Sina.
Eu não conseguia acreditar no que os meus olhos estavam vendo. Pisquei diversas vezes para tentar assimilar. Nunca havia sido notada pela banda e agora de repente tudo está ao meu favor. Solto um grito animado sem querer atraindo a atenção da menininha saindo do banheiro enrolada em sua toalha de galinha pintadinha.
— Mamãe, vucê ta bem?
— Estou. É que... — corro até ela e a abraço forte. — Eles curtiram meus tweets.
— Os fivi naites?
— Sim, meu amor.
— Eles gustam de vucê. — ela bate palmas enquanto dá pulinhos.
— Talvez... — finjo estar pensativa. — Agora, vai colocar sua roupa que eu já deixei separada na cama.
Ela vai em direção ao quarto enquanto eu termino de cozinhar. Minutos depois aparece com seu vestidinho azul de bolinhas e me ajuda a colocar a mesa. Enquanto comíamos, contei a ela que hoje iria chegar mais tarde pois tentaria ver a banda. A birra que eu já tinha previsto começou.
— Mamãe, pufavô! Eu me cumporto.
— Não posso te levar, Lele. — mordo o lábio inferior. — Se eu conseguir os ver de perto, gravo um vídeo deles mandando beijo pra você, ok?
— Isso não é justo.
— Acredite, meu amor, eu queria muito te levar mas não vai ser possível.
Meu coração se quebra em mil pedaços ao ver seu rostinho triste. Me aproximo dela e deposito um beijo em sua testa. Olho para o relógio que marca 18:50h. Cutuco Lele e faço um gesto para que acelere em terminar a janta.
Ao sair de casa, o céu nublado denuncia que logo virá uma forte chuva. Pego a sombrinha por precaução. Durante o caminho para a casa da minha mãe, ouço Lele cantarolar uma das músicas do Five Night. Sorrio discretamente com a cena.
Aperto a campainha. Uma, duas, três, quatro, cinco... Nada. Disco o número dela e coloco o aparelho no ouvido. Começo a me desesperar quando repito a ligação várias vezes e só cai na caixa postal. Olho para o relógio, que marca 19h, olho para Lele, que está entretida olhando as formigas andando em fileira no chão, olho para o céu, que está preparando chuva.
Ligo para o meu pai e até para Steven, mas nada de atenderem. Alguma merda aconteceu! Sem alternativa, puxo minha filha para a parada de ônibus na avenida mais próxima. Bufando de raiva nem cumprimento o motorista como costumo fazer. Depois de pagar, me sento com a pequena em meu colo nos primeiros assentos.
— Vucê ta com raiva? — pergunta enquanto brinca com o chaveiro da minha bolsa.
— Estou.
— Com quem eu vô ficar?
— Não sei. Vou dar um jeito.
— O que sirá que acunteceu com a vovó e o vovô?
— Lele, eu realmente não estou para conversa agora.
— Dircupa.
Suspiro e apoio meu queixo em seu ombro. Apesar da posição desconfortável, não quero deixar de fazer isso. Permaneço por um bom tempo assim e acabo lembrando de anos atrás quando ela havia nascido.
Era tudo tão difícil. Eu só tinha dezessete anos quando engravidei. Estava no meu último ano de colégio, prestes a me formar, e meu único pensamento era de que a minha vida ia mudar... De um modo ruim. Mas com o tempo eu percebi que não. Tive o auxílio da minha família e dos meus amigos, principalmente depois de saberem que aquele imbecil me deixou só com a filha dele.
Sobre ele... Desde o ocorrido, evito mencionar o nome do cretino. Lele não sabe quem é. A única informação que tem é que ele está morto. Óbvio que essa parte eu menti. Acontece que era a única forma de me safar de suas perguntas.
Sou despertada dos meus pensamentos quando escuto buzinas de carro. Então percebo que já estamos quase na frente da faculdade. A coloco no chão com cuidado e puxo a cordinha para o motorista parar. Assim que descemos sinto pingos em meu braço.
— Vamos brincar?
— De correr de novo?
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UNEXPECTED LOVE ↯ noart [parte um]
Fanfic(CONCLUÍDA) 》onde sina e sua filha vão ao show de sua banda preferida e durante o meet & greet a criança fica encantada por um dos vocalistas. ele também fica encantado mas não só pela pequena. PLÁGIO É CRIME! adaptação au @strangedramatic