Capítulo 17 - Um bem querer mais que um não querer

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Na Real – Capítulo 17


Milo chegou em casa naquela sexta feira logo após o expediente cansado e ansioso.

Cansado porque a semana na empresa não foi fácil, bater de frente com seu pai nunca era fácil, e ansioso porque não havia visto Camus durante aquela semana, não por vontade, mas por cautela.

O jovem Kapino achou por bem se afastar de Camus por um tempo, sua mente estava confusa o contato com Camus e seus irmãos bagunçaram a mente de Milo, seus sentimentos em relação ao ruivo estavam diferentes, não podia mais negar por mais que quisesse, Milo sabia que estava apaixonado.

Milo não pensava mais em seu plano de vingança.

Como pensar nisso depois de ter conhecido Hyoga e Isaak e o verdadeiro Camus por trás da máscara de Aquário? Não, o que impediu Milo de ir até a casa de Camus foi seu medo de lidar com a realidade.

A realidade de que estava apaixonado por um ator pornô, que também era garoto de programa, por mais por mais que quisesse esquecer esses detalhes sua mente não deixava. Milo era extremamente ciumento, em todos seus relacionamentos anteriores houve ciúmes, houve termino por ciúmes, isso namorando pessoas normais, "descentes", como assumir esse sentimento?

Milo teria que passar por cima de muita coisa para levar essa história adiante. Seu pai por exemplo, sempre enfrentou o pai para poder se assumir homossexual, mas como o pai lidaria se o Milo de repente aparecesse namorando um garoto de programa?

O que as pessoas diriam?

Como encarar seus amigos, sendo que os mais próximos já haviam visto os filmes de Camus, ou seja já haviam visto Camus em ação, como lidar com isso?

Se afastar de Camus era a decisão certa a tomar, assim Milo não teria problemas com a opinião alheia, mas Milo Kapino nunca se importou com a opinião alheia.

Faria isso agora?

Seria justo não viver esse amor somente por medo da opinião dos outros? Por medo da reação do seu pai, ou seja, lá o de quem for?

- Que inferno! – Soltou Milo puxando seus cabelos para afastar aqueles pensamentos, quando Scorpion ouviu sua voz foi correndo ao seu encontro miando.

- Ah! Você está aí não é seu gato safado preguiçoso. – Milo falou pegando o gato no colo e acariciando sua cabeça.

Milo cumpriu sua rotina, alimentou o gato, trocou sua agua e limpou a caixa de areia, depois foi para o seu quarto tomar um bom banho, logo desceria para preparar alguma coisa para jantar, não que estivesse com fome, ao contrário não sentia fome alguma, o fazia apenas para seguir a rotina.

Milo havia saído do banho e colocado apenas o short do pijama, estava quente e ele preferia ficar sem a camisa, não demorou Scorpion foi até ele em busca de companhia.

Meow

- O que foi? Ainda está com fome? Não? – O gato acariciou sua mão de deitou de barriga para cima em busca de carinho. – Mas que belo gato safado você está saindo! – Comentou Milo sorrindo.

O gato se levantou e ficou dando pequenas cabeçadas em Milo.

- O que foi? Você quer que eu fale com o Camus, não é?

Meow

- Mas você não entende nada da vida dos humanos, tá legal. – Milo dialogava com o gato como se o mesmo fosse lhe responder a qualquer momento.

- O Camus é um garoto de programa, e pior que isso! Ele faz filme pornô! Ele transa por dinheiro e transa por dinheiro na frente das câmeras, com pessoas assistindo, isso é muito pra minha cabeça.

Meow

- Tá eu sei que ele fez essas coisas por causa dos irmãos, eu entendi isso, mas...

Milo olhou em volta como se certificando de que estava realmente só em seu apartamento e revelou ao seu gato.

- Eu estou apaixonado por ele! Na realidade eu acho que eu estou amando aquele filho da puta! Sabe o que eu sinto é tão forte, tão bom, tão..., mas eu não sei o que fazer.

Meow


Scorpion sentou e estreitou os olhos para o seu humano.

- Eu sinto que meu peito vai explodir de tanta saudade, sabe esses dias que eu passei como ele, nada me importou, em nenhum momento me lembrei o que ele fazia essas coisas, eram só nós e os meninos.

O gato deitou a cabeço sobre suas patas observando Milo.

- O que? Você quer que eu fale com ele? Depois de resistir bravamente durante essa semana você quer que eu fale com ele? Tudo bem, eu vou fazer isso, só porque você está insistindo muito.

*.*.*.*

Camus estava em seu quarto, teve um dia tranquilo, levou Hyoga para a escola, levou Isaak para a fisioterapia.

Quando chegaram no final da manhã o almoço já estava pronto, D. Zaíra havia cuidado de tudo, após o almoço ajudou Hyoga com o dever de casa e fez uma revisão das aulas com Isaak.

Camus tentava de todas as maneiras manter sua mente ocupada, sem brechas para pensar em Milo.

Uma semana havia se passado desde o dia da agressão de Saga, desde que se despediu de Milo com um beijo na porta de seu apartamento, e desde então... silêncio.

Milo não havia mais entrado em contato, nem uma mensagem, nem uma ligação, nada.

No primeiro dia Camus achou normal, afinal Milo passou a semana anterior dando assistência a ele no hospital com Isaak, natural que tivesse trabalho acumulado.

Obviamente Camus pensou que receberia alguma ligação ou mensagem durante a noite, mas nada.

No dia seguinte, Camus manteve sua rotina, apesar das dores do corpo levou Hyoga para a escola, passou na casa de Aldebaran para pegar com o amigo algumas pomadas para o ajudar com as marcas roxas, principalmente no rosto, combinou com o amigo que começaria as aulas de defesa pessoal na semana seguinte.

Com a tarde livre Camus passou a pensar em Milo, nos momentos que passaram juntos, nos seus sentimentos para com o loiro. Olhava o celular de dez em dez minutos em busca de alguma notícia de Milo, mas novamente nada.

Saga também havia respeitado seu espaço e não o procurou naqueles dias.

O jovem michê se perguntava se tinha feito a coisa certa ao enganar Saga sobre a "exclusividade" solicitada por Milo. Camus achou que o jovem Kapino ficaria mais próximo e que talvez pudessem viver um romance, ou apenas deixar queimar essa paixão que já ardia em seu peito, mas novamente se enganou.

Obviamente um homem como Milo Kapino jamais se envolveria romanticamente com um ator pornô, com um garoto de programa, não, Milo tinha acesso aos mais belos e ricos homens, podia ter quem quisesse, para que se envolveria com alguém cheio de problemas como Camus?

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