né?
— Na moral - Se levanta - Vou vazar fora, aproveitar que a chuva passou.
— Quero ir também - Respondo - Tô com saudade da minha cama.
— Quer que eu te leve? - Coloca o tênis.
— Não, nada a ver com o seu caminho meu bem, vou esperar o Pedro acordar mesmo.
— Cê que sabe, tem certeza?
— Aham - Me levanto pra abraça-lo - Tava com saudade.
— Eu também - Me aperta - Amanhã se for fazer alguma coisa manda mensagem.
— Eu mando - Sorrio e me sento no sofá onde ele estava antes.
— Falou Nove - Fazem um toque com a mão.
— Até depois irmão, vai com Deus.
— Cêis também.

Observamos CH sair da casa tentando não fazer barulho pra não acordar ninguém. Peguei meu celular e voltei a jogar enquanto ouvia o filme, até que escuto o Noventa dizer algo.

— Que? - Olho pra ele.
Tô falando com você não - Diz sem me olhar.
— Nossa, tá bom então.
— Nossa o que, Lívia? - Me olha.
— Olha o jeito que cê tá me tratando, cara.
— E você esperava o que? Que eu te desse um buquê de flores e te enchesse de beijo?
— Não, um Oi e um pouco de educação, pra mim já tava de bom tamanho... Cê nem olhou na minha cara mano, eu sei que quando eu fui embora a gente não tava bem, mas porra, já faz quase dois anos cara.
— Eu não esqueço as coisas tão fácil assim.
— Percebi - Me levanto - Quando o Pedro acordar, avisa que eu já fui.
— Tá maluca? São duas horas da manhã, não vai embora não.
— Não vou ficar aqui pra ser tratada mal por você - Me levanto e vou em direção a porta.
— Lívia, volta aqui - Se levanta - Senta lá e espera o Pedro acordar.
— Não, eu quero ir pra casa.
— Você não vai embora sozinha, porra - Segura firme no meu pulso, mas sem machucar.
— Me solta, por favor? - Olho nos olhos dele.
— Então vai sentar.
— Não fala comigo como se eu fosse um cachorrinho.
— Meu Deus - Suspira e solta meu braço - Quer ir? Vai então caralho, não seria a primeira vez mesmo.

Não disse mais nada, porque não consegui. Senti um aperto horrível no coração e não demorou até que meus olhos se enchessem de lágrimas. Ele percebeu e então a expressão de raiva que tinha no seu rosto mudou, estava com uma cara do tipo "caralho, desculpa" mas eu nem fiquei pra conversar, abri a porta e sai. Quando passei pelo portão as lágrimas finalmente caíram e eu comecei a andar enquanto chorava. Ele estava certo. Eu fui embora, deixei ele e todo mundo, mas não esperava que ele ainda tivesse tanta mágoa assim de mim. Continuei andando até que escuto alguém me chamar.

— Lívia, espera mano - Olhei pra trás e vi o César correndo e o Noventa parado no portão da casa do Dudu apenas olhando - Onde cê vai maluca?
— Pra casa - Olho pra ele.
— Tá chorando porque? - Me abraça.
— Eu não devia ter voltado - Afundo o rosto no peito dele.
— Tá maluca? Lógico que devia, a gente tava com saudade de você - Diz - Além do mais, se tira um do grupo, não é mais a mesma coisa.
— Eu sei, mas ele tá com tanta raiva de mim.
— Não é raiva, é tristeza, vê pelo lado dele também, cê foi embora e aí agora volta do nada, ele não tava esperando isso e esse tipo de coisa abala a cabeça da gente... Mas por favor, não vai sozinha, eu vou te levar lá.
— Não precisa, é rapidinho - Digo - Quando chegar em casa te aviso.
— Você não vai sozinha, Lívia - Me encara - Fica aqui que eu só vou pegar meu celular pra deixar uma mensagem pra Yara e avisar que fui te levar.

Ele beija minha testa e corre em direção a casa do Dudu. Sentei no meio fio e observei ele falar algo pro Noventa e então entra na casa. Uns dois minutos depois vejo ele sair novamente e observo quando os dois começam a andar na minha direção.

— Bora - César estende a mão pra que eu levantasse.
— Você não precisa ir - Falo com o Noventa.
Não tô indo por você, tô indo pra ele não voltar sozinho.
— Calma, cara - César fala com ele.
— Tô de boa mano.

[ ... ]

insônia 💭• noventa mcOnde histórias criam vida. Descubra agora