Capítulo 3

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— Tome.

Lena desviou o olhar da janela e aceitou o chá, chá que Kara tinha insistido em preparar. Os anos tinham passado para a garota de aço, mas ela ainda seguia agindo de forma parecida, pelo menos quando se tratava de lhe contar algo importante.

Sentiu o aroma gostoso de hortelã.

Ainda estava processando sobre a morte de Lillian, não chorou. Já tinha derramado tantas lágrimas pela falta de amor de uma mãe adotiva, que nunca a quis, que parecia que seu interior não tinha restado uma gota sequer para Lillian.

— Me acha fria? — Perguntou a Kara, mas sem desviar o olhar da paisagem através do vidro da janela.

— Por não chorar a morte de Lillian?

Assentiu e remexeu a colher de prata no liquido quente.

— Você sente a morte dela, mas do seu jeito. — Kara sentou. — O luto nunca é igual para todo mundo.

Elevou o olhar e encontrou expressão séria e tensa de Kara, ela estava sentada sem o uniforme imponente de antes, era apenas Kara Danvers, a repórter da Catco.

Sua melhor amiga? Isso só o tempo seria capa de dizer.

— Ainda trabalha na Catco?

A pergunta fora de contexto chamou a atenção de Kara e, a expressão da Kryptoniana, quase a fez rir.

— Sim e não. — Ela respondeu fazendo uma careta um pouco incomoda.

Deixou a xícara sobre a mesinha de centro sem deixar de olhar para ela.

— Como seria isso? — Perguntou tentando ler a expressão de Kara.

Kara abaixou o olhar.

— Depois que minha identidade foi revelada, não era a mesma coisa trabalhar lá. Andrea não me demitiu, mas eu podia sentir todos me olhando e falando as minhas costas. — Kara deixou a xícara ao lado da sua. — Eu me demitir, nada importava naquele momento, eu só queria encontrar você e de certa forma ser repórter estava me atrapalhando, mas às vezes escrevo e Andrea publica como anônimo.

Lena mudou a posição no sofá, Andrea tinha permanecido na cidade afinal.

— Você amava ser repórter, Kara. — Disse com evidente choque desviando o pensamento da outra ex melhor amiga.

Kara não disse nada por um momento, apenas a olhou.

— Você me fez ser uma repórter, Lena. — Ela disse. — Encontrei meu caminho porque me mostrou ele.

Gesticulou a cabeça negativamente, estava quase rindo, aquilo era uma bobagem.

— Você já era uma repórter, eu apenas a fiz enxergar isso, mas a vontade já estava aí dentro de você.

Kara negou.

— Não entende, como poderia? Não me conheceu antes, eu era um completo desastre Lena, só funcionava como Supergirl, Kara Danvers era apenas uma assistente atrapalhada e sem rumo. Você me ajudou a me tornar quem eu sou.

Kara novamente lhe direcionou mais crédito do que deveria.

— Você se tornou o que é por si mesma, sabe disso. Não fiz absolutamente nada que você mesma já não soubesse.

Kara a olhou em silêncio por um tempo mais uma vez.

— Por que sempre tem que discutir?

Lena ergueu a sobrancelha.

Time After Time - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora