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Cheguei na casa do Lucas por volta das 21:00 e já estavam quase todos lá, exceto pela Lívia, Pedro e o César, que iam na missa todo domingo a noite, mas que provavelmente já estariam chegando também.

- Eai seus cornos - Digo me sentando.
- Eu nem namoro, como que sou corna? - Yara pergunta rindo.
- Gente, já perceberam que ninguém aqui namora mais? - Melissa questiona.
- Verdade - Lucas fala - Achei que logo a gente ia no casamento da Lívia e do Mayke, mas pelo jeito não vai ter casamento nesse grupo nem tão cedo.
- Amém meu amigo - Dudu fala.
- Vocês acham que tá muito recente pra eu chegar na Lív de novo? - Cavati pergunta.
- Tá - Respondo.
- Mais é que sei lá, às vezes ela precisa de alguém que...
- Ela não precisa de nada, Cavati.
- Credo João, que bicho te mordeu? - Yara pergunta e todo mundo me olha.
- Nenhum, só acho que a Lív tá bem, não precisa de ninguém enchendo o saco dela agora.
- Gente do céu, credo - Melissa diz rindo - O menino tá atacado hoje.
- Quem tá atacado? - César passa pela porta da cozinha com a Lívia e o Pedro atrás dele.
- Noventa - Dimas fala.
- Ué, porque? - Pedro pergunta.
- É o que queremos descobrir.
- Que saco, não tô atacado não gente, meu Deus.
- Percebi mesmo - Dudu começa a rir.

Observei o César pegar duas cadeiras de área e colocar uma do lado da outra, entre o Cavati e eu. César sentou ao meu lado e consequentemente a Lívia sentou entre ele e o Cavati. Ótimo.
Olhei pra ela, tentando adivinhar o porquê da expressão que estava no rosto, já que ela parecia estar inquieta, mas ela não olhou pra mim. Na verdade pra ninguém, ela não disse nada por muito tempo, apenas encarava o meio da roda e o copo de bebida na mão.

•••

- Tô com fome - É a primeira coisa que diz depois de muito tempo.
- Tem janta aí, esquenta lá pra vocês, deve ta gelada porque comi não era nem oito da noite - Lucas fala.
- Vou mesmo - Levanta - Alguém mais vai querer?
- Eu quero - Levanto em seguida - Vou te ajudar.
- Tá bom - Sorri - Mais alguém?
- Eu quero - César fala.
- Vou esquentar pra você, meu bem.
- E precisa de quantas pessoas pra esquentar comida, afinal? - Dimas pergunta.
- Dois números a mais do que a quantidade de gente que te perguntou alguma coisa - Falo e todo mundo ri.
- Que? - Encara o nada - Se precisa de dois números a mais da quantidade de gente que me perguntou... Vocês são duas pessoas... E ninguém me perguntou nada - Diz o fim bem baixinho.
- Exatamente - Ri - Bora lá, Lív.

Saímos da rodinha e seguimos pra cozinha. Ela passou na minha frente foi colocando comida nos pratos e então colocou o primeiro no microondas e encostou na pia, enquanto encarava o nada.

- Que foi? - Me aproximo dela colocando os braços na pia como se estivesse "prendendo" ela ali.
- Nada - Me olha e sorri.
- Certeza? Tô te achando tão quietinha.
- É que o sermão do Padre da missa de hoje foi bem intenso - Ri - Aliás, quando cê vai comigo na missa, em?
- Qualquer dia desses - Aproximo mais meu rosto do dela.
- Domingo que vem?
- Quem sabe - Digo quase encostando nossas bocas - Quero te beijar.
- Percebi - Diz baixinho - Beij... - Ela é interrompida pelo som do microondas finalizando.
- Saco - Digo quando vejo ela se abaixar e sair por baixo do meu braço.
- Acontece, né? - Ri.
- Acontece o que? - César entra na cozinha - Mó fome, em?
- Eu tô mesmo - Ela diz entregando o prato pra ele e colocando outro em seguida no microondas - Vou no banheiro, quando acabar tira aí o seu e coloca o meu, nove nove.
- Tá bom.

Observei ela sair e então olhei pro Cesar, que me olhava e balançava a cabeça em sinal de negação com um sorriso fraco no rosto.

- Que foi irmão?
- Nada não - Dá uma garfada na comida.
- Aham, tá bom então.
- Sério, não foi nada, eu acho.
- Como assim, cê acha? - Tiro o meu prato do microondas e coloco o dela.
- Você e a Lívia tão mó estranhos hoje, não sei o que é, mais estão.
- Nada a ver, não aconteceu nada.
- Eu sou o melhor amigo dela, com certeza ela vai me falar depois, cê sabe, né?
- Sei - Ri - Mais sei lá, deixa ela falar.
- Então tem coisa pra falar?
- Ah mano, não sei dizer.
- Sei não, em? Isso tá muito estranho.
- Depois cê chama ela de canto e conversa, daí me diz o que deu.

Ficamos em silêncio e logo a comida dela esquentou, ela voltou do banheiro e fomos pro lado de fora de novo. Sentamos cada um no mesmo lugar de ontem e começamos a comer enquanto todo mundo conversava.

- E como foi o piquenique? - Lucas pergunta rindo.
- Pau no cú de vocês - Ela diz - Cêis são muito arrombados mano, meu Deus.
- Ué, não gostou da companhia do Noventa não? - Dimas pergunta.
- Não é isso, eu gostei, mas o combinado era ir todo mundo, né? Meu primeiro piquenique, caralho.
- Eu queria ter ido, mas...
- Cala a boca, Cavati - César diz e nós rimos - Mais foi bom? Vocês se divertiram?
- Bastante - Digo.
- Isso é o que importa.

Ficamos ali conversando por um tempo até que resolvemos entrar pra assistir um filme. Colocamos dois colchões de casal no chão onde ficamos Dudu, Melissa, Pedro, Lívia e eu e o restante dos nossos amigos se dividiram no enorme sofá de canto. Eu estava deitado de lado e ela de barriga pra cima com as mãos sob a barriga. Certo tempo depois, ela abaixou uma das mãos e aproximei a minha e segurei, então ouvi um pequeno riso e quando olhei pro sofá, era o César quem me olhava com a cara estilo "eu sabia".

- Que filme chato - Ela diz baixinho virando de frente pra mim.
- Nem tô prestando atenção - Confesso.
- Bem chatinho, tô achando que vou dormir um pouco - Ri.
- Dorme não - Me ajeito e chego mais perto dela.
- Amanhã eu tenho aula, que saco - Suspira - E por falar nisso, tenho que devolver seu pendrive.
- Relaxa, não tô precisando agora.
- Mais se você não me lembrar, eu não vou te devolver nunca.
- Não ligo, se tiver com você, eu sei que tá bem guardado.
- Vontade de te beijar - Diz bem mais baixinho.
- Pode beijar, ué - Chego ainda mais perto.
- Ah, sei lá - Suspira.
- Cê não quer contar pra eles?
- Não é isso, eu quero, mais sei lá véi.
- Acho que o César sabe.
- Será? - Pergunta e olha pra cima e segundos depois sorri e olha pra mim novamente - Ele sabe.
- O Cavati queria tentar algo com você de novo.
- Por isso que cê tava nervoso quando eu cheguei? - Ri.
- Não, nada a ver - Minto.
- Entendi - Vejo ela estender a mão e fazer a carinho no meu rosto.
- Isso é bom - Fecho os olhos - Eu que vou dormir agora.
- Vai nada, olha pra mim.
- Com prazer - Abro os olhos e vejo ela rir.
- Dá pra vocês pararem de sussuros aí, tá me atrapalhando - Lucas diz.
- Foi mal - Ela fala alto suficiente pra todos ouvirem.
- Povo chato - Digo ainda baixinho.
- Pois é - Ri.
- Vamo ali na cozinha.
- Do nada? - Ri.
- É, vem.

Me levantei e estendi a mão pra ela pra se levantar também.

- Onde cêis vão? - Cavati pergunta.
- Beber água - Ela fala.
- Ué... - Dimas diz.
- Nem começa - Digo.

Lívia entrou na cozinha e eu fui logo atrás. Ela parou na porta que dava acesso a área do fundo e eu cheguei por trás dela e a abracei. Ela então se virou de frente, passou o braço pelo meu pescoço e nós nos beijamos. Havia um pequeno degrau para a área, então eu a ergui do chão, ainda durante o beijo e desci com ela pro nível mais baixo, então rodei o corpo, deixando ela encostada na parede. Estava com as mãos na cintura dela e desci mais até chegar na bunda dela e apertei. Ela passava as unhas pela minha nuca e eu arrepiava cada vez mais. Aos poucos fomos nos afastando por falta de ar. Abri os olhos e sorri pra ela, que fez o mesmo.

- Que que tá rolando aqui?

insônia 💭• noventa mcOnde histórias criam vida. Descubra agora