Sophie e Ava

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Sophie e Ava eram amigas de trabalho há algum tempo, a primeira era chefe editora da revista feminina onde trabalhavam. Já a segunda, tinha acabado de conquistar a liderança do setor de marketing da empresa. As duas sempre entravam em conflito durante as reuniões da revista, as opiniões fortes demais sempre iam de encontro uma com a da outra, algumas vezes passava pelo chefe de conselho demitir uma ou a outra; mas era tão mais promissor para o futuro dos negócios deixá-las se confrontando daquela forma... Para alguns dos empregados de cargos mais baixos nem tanto, eles não podiam se dividir e tinham que obedecer de forma geral à Sophie. As vezes rolava nos bastidores umas apostas, quem era do time de quem e quem ganharia a argumentação do dia. Ava era tão firme quanto Sophie em suas decisões, e se tivesse que expor seu modo de pensar ótimo. Não tinha medo, não conseguia se intimidar. Contudo ainda rolava um respeito tão sério quanto o embate das duas, e ninguém sabia bem o motivo.

Provavelmente o profissionalismo das duas que fazia suas carreiras decolarem insanamente perante toda uma cidade grande fosse a resposta. E ainda assim não o era. Sophie era uma mulher bastante sofisticada, tinha um alto nível de conhecimentos gerais e sobre cultura e começara sua carreira de baixo como todos meros mortais. Agora na casa dos 30 e caminhando para os 40, ela ainda sim se sentia jovem e feliz em ver o lado bom da vida de todas as formas. Ava era um pouco mais jovem, mais centrada e séria; e ainda sim conseguiam vê-la sorrindo no ambiente de trabalho. Ela viera de uma educação normal, nada de muito extraordinário e seu nome se concretizara na cidade através do poder de sua família super tradicional, que era discreta e cheia de homens de negócios. Ava era a criativa da família e apesar da seriedade que carregava no olhar, também tinha uma avidez enorme pela vida.

A primeira festa entre membros da empresa que ambas se viram, se surpreenderam completamente, os papéis eram trocados facilmente em eventos sociais. Logo, numa oportunidade fora do ambiente de trabalho, elas decidiram se reunir. Claro que Sophie propôs aquilo como um encontro casual sobre o trabalho, era a única forma talvez de seduzir a atenção da outra. Ela sabia que não tinham nada em comum fora aquilo, e a tensão das reuniões a deixava sempre curiosa. Cogitar emplacar uma má fama para cima da carreira da de Ava era impossível, ninguém era mais profissional que ela ali dentro. Sophie percebia os olharem que sua diretora de Marketing levava ao andar pelos corredores da empresa e durante as reuniões, além de tudo ela chamava a atenção de todos.

Ao se sentarem para jantar num dos hotéis mais aconchegantes da cidade, Ava se surpreendeu em ver a outra já bebendo uma taça de vinho à sua espera. Ela de fato não sabia o que esperar e percebera que a escolha das roupas de Sophie favorecia o seu corpo pela primeira vez, se aquilo era de fato uma reunião de negócios ela estava feliz por ver sua chefe em trajes diferentes. Sophie deu um belo sorriso ao cumprimenta-la, percebeu o olhar intimidado do garçom ao perguntar sobre a bebia de Ava e riu ainda mais quando o mesmo partiu.

- Hotel legal.

- Sim, sim. Conheci através de um ex-namorado. – Sophie deu uma golada no seu vinho.

- E o que houve?

- Não era pra ser...

Deu-se um silêncio notório na mesa por mais alguns instantes enquanto o garçom servia o gin de Ava. E após sua saída, Sophie continuou:

- Adorei suas ideias novas na festa da revista por sinal!

Ava percebeu a alegria por trás daquela fala e se impressionou pela primeira vez estar na mesma sinergia com sua chefe. Aquilo também a fez ficar um pouco tímida, ela sabia que aquilo não era apenas uma reunião de trabalho e obviamente que uma mulher como Sophie não se vestiria daquela forma ou a convidaria para o restaurante de um hotel sem um propósito. Apesar se toda sua expertise, Sophie a intimidava não pela posição de editora chefe da revista e sim por todo o conjunto que vinha com o ser dela. Após Sophie retornar do banheiro, Ava ficou se perguntando se finalmente perguntaria o que ela esperava daquele encontro social fora do contexto de vivência que ambas tinham em comum, mas esperou uns dois goles do seu vinho branco para tomar coragem e perguntar:

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